✨ Capítulo 11 ✨

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A dominação lupina. Uma arte proibida, ancestral, que deveria ser usada apenas em tempos de guerra ou proteção. Um vínculo mental temporário, criado para guiar e proteger parceiros já ligados pelo acasalamento. Era um dom sagrado. Mas em suas mãos, virou arma.

Beau puxou a energia do vínculo com brutalidade, como se arrancasse a alma de si mesmo e a projetasse sobre a de Melian. Um fio invisível se estendeu na escuridão, feito garra, feito corrente. Ele invadiu a mente de seu escolhido com violência, sem delicadeza, sem permissão.

Melian sentiu.

Oh, ele sentiu.

Sentiu como se sua cabeça estivesse sendo rasgada por dentro, como se uma presença opressora estivesse empurrando portas que deveriam permanecer trancadas. Beau o puxava, o arrastava, o enlaçava com uma possessividade doentia. A mente de Melian gritava, seu coração disparava como um tambor de guerra, e a dor latejava no fundo de sua alma.

Mas Beau não se importava.
Ele via.
Ele sentia.
O medo.
A angústia.
O repúdio.

E mesmo assim, ele prosseguia. Porque seu único desejo era tomar Melian. Possuí-lo. Marcar-lhe a alma e o corpo como sua presa eterna.

Estava tão perto. Tão perto...

A imagem se formava em sua mente: ele se aproximando, tocando a pele de Melian, mergulhando os dentes em sua nuca delicada, selando o destino que imaginara mil vezes nas noites em que a solidão era seu único consolo. Quase podia sentir o calor da pele, o perfume único, a magia pulsante...

Mas, de súbito, tudo se rompeu.

Como um espelho estilhaçado por um grito. Como uma porta arrancada das dobradiças e jogada ao abismo.

A conexão se quebrou com uma violência que o arremessou de volta à própria mente, deixando um gosto de ferro na boca e um vazio insuportável no peito. Beau cambaleou, uivou com uma dor que não era física, era pior. Era a dor do impossível. Da rejeição final.

Seus olhos arderam. E então, incendiaram.

O vermelho que tomou suas íris não era natural. Era fúria pura, fúria de um ser que perdera tudo, até a si mesmo. Ele rugiu. Um som que fez as árvores silenciarem e os ventos recuarem. A floresta inteira pareceu se encolher diante daquilo.

O preço de sua ação seria alto.

E ele sabia.

Beaulfort caiu de joelhos, arfando, sentindo o peso de sua monstruosidade. Não havia mais para onde correr. A matilha não perdoava quem rompia os pactos. E ele os havia violado todos.

O lobo se foi.

E o homem permaneceu. Nu, sujo, derrotado.

Se ergueu com dificuldade, como quem carrega uma cruz invisível nos ombros. E então caminhou. Passo após passo, sem hesitar, sem fugir, indo de encontro ao seu castigo.

Porque ele sabia: só sobreviveria para tentar novamente, se suportasse o que viria.

Melian seria seu.

Nem que o preço fosse a própria alma.

[...]

Os portões da comunidade se erguiam como os dentes de um monstro adormecido, rígidos e implacáveis contra o cinza da manhã. Ali, à sombra da entrada principal, dois batedores aguardavam. Imóveis como estátuas, com os braços cruzados e o semblante inexpressivo, observavam a aproximação da criatura desfigurada que outrora fora Beaulfort.

✨ A Cura Dourada ✨Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt