038.

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Hipócrita.

Sábado | Rio de Janeiro
Arielly Almeida.

Point of view.

"Entendo. Então, hoje ás cinco?" Henrique (pai).

Balancei os pés no chão, totalmente em dúvida sobre o que fazer. Ele queria me ver, e eu também. Mas eu estava com medo, são dez anos sem contato algum com ele.

"Sim" Enviei e bloqueei o celular sentindo a ansiedade dominar meu corpo, caminhei de um lado para o outro, totalmente nervosa.

Já estava estressada com umas coisas, minha mãe apertou minha mente pra caralho querendo saber onde eu estava e com quem, simplesmente decidi não contar, já que a bonita não compartilhava quase nada da sua vida pessoal comigo.

Senti a necessidade de aliviar minha mente, revirei o quarto inteiro e não encontrei absolutamente nada, até meu kit maconha tinha sumido. Tentei controlar minha respiração e sai do quarto, fui até o armário da cozinha e abri a gaveta pegando um isqueiro e colocando no bolso, peguei a chave em cima do balcão e saí de casa.

Desci a rua e virei a esquina vendo o Matheus na boca que tinha aqui no bairro, andei até ele que assim que me viu, soltou a fumaça na minha cara, só ascendendo mais minha vontade de fumar um.

— Fala tu, patroa. — ri fazendo um toque com ele. — Dboa?

— Tô sim, e você?

— Na maior paz. — ele respondeu e eu me escorei na parede cruzando os braços. — qual foi?

— me vende um saquinho e dois baseados? — fiz o maior bico, e ele coçou a nuca jogando o dele no chão.

— Posso não. — desfiz o bico, ficando totalmente confusa e indo para frente dele.

— Porra, Teco. Por que não? — cruzei os braços.

— Á mando meu. — ouvi uma voz grossa soar atrás de mim, uma voz que eu nunca havia escutado, virei meu corpo, dando de cara com o Carlão, o qual só conhecia de vista. — Bora trocar um dez, clg?

Cruzei meus braços erguendo as sobrancelhas pique mc Mirella, um ódio percorreu meu corpo, e logo eu assimilhei uma coisa na outra.

Minhas coisas terem sumido > Vanessa.
Carlão ter mandado ninguém me vender > Vanessa.

Soltei um pigarro e encarei ele seria. — Olha, eu não tô afim. Sinto muito e licença. — dei as costas pra ele e acelerei meu passo indo pra casa.

Parecia que tudo conspirava contra mim, e meu ânimo só estava abaixando, quando ele deveria estar subindo por eu saber que irei reencontrar meu pai hoje.

Abri a porta de casa e fui para a cozinha novamente, guardei o isqueiro e deixei a chave no lugar que estava antes.

Aproveitei para pegar meu celular e mandar mensagem no grupo das meninas.

"Meninas, preciso resolver umas coisas com a minha Tia Carla, uma surpresa pra minha mãe, irei falar que irei passar á tarde na casa de uma das duas tudo bem?" Aryelly > Maju, Kah.

"Fala que vai vir aqui, minha mãe não tá." Kah > Arielly, Maju.

Fui para a sala mexendo no celular e minha mãe apareceu com uma bacia de roupa nas mãos.

— Tinha saído? — ela perguntou colocando em cima do banco.

— Fui dar uma volta só. — menti. — Aliás, daqui a pouco vou ir lá na Karine, passar a tarde com ela, tudo bem? — menti novamente.

Quase vinte anos nas costas, mas sim, eu continuo dando satisfação de cada passo que eu dou.

— Claro.

Soltei um sorriso forçado e fui para o meu quarto. Tranquei a porta e coloquei o celular para carregar e peguei minha toalha indo tomar banho.

No banho, lembrei de cada momento da noite passada e acabei soltando um sorriso ao me recordar de cada toque daquele homem na minha pele.

— Só uma noite, Arielly. Supera! — falei pra mim mesma.

Tentei focar a mente em outra coisa. Assim que terminei meu banho, saí do banheiro enrolada em um roupão, me sentei na penteadeira e comecei a fazer uma maquiagem leve enquanto o corpo secava. Maquiagem finalizada, me levantei tirando o roupão do corpo e colocando uma calcinha e sutiã, passei meu creme de pele + desodorante + óleo corporal. Vesti uma calça wid leg jeans clara e um cropped manga longa preto não muito curto, coloquei meu relógio, pulseiras, colar e meu brinco, me sentei na cama colocando meu tênis, e quando calcei, fiquei em pé novamente, passei meu perfume e soltei meu cabelo, vendo ele bater na altura do quadril, pentei e passei um reparador de pontas, e pronto. Arrumada!

Tirei meu celular do carregador vendo uma mensagem do Renato e mordi o lábio inferior fraco, tendo que mentir pra mais uma pessoa. Coisas que eu não suporto.

"Vm drm cmg hj" cardosorj_

Ainda bem que sei ler em árabe.

"Você me pedindo isso? É até pecado eu negar." Almeidaarielly

"😂😂"
"Ja já te busco ai" cardosorj_

Quase infartei tentando pensar em uma desculpa pra esse homem.

"Lembrei que hj não dá, minha mãe quer fazer uma noite de mãe e filha, jeito vai ser eu ficar por aqui hoje." Almeidaarielly

Enviei na maior cara de pau e tirei o celular do carregador e abrindo a porta devagar, espiei do corredor e vi ela na cozinha, voltei pro quarto e peguei minha bolsa, colocando tudo que eu podia colocar, sai do quarto na ponta dos pés, e assim que abri a porta só gritei que estava saindo, ela gritou de volta concordando e eu saí de casa.

Quando eu já estava na rua, vi a mensagem do Renato, mas nem tinha como eu responder, meu celular estava sem Internet.

"Mentindo é ?" Cardosorj_

Terminei de descer a rua, quando cheguei lá em baixo, atravessei, saindo do morro e indo para o ponto de ônibus.

Marquei de encontrar o Henrique em um shopping que tem lá no Leblon.

×××

Perdão pela demora.

M.

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