Mas no fundo… eu sabia. Eu sabia.
A forma como ele me olhava, como se eu fosse o milagre que ele esperou por eras. A forma como ele me protegeu desde o início, como me trata com uma devoção que beira o sagrado. Não é só desejo. É algo mais. Algo maior.
E mesmo que meu coração esteja apavorado com a intensidade desse sentimento, há uma parte de mim silenciosa, serena, ancestral, que simplesmente aceita.
Aceita que sou dele.
Aceita que ele é meu.
Aceita que entre nós, não há volta.
Quando desligo o chuveiro, meu corpo ainda treme. Não só de prazer… mas da sensação profunda de que algo mudou para sempre.
E eu não quero fugir disso.
Saí do banheiro enrolado na toalha, os cabelos ainda úmidos pingando sobre meus ombros enquanto esfregava levemente uma das mãos no peito, tentando dissipar as sensações que ainda latejavam na minha pele. Eu tinha certeza de que jamais voltaria a ser o mesmo depois daquela noite. E justo quando estava começando a mergulhar novamente nas lembranças do toque de Ezra, um pulo súbito em minha cama quase me fez gritar de susto.
— Mas o que você está fazendo? — exclamei, colocando a mão no peito como se pudesse evitar um infarto. — Ficou maluca de vez?
Lyra deu uma risada leve, jogando os cabelos para trás como se tivesse feito a coisa mais normal do mundo.
— Como você é sem graça — respondeu ela, com aquele olhar maroto de quem tinha acabado de aprontar.
— Eu não! Você que tem os parafusos soltos! — rebati, rindo. Mas então, algo me chamou a atenção. — Espera... o que é isso?
Me aproximei devagar, estreitando os olhos. E foi aí que vi as marcas suaves, mas visivelmente recentes, em seu pescoço. Sinais de beijos, mordidas… ou algo mais íntimo. Meus olhos se arregalaram.
— Ahá! Sabia que tinha alguma coisa. Vai abrir o bico agora ou preciso arrancar com tortura? — perguntei, tentando parecer sério, mesmo que por dentro estivesse ansioso por uma boa fofoca que me distraísse da confusão emocional que ainda queimava no meu peito.
Lyra levou a mão ao pescoço, claramente surpresa por eu ter notado tão rápido. Seus olhos se desviaram e ela balbuciou:
— N-nada...
— Lyra, pode abrir o bico! Eu tô precisando de histórias cabeludas, minha cabeça tá a mil depois de... enfim, depois do que aconteceu. Me ajuda a esquecer tudo isso.
Ela hesitou. Por um segundo achei que fosse negar, mas então ela me olhou como quem lembra que somos mais que amigos, somos irmãos de alma.
— Foi… ela — disse baixinho, como se fosse um segredo que o mundo não pudesse ouvir.
Arqueei uma sobrancelha, confuso por um instante, até que a ficha caiu com um estalo interno. “Ela” só podia ser uma pessoa.
— Espera… você quer dizer a ela? Merga? A guarda-costas?
Lyra corou imediatamente. Um rubor delicado tingiu suas bochechas, e sua expressão ficou entre o constrangimento e o encantamento.
— Uau… — murmurei, com um sorriso debochado surgindo nos lábios. — Ela é selvagem, hein? A transa foi tão louca assim?
— Claro que não! — ela respondeu, quase pulando na cama de novo. — A gente só se beijou… de novo.
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✨ A Cura Dourada ✨
Romance✨🌈Vampiro/Magia/LGBTQIA/Hot🔥/RomanceGay🌈✨ Ezra Aiken Vampiro milenar, testemunha silenciosa de impérios que ruíram e luas que se apagaram. Seus olhos viram séculos sangrarem, e seu coração, endurecido pelo tempo, já não pulsava por mais nada...
✨ Capítulo 13 ✨
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