"Mesmo que você viva por um dia. Faça alguma coisa. Deixe sua fraqueza de lado".— Giulia, desça IMEDIATAMENTE! — A voz rouca do meu pai ecoa do primeiro andar até o meu quarto no segundo andar.
Sua raiva tem um motivo: sua única filha que novamente se nega sair à procura de um marido.
Lidar com Vicent nem sempre foi fácil, se fosse por ele, eu teria casado aos 18 e bem longe do seu campo de visão.
Pior do que conviver ao seu lado, era morar com outro homem, um que eu não faria questão de colocar uma aliança e muito menos de dizer sim no altar.
Meu pai ainda era controlável, me xingaria um pouco, me deixaria presa em casa — o que para o azar dele, eu adorava, melhor do que ficar na mira dos inúmeros idiotas com quem já esbarrei por aqui.
Nos últimos meses, estava mais difícil seu temperamento, acredito eu que por ser sua única filha e ainda estar aqui sem ter dado nenhuma retribuição do seu "esforço", estava na hora de cobrar.— Eu já disse que não vou — bato a porta do quarto, fechando depois que ele veio e deixou aberta há poucos minutos atrás.
Não era porque eu tinha que ser igual as mulheres daqui, que agiria como elas. Meu pai odiava quando eu não obedecia, era mais fácil educar a minha mãe, ela se ganhava facilmente com sua gentileza forçada ou alguma joia.
Por outro lado, adorava vê-lo com ódio, não seria só eu nessa casa a ter esse sentimento.— Giulia, não me faça te arrastar pelos cabelos — o tom autoritário e agora soando mais alto, não passou despercebido.
Tinha momentos que valiam a pena negar, porque sabia que em algum momento ele desistiria, mas outros nem tanto, principalmente agora.
Meu pai mudou muito, mudou tanto que até o jeito que ele falava não era mais como antes. Não que ele fosse melhor do que hoje, mas era diferente, o convívio com outros homens e seu caráter duvidoso foi o ponto alto da sua mudança.Não demorou muito para minha mãe entrar no quarto, ela sempre vinha tentar me persuadir.
— Filha, não estresse o seu pai, vai piorar as coisas — ela caminha até mim, não fazendo muita questão de ficar do meu lado uma vez se quer.
— Mãe, essas reuniões são... — Passo a mão na testa, massageando. — Aqueles velhos nojentos acham que eu estou desesperada por uma marido e ficam se insinuando, me fuzilam com o olhar, me dá vontade de vomitar. Me sinto suja toda vez que o pai me usa como mercadoria.
Hoje aconteceria uma festa que a esposa do Capo, Alessandra, estava dando para os investidores e toda a famiglia.
Meu pai estava muito animado, era uma boa oportunidade de conhecer mais pessoas poderosas e tentar me jogar para algumas delas.— Se insiste em fazer drama, aguente as consequências depois, sabe que é mais fácil quando não rebate — fala, ajeitando a minha cama que estava bagunçada, já que fiquei maior parte do tempo deitada nela durante a tarde. — Ele nos esquece rapidamente nos eventos, voltaremos para casa mais rápido do que imagina, por isso não faço muita questão de ter essas dores de cabeça com discussões, sei que não ficarei muito tempo nesse ambiente.
Nisso ela tinha razão. Meu pai só precisava da gente inicialmente, mostrar a família, se exibir um pouco, mas depois, só o via em casa.
— Só pare com toda essa sua insistência e faça o que ele te pede — diz por fim.
Não tinha mais o que fazer, conheço o meu pai, ele me arrastaria nem que fosse de camisola para lá.
Estava acostumada a lidar com isso por conta própria, era dois contra um na grande maioria das vezes e sempre perdia.
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LA VITA NELLA MAFIA - Salvazione
Romance* O LIVRO JÁ FOI CONCLUÍDO, MAS ESTOU REPOSTANDO NESSA CONTA* Segundo livro - Salvazione Em meio a tantas mudanças, o destino traça a vida de duas pessoas totalmente opostas, unindo de um modo que esse laço nunca mais será desfeito. Giulia Müller é...