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Ações revelam Atitudes.

Domingo | Rio de Janeiro
Arielly Almeida.

Point of view.

— Cheguei. — Maju abriu a porta do quarto e fechou em seguida. — como que você tá? — ela me abraçou de lado e eu sorri.

— Eu tô bem. — fui sincera. — Senta aí.

Ela me olhou estranhando e foi para o lado da Karine.

— Você tem certeza? A gente é sua amiga, pode confiar. — suspirei.

Confiar, essa palavra soava tão estranho pra mim, eu sabia, com clareza, o quão confiável elas eram, mas depois de tantas coisas, confiar parecia ser algo impossível pra mim agora.

— Eu até que tô lidando bem agora, de verdade. Não me afundei em absolutamente nada, tô limpa já tem uns dias, a mente age melhor. — as duas sorriram. — e eu não posso me auto destruir com tudo que acontece, a morte dele não doeu tanto quanto a forma como a minha mãe e o Renato agiu. E tem o Guilherme também. — cruzei meus braços e a Maju limpou a garganta.

— Tá engasgada? — Karine zoou ela e eu ri.

— Eu tava no Rw. — arregalei meus olhos.

— Por essa eu não esperava, vou até me deitar. — Kah se jogou na cama e eu fiquei confusa.

— Não to entendendo...

— Ary, me desculpa se eu tô me metendo demais na sua vida. Mas eu te amo, e não quero ver você triste, nunca. — ela me olhou seria. — Guilherme me contou tudo que o Henrique fez, ele era uma pessoa ruim, doido pra matar o Rw e o Carlão, sem contar pessoas inocentes que ele ameaçava e matava pra fazer o que ele queria. — engoli em seco, prestando atenção em cada palavra que saia da boca da minha amiga. — ele fez o Pedro e o Vitor entrar nessa vida, entrar nas nossas vidas para saber das coisas daqui e repassar pra ele.

— Um verdadeiro filho da puta. — Karine resmungou.

— O favor que o Rw fez, foi salvar a vida de todo mundo.

— Maju, eu sei disso. Eu percebi o quão ruim o Henrique era no dia que ele morreu. — respirei fundo sentindo a minha cabeça doer. — mas não anula o fato dele ser o meu pai, e que o Rw foi o primeiro a saber pela minha boca que eu tinha voltado contato, o que custava no momento que eu contei ele me deixar claro quem era o homem que eu estava confiando.

— Carlão proibiu ele, junto com a sua mãe. — Karine se sentou na cama e eu olhei pra ela. — Tia Vanessa sabia de tudo, deis do momento em que você pegou contato com seu pai. Matheus me contou ontem.  — passei as mãos no rosto, tentando controlar minha respiração.

— Rw é apenas um funcionário, quem estendeu a mão pra ele foi o Carlão, ele apenas segue ordens e tem sentimento de gratidão. — Maju me olhou e eu encarei ela. — pensa com carinho em tudo, principalmente nele, ainda mais você gostando dele...

— Eu não...

— Você gosta! — ela sorriu de lado e eu senti meu coração pulsar. — e ele também gosta muito de você, eu percebi isso hoje. Tive a certeza! — ela se levantou. — todo mundo merece uma segunda chance.

— Maria Júlia tá completamente certa. — virei o rosto encarando a morena. — conversa com ele, escuta, a vida é curta demais pra você não estar com quem você ama.

— Eu odeio vocês, de verdade. — joguei meu corpo pra trás colocando o travesseiro no rosto. — agora eu tô totalmente confusa e sem saber o que eu quero fazer, é muita coisa e minha mente fica pilhado no mesmo erro, me impedindo de ver as razões. — choraminguei e a Karine tirou o travesseiro do meu rosto colocando a carona grande dela bem em cima da minha.

— Ignora a mente e vai pelo coração. — ela abriu o maior sorriso e eu não me aguentei, cai na risada.

— Sai de cima dela. — Maju puxou o corpo dela rindo. — Bom, prometi pro meu gato que iria dormir com ele hoje. — ela sorriu animada. — tenho que ir em casa pegar uma roupa e descer denovo.

— Ele tá na Tia Carla né? — perguntei e ela concordou.

— Minha sogrinha. — ela piscou e a Karine fez cara de nojo. — é o que, Karine? — ela colocou os braços na cintura.

— Muita melaçao, e a diabetes tá atacada hoje. — ela fez careta e eu prendi o riso.

— E você e o Teco? — me sentei na cama.

— Tamo ficando, moloque enrolado do caralho, não coloca uma aliança no meu dedo. — revirou os olhos e eu sorri. — ja vou indo já, vim só ver como você tava.

— Obrigada meninas, de coração. — me levantei e nós três se abraçamos.

— Tamo junto, parceira. — rimos.

Sai com as duas até lá fora, já estava de noite já, e o clima tava muito quente, amarrei meu cabelo e fiquei um pouquinho ali na frente, tirei meu celular do bolso e pedi um açaí, assim que o pedido foi aceito e pago, continuei lá parada, esperando chegar.

Aproveitei e entrei na minha última conversa com o Renato, tinha sido uma mensagem minha de ontem pedindo socorro, respirei fundo, pensando na minha conversa com as meninas, e me questionando se realmente valeria a pena ouvir ele, ter uma conversa de dois adultos, e entender perfeitamente a situação.

Eu gostava dele, gostava de estar com ele, a presença dele me fazia perder o medo de absolutamente tudo, e perder a noção do tempo. Sai dos meus pensamentos com o barulho da buzina, desci os três degrau e abri o portão recebendo meu açaí.

— Obrigada. — Agradeci e esperei o motoboy sair pra mim entrar dentro de casa.

Assim que eu entrei, fui direto para a cozinha, me sentei na mesa e comecei a comer.

— Ela tem que se acostumar com você aqui... — ouvi a voz da minha mãe e revirei meus olhos automaticamente percebendo que ela não estava sozinha.

Me levantei pronta pra ir para o meu quarto a fim de não esbarrar no casal do ano, mas assim que levantei da cadeira eles dois entraram na cozinha. Carlão tava segurando duas caixas de pizzas e um refrigerante, enquanto a Vanessa parecia uma madame.

— Boa noite, Ary. — fingi que não ouvi e passei pelos dois indo para o quarto.

Ridículos.

×××

Apareci! 🤍

M.

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