Talvez, sua companhia me alivie.
Madrugada ‐ Terça-feira | Rio de Janeiro
Arielly Almeida.Point of view.
Virei meu rosto vomitando no chão, meu estômago estava revirando. Ouvi o resmungo do Renato e meu corpo ficar mole, sinto ele me arrastar para dentro de um cômodo, e assim que suas mãos saíram da volta do meu corpo, me sustentei na parede para não cair no chão.
- Tudo bem? - ele corre na minha direção e com a respiração desregulada tento afirmar.
Parecia que eu nem sentia meu corpo mais, a não ser meu coração batendo na garganta.
- Presta atenção em mim, beleza? - ele segura meu rosto em suas mãos e eu confirmo. - é uma invasão, mas tá quase acabando! Tu vai ficar aqui, Arielly e só vai sair quando eu te pegar. Tendeu?
- Tendi. - suspiro e ele beija a minha testa, me fazendo dar um sorriso involuntariamente.
Renato saiu e ouvi o barulho de chave, provavelmente trancando. Observei o cômodo pequeno e respirei fundo, ficando um pouco aliviada quando não escutei mais o barulho de tiro e sim, de cachorros latinos.
Me sentei no chão, colocando a bolsa entre as pernas, escorei minha cabeça na parede, tentando me acalmar totalmente, fixando suas palavras na minha cabeça.
"É uma invasão, mas tá quase acabando! Tu vai ficar aqui, Arielly e só vai sair quando eu te pegar. Tendeu?"
Sem perceber, fechei meus olhos sentindo meu corpo inteiro pesar.
Senti meu corpo ser levantado e quando abri os olhos fiquei confusa me vendo nos braços do Matheus. Ele me olhou confuso parando de andar e eu me esquivei pra baixo saindo do seu colo.
- Foi mal aí, quis te acordar não po. - ele coçou a nuca e eu peguei minha mochila do ombro dele colocando no meu. - vou te roubar não maluca.
- Se liga, Teco! - me ajeitei abrindo a porta vendo tudo um pouco mais normalizado e o sangue seco no chão junto com meu vômito me fazendo virar o rosto. - que horas são? - olhei pra ele que olhou para o relógio no pulso.
- Meia noite e cinquenta. - arregalei os olhos totalmente assustada. - a invasão acabou des das oito, mas aconteceu uns bagulho, só pude vir agora.
Senti meu peito arder, e minha memória ir direto no safado que prometeu me buscar.
- Cadê o Rw? - ele passou a mão no rosto. E eu me aproximei. - não aconteceu nada com ele né?
- Não é você que não tá nem aí pra ele? - ele sorri de lado. - Vocês vivem brigando, Arielly. Papo de cachorro e rato.
- É gato e cachorro, Teco. - corrijo e ele dá de ombros. - ele tá bem ou não tá? Notícia ruim a gente não enrola não.
- Tá bem não. - ele faz careta e sinto meu coração acelerar. - moloque ta malzão, Ary. Os cara já tá até pensando em encomendar caixão e essas coisas. - ele abaixa a cabeça e sinto minha visão ficar completamente curva.
E antes de cair totalmente no chão, só ouvi o grito dele dizendo algo que não entendi.
Acordei mais uma vez assustada, sentindo meu corpo se reerguer pra frente e eu tentando recuperar meu fôlego.
- Ary! - Vi os cachos das minhas duas amigas na minha cara. - Você tá bem? - Maju perguntou.
- Tô, tô! - passei as mãos no rosto e me sentei na cama. - Cadê o Renato? Como que ele tá, gente? - pergunto rápido lembrando de tudo.
- Oxe, como assim? - encarei o semblante confuso das duas. - o que aconteceu com ele? - Karine me pergunta e eu respiro fundo.
Me levanto da cama e corro para a penteadeira, abrindo minha bolsa e pegando meu celular, coloquei no carregador e fiquei pra lá e pra cá esperando carregar pelo menos cinco porcento.
- Arielly, chega! - Maria Júlia grita. - meu Deus, o que tá rolando?
- Eu preciso ir ver o Rw.
Ando até a porta e antes de poder abrir, ela é aberta e a minha mãe entra no quarto.
- Você não irá á lugar algum, Arielly. Até responder as perguntas que as SUAS amigas estão lhe fazendo. - ela cruza os braços e eu engulo seco.
- Rw me salvou, mãe. - respondo e me viro para as meninas. - e prometeu voltar para me buscar, mas ele não voltou. - respiro fundo. - Matheus me disse que ele não estava bem, mas não explicou, pode ter sido baleado no tiroteio ou coisa pior.
- Eu vou ligar para o Teco, saber melhor da situação! - Kah passa por mim. - descansa.
Olhei para a Maju que tinha a cabeça baixa.
- Toma um banho e dorme, são duas da manhã. Você assustou todo mundo. - ela sai fechando a porta e eu me sento na cama.
- Fui demitida. - conto. - fiquei mal e sai, não vi o toque de recolher.
- Eu deveria ter te esperado, ter ficado com você, me desculpa. - ela pede e eu nego.
- Tá tudo bem. De verdade! - sorrio. - vou tomar um banho.
Entrei no banheiro, tirei minha roupa e entrei em baixo do chuveiro. Deixei a água morna molhar todo o meu corpo, me fazendo sentir alívio.
Ao sair, ainda enrolada na toalha vi as duas morrendo de dar risada.
- Qual foi da graça? - ando até meu guarda roupa.
- Meo, Teco tava todo preocupado lá com você, porque ele disse que fez uma brincadeira e você caiu dura. - paro olhando desacreditada.
- Tá de câo, não tá?
- Nem to. - ela para de rir. - ele tá bem, só não foi te buscar porque teve que ir as pressas para uma reunião com o Carlão.
- Eu mato aquele menino. - nego dando risada. - acho que por eu não ter comido direto e ter passado muita preocupação, minha pressão despencou de uma vez. - explico.
•••
Amo amo
M.
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Dentro de você.
RandomUh uh yeah Fui deixando acontecer Sempre me amei primeiro Não queria me envolver Uh uh yeah Acho que foi o seu jeito Foi assim que me entreguei Acordei no seu travesseiro