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E o peito doendo, tomara que seja infarto, se for amor eu ferrado.

Domingo | Rio de Janeiro
Arielly Almeida

Point of view.

Era oito horas da noite, e adivinha quem estava no meu quarto me dando a maior pressa? Renato.

— Cara, eu não mandei você vir essa hora não. — tentei controlar minha respiração pra não tirar um salto do guarda-roupa e furar a cara desse arrombado.

— É daora admirar tu ce arrumando, parceira. Sério mermo, só que mais daora seria se tu adianta-se. — ele deixou o celular de lado e me encarou pelo espelho. Rw se jogou na cama e eu fiquei quieta.

Passei o fixador de maquiagem e levantei da penteadeira. Caminhei até a ponta da cama e parei de frente olhando ele. Desamarrei a ponta do meu roupão devagar, sem tirar meus olhos dele, assim que desamarrei, tirei ele ficando completamente nua. O olhar dele intercalava entre meus seios e minha buceta, me fazendo soltar uma risada sincera.

— Se bem, que tá cedo ainda. — ele se levantou da cama e eu corri pro outro lado do quarto. — i qual foi, Arielly?

— Estamos atrasados, lindo. Então fica bem aí onde está. — peguei uma calcinha e coloquei em seguida, colocando um sutiã.

Ele coçou a nuca nervoso e me deu as costas fazendo o maior bico. Sorri de lado gostando de como ele ficou, fiz isso pra parar de reclamar, e pelo visto, funcionou fácil fácil.

Coloquei uma roupa ficando bem gata, os acessórios já tava em dia, só faltava o banho de perfume e pentear o cabelo.

— Tô pronta, amor. — falei mais uma vez no impulso, e mordi meus lábios completamente nervosa.

Foi uma palavra simples, mas que fez meu coração saltar e eu querer me matar naquele momento. Soltei um pigarro tentando disfarçar e ele ficou me encarando. Andei até a porta passando por ele e abrindo, sai no corredor praticamente correndo e ouvi o suspiro dele vindo do quarto.

Entrei na sala e caminhei até a minha mãe que estava assistindo novela. — Estou indo. — dei um beijo na cabeça dela que sorriu, mas parou assim que viu o Rw que acenou com a cabeça pra ela.

Ela não disse nada e eu não questionei, andei até a porta, abri e ele passou por ela, foi até o portão e abriu, fechei a porta e passei pelo portão.

Ele subiu na moto e ligou, subi na garupa tentando ao máximo não manter contato, mas era praticamente impossível. Assim que chegamos no baile, já tava lotado, desci e ele fez o mesmo.

E só aí me lembrei, que não contei para as meninas sobre eu ter ficado com ele. Ter dado pro Rw.

— Vai entrar não? — saio dos meus pensamentos vendo ele de braços cruzados mais pra frente.

Fui pra passar por ele, que me parou e segurou na minha mão. — Rw...

— Rw é o caralho, veio comigo vai ficar comigo. — ele disse sério entrando comigo e eu fiquei quieta.

Foi como se estivesse entrando o rei e a rainha, o Baile todo ficou olhando pra gente, fiquei com uma puta vergonha, nunca tinha recebido tanta atenção dessa forma, e eu tava ligada que era por causa dele. Respirei fundo andando com ele, sentindo o frio trincar meu corpo, minha mão folgou da dele, que tratou de apertar enquanto fazia um carinho com o dedão. Subimos para o camarote e eu me senti totalmente aliviada, soltei minha mão da dele e andei em passos rápidos até as meninas.

— Você tá uma gata. — Maju pegou na minha mão me fazendo dar uma volta e eu sorri, sentindo uma sensação de alívio no corpo.

— Uma gostosa. — Karine piscou pra mim dando um gole na bebida rosa.

— Vocês estão umas divas. — sorri me escorando na grade. — vocês virão?

— Que quando vocês dois chegaram o Baile parou só pra vocês? Sim meu amor, todos virão. — Karine riu e eu concordei sem graça.

— Quase morri de vergonha, se eu pudesse teria dado meia volta e ido embora. — confessei, olhei por cima do ombro admirando o quão bonito ele era, e como eu estava totalmente entregue a ele, a forma como ele me tratava. Respirei fundo olhando pra elas, vendo as duas me olhando estranho. — o que foi? — peguei o copo da mão da Karine.

— Você sabe que pode confiar na gente pra tudo, né? — concordei com a cabeça prestando atenção na Maria Julia. — Você tá apaixonada, Ary. — ela sorriu de lado e eu senti meu estômago embrulhar na possibilidade de realmente estar apaixonada pelo Renato.

— Eu transei com ele. — falei um pouco mais baixo, vendo a reação das duas de completo choque.

— Meu Deus... — elas nem poderam dar a opinião, Matheus e Guilherme encostaram a onde estávamos. Disfarcei bebendo a bebida rosa e entreguei o copo para a dona.

— Oi lindos! — sorri pra eles, Teco piscou abraçando a Kah por trás me fazendo ficar surpresa por ela não ter recuado ou metido um tapa nele.

— Bora dar uma volta, gata? — Gw chamou a Maju esticando a mão, ela sorriu concordando e saiu com ele. Teco e Karine ficaram de graças ao meu lado, me afastei um pouco e encarei o Renato em pé, encostado na grade. Engoli em seco e caminhei devagar até ele, parei do se lado, olhando para as pessoas lá em baixo, dançando, beijando, cantando, vivendo.

— Quer? — ele virou o copo de whisky pra mim, e eu peguei, acabando em um só gole. — me lembra de não te oferecer mais nada. — ri fazendo careta e colocando o copo no canto.

— Vamos descer? — chamei.

Ele me olhou sorrindo de lado. — Vou nada. — fiz minha maior cara de cu e me afastei pronta pra descer, mas a mão forte e bem tatuada dele me puxou, me encarando sério. — e nem você.

Me soltei dele e joguei meu cabelo de lado, coloquei uma mão no seu ombro e me aproximei. — Eu irei. — falei firme e em bom tom.

Me virei e passei pelos dois vapores, desci as escadas e caminhei até a Adega Central. Fiz uma dose e sai de lá, caminhei na maior dificuldade entre as pessoas, e quando parei em um local mais calmo, fiquei dançando sozinha enquanto bebia. Aproveitei e tirei uma foto, postei nos storys do insta e bloqueei o celular.

Olhei pra frente, bem no alto, em outro camarote. Lá estava ele, o meu provável padrasto, pau no cu. Eu não gostava do jeito dele, da aparência dele, da forma como ele é. Bufei irritada vendo ele me encarar, virei o resto da bebida na boca e virei meu corpo, mas meu olhar bateu no vagabundo do Renato conversando com a mesma mulher do dia do pagode, encarei aquela cena, desejando aquela grade soltar e os dois despencar de lá.

— Ridículos. — desviei meu olhar de lá, continuei bebendo e quando notei, o copo de 500ml estava completamente vazio.

Comecei a caminhar pelo Baile todo, afim de dar umas voltas, parei no outro lado e vi um carinha mais o menos da minha idade, com um baseado na boca e umas coisas ao lado, vendendo.

Caminhei até lá, mas antes de chegar até ele, um corpo moreno e alto parou na minha frente, me impedindo de andar. Quando olhei pra cima, encarando o Carlão, eu quase peguei uma garrafa de vidro do chão e quebrei na cabeça dele, mas obviamente eu me segurei, não quero virar estampa de camisa por agora.

×××

M.

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