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Obrigada, você faz meu corpo se viciar em você e não em droga.

Terça-feira | Rio de Janeiro
Arielly Almeida.

Point of view.

— Ary? — deixei meu celular de lado, e olhei para a porta, vendo a minha mãe escorada no batente de braços cruzados. — posso entrar?

Me sentei na cama. — Claro, mãe. — respondi estranhando e ela se sentou do meu lado. — aconteceu alguma coisa?

— Eu que te pergunto, tô sentindo você distante de mim.

Ah claro. Até porque, você está de caso com o Dono do Vidigal e não me disse nada, proibiu a venda de qualquer cigarro ou droga pra mim, sem contar o Carlão bancando o bom padrasto.

— Impressão sua. — suspirei.

— É o Rw? Ele tá bem próximo de você ultimamente, não acha estranho?

Me questionei mil vezes na minha cabeça se essa mulher sentada na minha cama, na minha frente era a minha mãe ou outra pessoa totalmente diferente.

— Eu acharia estranho por que? — cruzei meus braços. — por ele estar me fazendo companhia? Por ele ter conquistado a minha confiança ao invés de quebra-lá? Ou por ele não me esconder nada? — joguei tudo simplesmente para atingir ela. Ela não gostava dele, e queria me virar contra.

Sua expressão mudou, seu olhar se esvaziou. — Arielly, eu e o Carlos estamos se conhecendo, ele me faz muito bem e eu gostaria que você tivesse um pingo de empatia por mim, pela sua mãe. — era tão fácil se ela tivesse sido clara comigo desde do começo.

— Sua felicidade é a minha, sempre foi. — descruzei os braços. — nunca quis ficar brava com você, mas você me escondeu uma coisa que eu poderia ser a primeira a saber. — senti o peso sair totalmente das minhas costas.

Sempre desejei que a minha mãe encontrasse alguém que á completa-se, que á fizesse feliz e merecesse o amor incondicional dela. Claro, que eu não esperaria uma pessoa como o Carlão, mas infelizmente, não sou eu que escolho certas coisas, mas se ele faz bem, ótimo, só tenho que desejar sorte.

— Vamos se resolver então. — ela passou as mãos no rosto e se virou pra mim. — estou sim, com o Carlos, mas é algo calmo, eu sinto confiança nele e ele me faz bem, eu realmente gosto dele. — concordei. — ele está sendo meu primeiro interesse depois do seu pai.

Meu pai. Eu irei contar, não vou esconder dela. 

— Fico muito feliz por você, mãe. — fui sincera e ela sorriu colocando a mão na minha coxa. — já que estamos esclarecendo as coisas, quero te contar que eu reencontrei o meu pai. — senti sua mão pesar na minha coxa, ela me olhou seria, não teve uma reação de surpresa, era como se ela já soubesse.

— Por que me escondeu isso? — dei de ombros. Eu já tava cansada de conversar. — Quando?

Contei tudo, sem deixar passar nada, e quando terminei, achei que ela fosse me aconselhar com alguma coisa, mas não, ela simplesmente saiu do quarto.

Estranhei? Obviamente. Mas não tinha o que fazer. Deixei ela sair calada sem me responder, peguei meu celular novamente, e me peguei sorrindo pra merda desse celular assim que a notificação da mensagem dele chegou. Mas não era mais do insta, e sim do Whats, uma enorme evolução do querido que nem me seguia.

"Fala tu Ariel, tá fazendo oq?"

"Nada, e você?"

"Indo te buscar pra dar uma volta"

Digitei um monte de ponto de interrogação, e quando enviei nem foi entregue. Sorri sabendo que ele já tava vindo.

Continuei deitada, não movi um músculo do lugar, não ia sair daqui nem pagando, tempo hoje amanheceu gelado, librinando, vou caçar o que na rua? Nada.

Nem me assustei vendo ele entrar pela janela, a marca registrada dele com certeza era essa, saber que poderia facilmente passar pela porta mas fazer questão de entrar por aqui.

