Capítulo 4

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  A propriedade dos Romanov ficava a poucas horas de distância de São Petersburgo, os portões de ferro antigos foram abertos automaticamente para o comboio de carros, havia seguranças por toda parte. Ao longe, a mansão entalhada em pedra com estilo elisabetano jazia elegantemente, a construção era antiga e imponente, e agora seria meu novo lar. 

  Era quase noite quando chegamos, eu estava exausta e com fome, vi homens carregando minhas malas para o segundo andar e tive vontade de segui-los apenas para descobrir qual dos muitos quartos da mansão seriam dispostos para mim, queria me jogar na primeira cama que visse e dormir por quinze horas consecutivas. E Martin, eu precisava ver meu gatinho.

  Meus pensamentos foram interrompidos por Erik.

  — Sei que está procurando a bola de pelos cinza, não se preocupe, Alfred cuidou muito bem dele. — sua voz estava alguns tons mais baixa e levemente rouca, indicando que ele também estava cansado.

  — E quem seria Alfred? 

  — O mordomo. 

  Como se estivesse sido invocado a simples menção de seu nome, Alfred apareceu no cômodo. Era um senhor de média estatura, com poucos cabelos grisalhos e olhos miúdos, estava impecavelmente vestido com um smoking. 

  — É um prazer vê-lo novamente, senhor Romanov, como foi a viagem? 

  — Fizemos boa viagem, saberia onde se encontra a bola peluda de estimação da minha esposa? 

  Alfred notou minha presença um pouco assustado, mas logo disfarçou sua feição e me cumprimentou de maneira polida. 

  — Perdoe-me pelos modos, senhora Romanov. Me chamo Alfred Bernes, sirvo a família Romanov a mais 30 anos. Seu gato, Martin, está em seu quarto bem acomodado e alimentado.

  — Yara, pode me chamar apenas de Yara. — pude ver a movimentação dos olhos de Erik. — Poderia me levar até o quarto? 

  Alfred acenou e pediu para que eu o seguisse. Deixei Erik para trás, e segui o mordomo pelos corredores luxuosos da mansão. 

  — Pedi para que as empregadas arrumassem suas roupas no closet, pensei que não seria adequado mexer nas roupas da senhora, mas o resto foi preparado por mim. — Alfred parecia muito satisfeito e orgulhoso de seu trabalho. — Optei por um quarto mais próximo das áreas principais da casa, mas se preferir qualquer outro, a mansão possui uma infinidade de outros quartos. 

  O quarto era magnífico, com teto alto e paredes cobertas por intrincados detalhes florais e heráldicos. Um lustre de cristal pendia no centro do teto, espalhando uma luz suave e elegante pelo ambiente.

  A cama de dossel era o ponto focal do quarto, com colunas de madeira esculpida que sustentavam cortinas de tecido fino. Os lençois eram de linho fino, complementados por travesseiros e uma colcha bordada com padrões renascentistas. Ao lado da cama, mesas de cabeceira de madeira maciça abrigavam abajures antigos e modernos carregadores USB embutidos. Sobre a lareira, um discreto painel de TV de tela plana estava harmoniosamente integrado, pronto para ser utilizado.

  As janelas altas e arqueadas estavam enquadradas por pesadas cortinas de brocado que, ao serem abertas, revelavam uma vista deslumbrante para o jardim da propriedade. O jardim era um espetáculo à parte, com caminhos de pedra serpenteando entre canteiros de flores perfeitamente cuidados, fontes de mármore esculpido e estátuas clássicas. Ao longe, se podia ver um pequeno lago com patos nadando serenamente e, mais além, uma densa floresta que circundava a propriedade, conferindo um ar de mistério e reclusão.

  No canto do quarto, um confortável recanto de leitura estava formado por uma poltrona de couro marrom desgastado, acompanhada de uma mesa lateral onde descansava uma luminária de mesa e uma pequena pilha de livros clássicos e um tablet moderno. Um tapete persa, com seus complexos padrões geométricos e cores vibrantes, completava o ambiente, proporcionando uma sensação de calor e sofisticação.

Mafioso MascaradoOnde histórias criam vida. Descubra agora