Meus inimigos andam ao meu lado.
Domingo | Rio de Janeiro
Renato Cardoso. RWPoint of view.
Eu não sei o que era pior, ver a Arielly mentindo ou ver ela achando que tá me enganando. Otária.
Desci a rua num pau da porra, eu ia descobrir a onde aquela ratazana tava ontem a tarde. Encontrei o Peteco, que fica na vigia todos os dias a noite, na entrada do morro.
— Fala tu. — fiz um toque com ele que arrumou a postura e jogou o cigarro no chão pisando em cima. — ontem tu viu essa mina passando por aqui mais o menos umas oito e meia da noite? — tirei meu celular do bolso e mostrei uma foto dela, a foto de perfil do insta. Ele analisou e concordou com a cabeça.
— Essa aí é a ex do vacilão lá né, Ph. — concordei com a cabeça. — ela desceu de um corola preto ontem mas ali pra baixo, e subiu sozinha. — concordei passando a mão no cavanhaque. — quer a placa?
— Pra ontem!
Ele já tirou o radinho da cintura, e eu montei na moto subindo á milhão pra casa do Carlão que tava atrás de mim desde ontem, mas eu nem dei corda.
Desci da moto e tirei um baseado do bolso, ascendi e entrei. Era um casarão da porra, bagulho enorme, câmera para tudo quanto era lado, vapores então, dois em cada cômodo. Quando eu ia subir pra entrar na sala, um entrou no meio negando, já levantei minhas sobrancelhas não entendendo legal não.
— Qual foi? — soltei a fumaça pra cima.
— Tem gente aí. — ele apontou com a cabeça e eu cocei o cavanhaque, dei um trago no baseado e me escorei na parede.
Peguei meu celular vendo um número desconhecido me mandar umas fotos das câmeras de seguranças de uma esquina antes do morro, analisei cada imagem, uma por uma. Peguei a placa e só vi a mão de um homem no vidro da janela, nas outras fotos, o vidro estava levantado, e era fumê.
Respirei fundo, sabendo quem era, e sabendo o tamanho da merda que a Arielly tá trazendo pra cá.
Bloqueei o celular guardando no bolso, e a porta abriu. Abri o maior olhão vendo o Jacaré sair todo na postura e com um fuzil nas costas. Joguei o baseado pela janela e ergui meu olhar.
— Rw. — ele acenou com a cabeça e eu retribui. Ele saiu na calada e eu já entrei direto.
— Cadê tua educação? — Carlão tava todo jogado na cadeira, na maior sutileza.
— Jacaré tava fazendo o que aqui? — fechei a porta e cheguei perto. Ele riu e se arrumou na cadeira.
— Negócios. — me sentei na cadeira. — me conta o que tu sabe do Henrique. Tô ligado que a Arielly tá dando perdido, a Vanessa já tá no pé do meu ouvido.
— Vanessa? — estranhei na hora.
Tem coelho nesse mato.
— É o seguinte, Rw. — ele cruzou as mãos em cima da mesa. — pra pegar esse verme, eu tive que arregar pra ela, e ela aceitou numa boa po. — ele abriu o maior sorriso e eu suspirei negando com a cabeça. — ofereceu o contato dele pra ela, sem nem saber se ainda era o mesmo, ela disse que não queria, mas mãe conhece filha! Achou estranho e pegou mentiras, fica fácil do peixe pegar a isca, carai. — ele riu. — celular da Arielly tá rastreado meu pivete, sábado eles vai se encontrar denovo, e eu quero tu pra esse serviço.
Só fiquei estressado em saber que a própria mãe tá fazendo uns carai desse com a mina. Arielly ficou chateada com a possibilidade dos dois estarem juntos, sabendo que agora ela estava envolvida pra ajudar o Carlão á pegar o Henrique, aí que o frevo vai ferver.
— Hoje tem baile, quero tu com ela o tempo todo. Arielly tá no nosso cuidando e no nosso rastro. — ele me passou a visão e eu só concordei. Levantei de uma vez sem paciência nenhuma e sai da sala, bato a porta com força e escutei ele me xingar, sai da casa na maior raiva.
Subi na moto e pilotei em direção a minha casa, mas antes, passei na rua dela e vi ela na frente de casa pegando umas coisas na caixa do correio, parei a moto em cima da calçada assustando ela, deixando as coisas caírem mo chão e ela me olhar brava.
— Me de um bom motivo de não te matar, Renato. — ela se abaixou, empinando aquela bunda gostosa que me levava ao céu somente de olhar, disfarcei soltando um pigarro e voltei na postura.
— Você me amar, gata. — ela se levantou e começou com aquela gargalhada debochada dela.
— Sonhando acordado? Que feio. — ela colocou as contas em cima do muro e cruzou os braços. — fala o que tu quer, tô sem tempo.
— Vai no baile hoje? — desliguei a moto e encarei ela.
— Tô querendo. — mexeu no cabelo e eu sorri de lado.
— Bora cmg po. — convidei e ela ficou toda pensativa.
— Tinha combinado de ir com as meninas! — ela suspirou. — a não ser que você faz a boa de falar com o Teco e o Guilherme pra chamar elas. — ela sorriu e eu dei risada.
— Vou ter que tá vendo. — ela revirou os olhos e entrou. — passo aqui as dez e meia.
— Esse hora eu já tô beijando na boca dos teus vapores, ou você se adianta ou fica sem. — ela mandou beijo e trancou o portão.
— Para de falar merda, menina.
×××
M.
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Dentro de você.
RandomUh uh yeah Fui deixando acontecer Sempre me amei primeiro Não queria me envolver Uh uh yeah Acho que foi o seu jeito Foi assim que me entreguei Acordei no seu travesseiro