— Ei minha gata. — ele me deu um beijo na testa e eu sorri sentindo o cheiro dele, Zaad. Me sentei na cama e abracei ele, fazendo seu corpo cair em cima do meu. — porra Arielly, minhas costas caralho. — revirei os olhos.

— Ce tá cheiroso. — cheirei o pescoço dele fazendo ele rir se afastando. — tá bem?

— Pra cacete. — ele se aproximou denovo, juntando nossas bocas, nem perdi tempo e aproveitei pra beijar aquela boca gostosa. — quer fazer o que? — Empurrei ele fazendo ele se levantar, me levantei e tranquei a porta. — Meu Deus, Arielly, que safadeza. — encarei ele por cima do ombro.

— Se liga, Renato. — caminhei até a penteadeira e abri a gaveta. — Senta nessa banquinho aqui. — pedi de costas pra ele enquanto tirava algumas coisas.

Ele ficou quieto e não sentou, respirei fundo e me virei pra ele que me encarou estranho.

— Tu vai fazer o que comigo? — cruzei os braços.

— Senta. — pedi com calma e ele ergueu uma sobrancelha, igualzinho o meme da mc Mirella, não vi diferença. — por favorzinho. — fiz o maior bico e ele coçou a nuca.

Ele sentou e eu abri o maior sorriso, peguei minha tiara de skin care e coloquei na cabeça dele. — que carai é isso, Arielly? — ele me olhou sério e segurou meus dois pulsos me impedindo de fazer qualquer coisa.

— Olha a agressividade. — dei risada.

— Responde. — ele soltou meu braço e eu revirei os olhos.

— Quero testar uma coisa em você, uma maquiagem que vi no tiktok. — peguei a minha base. — e você vai servir de cobaia.

— Não aceito. — ele foi pra levantar mas eu segurei no ombro dele fazendo ele se sentar novamente. — Arielly.

— Para de ser chato.

Ignorei ele e taquei base na pele perfeita e sem nenhuma ruga ou espinha, comecei a fazer a maquiagem nele achando a maior graça, taquei um delineado maneiro e fiquei orgulhosa de como tinha ficado perfeito. E nesse tempo, o querido não parou a boca um segundo se quer, todas as formas de xingamento ele xingou, reclamou até meus ouvidos doer.

— Quando você estiver velho, vai ter que ser internado. — me afastei pegando meu celular e quando me virei ele já tava em pé se olhando no espelho. — se você fosse travesti eu te pegava, ficou uma gata.

— Me respeita, sua tapada. — ele foi pra coçar o olho e eu bati a mão na mão dele. — agressiva.

— Fecha o olho e senta. — coloquei na câmera do celular e foquei na cara dele. — anda logo, Renato.

— Tá maluca Arielly? Tu acha mermo que vou deixar tu me gravar desse jeito. — apertei no botão e comecei a gravar e tirar foto ao mesmo tempo. — o menina depressiva. — não me aguentei e cai na risada me lembrando da primeira vez que ele me chamou assim, eu fiquei puta da vida, hoje em dia eu nem ligo mais.

— Larga de ser chata, Renata. — cai na risada mais ainda vendo a cara de cu dele. — deixa eu ver como ficou... — quase gritei de felicidade vendo que teve uma foto que ficou perfeita, ele foi pra falar, fez bico e piscou o olho, ele esticou o braço e eu guardei meu celular no bolso sem bloquear.

— Apaga essas coisas. — ele fechou a maior cara, aumentando ainda mais meu sorriso.

Me sentei no colo dele, passando a perna por volta do seu quadril. — Para de ser amargurado com a vida. — deixei um selinho na boca gostosa dele. — você ficou lindo assim. — ele quase me arremessa. — Para cacete. — dei um pescotapa nele.

— Você é uma sem noção. — ele puxou meu cabelo fazendo meu pescoço ir pra trás, e ele começar a beijar.

×××

Mil perdões pela demora.

M.

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