Guardiãs da Luz - Karlena

A Queda de um Reino

A floresta, agora desfeita de seu véu sombrio, estava em sua essência mais pura. Raios de luz solar filtravam-se pelas copas das árvores, criando manchas douradas que iluminavam o solo úmido e perfumado com o aroma terroso de folhas recém-caídas. Cada canto parecia vibrar com uma energia renovada, um hálito doce e selvagem de vida. Os animais, antes deformados e desfigurados pelas trevas, exibiam-se em toda a sua beleza genuína: cervos de pelagem prateada moviam-se graciosamente entre as árvores, suas patas leves apenas roçando o solo; pássaros de penas brilhantes, como faíscas de cor, voavam em círculos, enquanto centauros majestosos observavam com olhos sábios, e sátiros riam e dançavam sob o brilho suave das árvores.

Karathiel fechou os olhos e respirou fundo, absorvendo o cheiro fresco e vibrante da floresta recém-renascida, sentindo como se cada folha, cada galho e raiz fosse uma extensão do seu próprio corpo. Ao abrir os olhos, sua visão aguçada captava cada detalhe, desde o brilho suave das teias de aranha nas folhas até o movimento quase imperceptível dos insetos que zumbiam ao redor. Quando estendeu uma das mãos, sentiu a textura áspera do tronco de uma árvore antiga, uma presença reconfortante e ancestral. Seu toque parecia acalmar a floresta, como uma mãe embalando uma criança.

Helena e suas amigas, extasiadas, absorviam cada detalhe como se estivessem vivendo um sonho. A princesa, sentindo a energia do lugar vibrar em seus ossos, pousou uma mão delicada sobre uma árvore ao seu lado, fechando os olhos para sentir o calor daquela conexão, enquanto sua mente captava o ritmo lento e poderoso do crescimento da floresta. Ao abrir os olhos, sussurrou, com a voz cheia de admiração e leve incredulidade:

"Nunca vi algo assim... É como se estivéssemos dentro de um conto, mas com vida, som, cheiro... É mais real do que eu jamais imaginei."

As amigas assentiram, silenciosas e maravilhadas, absorvendo a profundidade do momento. Borin, o anão, acostumado a ouvir apenas histórias sombrias sobre o bosque, agora observava tudo com uma nova reverência. Ele inspirou profundamente, absorvendo o cheiro da madeira e do solo úmido, uma fragrância rica e viva que jamais tinha experimentado. Suas palavras saíram baixas, como uma prece:

"Eu ouvi histórias sobre as trevas desse lugar... mas agora... É um milagre estar aqui. Olhou para Karathiel e a agradeceu com um aceno de cabeça, como quem reconhece um dom que jamais poderá retribuir.

Ao lado, o mago observava o ambiente com um olhar de compreensão profunda. Ele captava o murmúrio da magia que emanava das árvores, o pulsar invisível mas palpável de vida e energia que preenchia o bosque. Era uma força ancestral, o tipo de magia que poucos tinham o privilégio de sentir. Em voz baixa, ele comentou sobre Karathiel e Helena:

"Vocês têm o dom de restaurar o que foi perdido... O bosque respira graças a vocês."

Barry e Alexandra, ambos humanos, olhavam ao redor, encantados e surpresos. Embora fossem amigos de Karathiel, jamais tinham testemunhado a grandiosidade dos seres que habitavam o bosque. Ver os centauros e sátiros de perto, sentir o aroma intenso da vegetação, ouvir o som dos pássaros em harmonia com a brisa suave... tudo era ao mesmo tempo familiar e estranho. Alexandra, sentindo o perfume das flores selvagens, comentou:

"Passei minha vida em alto-mar e nos campos de batalha, mas... nunca imaginei algo assim." Seguiu com o olhar um grupo de sátiros que riam e saltavam entre as árvores, seus movimentos leves e cheios de alegria contagiante. Ela sorriu, tocando uma das folhas com a ponta dos dedos, sentindo sua textura macia e viva.

De repente, um imponente centauro surgiu entre as árvores. Sua presença era magnética e solene; ele parecia uma extensão da própria floresta. Seus olhos profundos carregavam a sabedoria dos séculos. Ele se aproximou das guardiãs da luz, abaixando-se em uma reverência respeitosa. Sua voz era grave, profunda como o eco das montanhas: