026.

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Nosso ódio pelo mundo é parecido.

Domingo | Rio de Janeiro
Renato Cardoso, RW.

Point of view.

Rolei meus olhos mais uma vez pela quadra, e suspirei impaciente quando não vi nem sinal da Arielly. A mulher ao meu lado não calava a boca um minuto se quer, me causando uma raiva absurda.

Ascendo o baseado e coloco nos lábios, tragando e soltando a fumaça pelo nariz. Olho pra mesa vendo a bolsa dela em cima, concerteza esqueceu.

— Vamos dar uma volta? — ela pede baixinho no meu ouvido e, mas uma vez, soltei a fumaça pra cima. Olhei pra ela e concordei, assim que levantamos, olhei para o lado e vi a Arielly se aproximando com uma carinha do lado, e reconheci ser o Rian, vagabundo joga bola no time adversário. Puxei o braço da Bianca fazendo ela se sentar novamente. — qual foi, Renato?

— Rw pra você, tá achando que é quem? — olho sério pra ela que concorda ficando calado.

— Vai dar uma volta, Bianca. — ouço o Gw falar, mas nem presto atenção, eu tava focado demais em dois otarios se aproximando.

Arielly chegou na mesa com um sorriso de ponta a ponta, pegou sua bolsa e colocou no ombro, ela me olhou, sorrindo de lado e com a língua afiada, soltou.

— Cadê sua namorada? — olho para o meu lado, não vendo nem rastro da Bianca, mas não fiz a mínima questão.

— Foi ao banheiro. — respondo rápido. — não vai apresentar seu amiguinho para a gente? — solto a fumaça na direção dele que faz careta quando a fumaça bate em seu rosto.

— Rian, você já deve conhecer eles. — ela sorri pra ele que concorda parecendo sem graça. — Bom, vim só pegar minha bolsa, iremos ficar do outro lado, lá tá melhor. — ela olha para os meninos. — as meninas estão lá, vem também. — ela diz e eu pego meu celular de cima da mesa colocando no bolso. — Gw e Teco. — da ênfase nos nomes olhando pra mim e eu faço minha maior cara de cu pra ela.

Tá achando que tá com muita moral.

— Se liga minha filha, tá achando que quero me misturar com você? —Remédio pra doido, é um doido e meio. — Mas cuidado em parceiro, essa daí tem costume de desabafar sobre o ex com o primeiro que vê pela frente.

Arielly arregalou os olhos, e vi perfeitamente seu semblante ficando totalmente enfurecido.

— E começou... — ouvi a voz do Matheus.

O cara do lado dela, era tão idiota que não abriu a boca pra defendê-la, pra contrariar comigo. Que homem é esse?

— Idiota. — ela pegou uma cerveja em cima da mesa, e fechei meus olhos quando senti o líquido gelado cair no meu rosto e roupa.

Respirei fundo, controlando toda a minha raiva, pra não matar essa maluca.

— Rian, leva a Arielly embora. — Guilherme falou e eu levantei da cadeira, tirando minha camiseta e passando no rosto, assim que abri os olhos, esperei por um olhar assustado ou arrependido, mas não, ela sorria, como se tivesse acabado de ganhar na loteria.

— Eu não vou embora. — ela cruza os braços, e quando percebo tinha uma pá de gente olhando.

— Eu te levo, Ary. A gente passa em algum lugar, você escolhe. — ele fala segurando no braço dela que olha pra ele cautelosa.

— Ela não vai com você pra lugar nenhum. — deixei a camiseta na cadeira e caminhei até ela, ficando cara a cara. — ela vai comigo.

— Para, Rw. — Teco entra no meio. — deixa ela. — empurro o peito dele, fazendo ele se afastar.

— Nem tenta, Guilherme. — digo sério. — vou fazer nada com ela não, quero só trocar um dez.

— Mas eu não quero. — ela da dois passos pra trás, me fazendo dar três pra frente.

Suspirei fundo e olhei no fundo dos olhos dela.

Arielly é extremamente insuportável, ela tem uma mania absurda de querer se sair por cima em qualquer situação independente de quem seja.

Respirei mais uma vez tentando me manter calmo e não fazer besteira. Dei as costas para os quatro, e sai da quadra.

Tinha vindo com Teco de moto, então tive que ir a pé, subir uma pá de ladeira por conta de uma branquela azeda.

Assim que virei a esquina de casa, ouvi gritar meu nome, parei de andar e olhei por cima do ombro vendo ela tentando recuperar o fôlego e soltei uma risada frustrada.

— Renato me...

Interrompi ela já de saco cheio com essa intimidade que ela tanto acha que tem.

— Deixa eu te falar uma coisa aqui Arielly, desde o momento que eu percebi que vacilei contigo tentei ao máximo me redimir com você, porque independente de ser quem eu sou, não sou um monstro que fica maltratando morador. — me aproximei dela. — mas toda vez que vou tentar mostrar meu lado bom, tu só vacila. — respirei fundo. tava tentando me controlar pra caralho e não surtar e matar essa doida aqui.

— Eu sei que eu fui uma idiota com você. — ela passa as mãos no cabelo colocando atrás da orelha. — Mas você tira qualquer um do sério, Rw! Você é totalmente difícil de lidar e quer as coisas totalmente do seu jeito, não tá acostumado com alguém que não tenha medo de você.

Soltei uma risada alta tentando raciocinar tudo que essa garota tava dizendo.

— tu quer um prêmio? — cruzo meus braços e ela revira os olhos.

— Tá vendo...

— Você quer falar como eu sou difícil de lidar? — Debocho da cara dela. — Tu quer tudo do teu jeito, quer mostrar que tá à frente de tudo e de todos Arielly e o bagulho aqui não funciona assim nao fia, cada morador tem que saber da sua própria conduta e não querer passar por cima de quem tá aqui há anos!

— Talvez somos assim um com o outro porque somos parecidos. — ela me olha firme. — Me desculpe por derramar cerveja em você, e se caso você não aceitar não importa também. — ela se vira. — minha parte eu fiz.

Calado deixei ela ir.

•••

Me desculpem a demora de postar, final de semana foi corrido e ontem acabei não entrando no Wattpad, mas vou voltar a postar todos os dias.

M.

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