Capítulo 2 - Veneza, 2024 (pt. II)

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Oi, gente, como estão? Vamos a mais um capítulo?

Votem e comentem, por favor.

Boa leitura.

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"E os amigos não me tratam como você trata
Bem, eu sei que há um limite para tudo
Mas meus amigos não vão me amar como você"

(Friends — Ed Sheeran)

O silêncio sepulcral instaurou-se na cozinha da casa de férias dos Dimarco. Emily não conteve o sorrisinho no canto dos lábios vermelhos, divertido, como se a situação fosse uma cena prazeroso de assistir - e viver.

Na outra ponta da ilha de mármore que dividia a cozinha, Luiza encarava Julia com uma expressão que a central não soube identificar o que significava, mas sabia que não era boa. Instintivamente, ela deu um passo para trás, afastando-se de Emily numa distância que julgava segura.

— Luiza, oi. Bom dia. Café? A Emily fez...

O nervosismo de Kudiess era tão evidente que fazia disparar várias palavras num fôlego só. Mesmo que não estivesse fazendo nada de errado, parecia ter sido flagrada num ato condenável e sentiu vergonha diante dos olhos amendoados que a julgavam. A central estendeu a própria xícara de café para a mais nova, mas não obteve qualquer reação positiva.

— Boungiorno, Luiza.- Emily desejou, alfinetando a mineira no seu idioma de origem.

Luiza controlou a enorme vontade de revirar os olhos, pois não seria elegante fazê-lo com quem oferecia um teto para ela enquanto estivesse na Itália. Limitou-se a sorrir sem mostrar os dentes, voltando os olhos para Julia em seguida.

— Pode me ajudar com o ar condicionado no quarto?- perguntou diretamente para a central, ignorando o fato de Julia ser tão visita na residência dos Dimarco quanto ela.— Não consigo mexer naquele trem e a Kisy não quer acordar pra me ajudar.

— Tem um aplicati...- Julia começou a falar, deixando que as palavras desaparecessem gradativamente ao notar os olhos de Luiza estreitarem, ameaçando-a sem precisar de uma só palavra. E Kudiess entendeu de prontidão.— Tudo bem, eu vou.

Quando as duas saíram da cozinha, Emily esboçou uma risada nasalada, entendendo o jogo de Luiza e conscientemente aceitando participar. Entre Bianca, Luiza, Julia e Emily cabiam infinitas possibilidades de desencontros, mas se colidissem - e o universo trabalhava arduamente para que isso acontecesse - a destruição seria implacável.

Os passos de Luiza deixavam um rastro sonoro pelo corredor dos quartos de hóspedes. A raiva de ver Emily tão perto de sua melhor amiga cegou toda a civilidade que tinha, fazendo-a desconsiderar que as outras atletas ainda dormiam atrás das portas no último dia de folga que teriam antes do Mundial de Clube. Julia seguia em silêncio, pois não sabia o que fazer, senão segui-la. Sentiu, enquanto observava a figura tempestuosa de Luiza soltar o ar com fúria pelo nariz, que estava no corredor da morte, caminhando a passos vagarosos para o seu destino derradeiro.

— Odeio essa menina.- grunhiu ela, entredentes, assim que adentraram o quarto. O maxilar demarcado em uma expressão fechada era um detalhe que Julia costumava achar atraente nela, mas naquele instante amedrontava.— Não confio nela.

— Eu sei, você diz isso sempre que tem oportunidade.

O sussurro da central teria passado despercebido se não fosse o silêncio do quarto. Racionalmente, Julia teria escolhido o silêncio em outros momentos e apenas escutaria Luiza falar uma coleção de insultos direcionados a Emily, mas algo era incômodo agora.

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