025.

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Prefiro a mentira para disfarçar.

Domingo | Rio de Janeiro
Arielly Almeida.

Point of view.

— Você querendo ir no pagode? Agora tô realmente impressionada. — solto uma risada e ela me olha com as sobrancelhas levantadas.

— Tá achando que só você pode sair? — ela cruza os braços e eu dou de ombros levantando as mãos em forma de redenção. — mas fica tranquila, chegando lá fingo que nem lhe conheço.

Prendo o riso e ela sai do meu quarto. Já pronta, tirei uma foto e postei nos storys com uma música do ferrugem. Peguei minha bolsa de ombro e saí, como me atrasei um pouco, desci sozinha e assim que cheguei na quadra, me assustei ao ver tantas pessoas, cheiro de carne e a música alta.

Me ajeitei e caminhei, na esperança de encontrar alguém conhecido no meio de tantas pessoas.

— Ary. — ouvi alguém gritar meu nome e me virei, vendo o Teco encostado no muro fumando um baseado. Andei até ele com dificuldade e assim que cheguei fizemos um toque. — tudo bem?

— Tudo sim e você? — ele concordou. — viu as meninas?

— Tava com o Gw agora pouco. — concordo. — quer? — olho para o baseado e até penso em negar, mas a tentação era demais.

— Um trago, da em nada. — dou risada pegando e colocando na boca. Traguei sentindo a nicotina entrar no meu corpo, me fazendo sorrir e tirar da boca soltando a fumaça pra cima. — Obrigada. — entrego ele. — Vou atrás das meninas.

— Vou contigo, po. — concordo e começamos a andar.

Graças á Deus, que não demorou quase nada e logo achamos elas e o Gw sentados em uma mesa no meio da quadra.

— Oi gatonas! — abraço cada uma.

— Chegou tem muito tempo? — Maju pergunta arrumando os cachos e eu nego.

— Ei minha linda. — abraço o Gui assim que ele fala comigo.

— Tudo bem? — pergunto ainda no abraço. — fiquei sabendo que o Rafael voltou. — me afasto e ele sorri de lado.

— Tudo indo, já já ele tá por aqui. — concordo me sentando em uma cadeira e colocando minha bolsa em cima da mesa e pegando meu celular vendo uma resposta nos storys.

@riansousa respondeu ao seus storys "A mais gata do Vidigal 👀"

Reprimo o sorriso nos meus lábios e entrei no perfil vendo o quão bonito ele era. Aproveitei pra seguir de volta e dar uma bela stalkeada, mas meu momento stalker quase foi por água a baixo quando ouvi um pigarro atrás de mim me fazendo asustar.

Me virei e fiquei confusa vendo o Renato de mãos dadas com uma mulher. Voltei a olhar pra frente ignorando a presença dele e peguei meu celular de volta, respondi e bloqueei a tela rapidamente.

— Olá, Arielly! — ele esticou a mão pra mim e eu pensei em não pegar, mas peguei forçando um sorriso e soltei em seguida. A mulher do lado dele, só acenou com os dedos e falou algo no ouvido dele.

Fiquei na minha maior cara de cu quando os dois sentaram do meu lado.

— Nunca, depois que eu te amei te juro, nunca... — cantarolei baixinho batendo os dedos na mesa.

— Sua namorada? — parei de cantar ouvindo a voz da sonsa da Karine. Olhei pro rosto neutro dele, que nem se comoveu com a pergunta.

— Amiga. — ele sorri olhando pra mim e eu viro o rosto. — por que não chamou o Rian pra vir com você, Ary? — fechei meu punho, sentindo a raiva dominar todo o meu corpo. Se eu pudesse, eu pegava uma cadeira dessas e quebrava na cabeça desse retardado. Me virei para ele novamente, forçando o maior sorriso, ele quer jogar? Iremos então.

— Combinamos dele me levar em casa, iremos jantar juntos! — ele fecha a cara na hora e meu sorriso só aumentou.

Coitado.

Estou usando o nome dele para mentir, e nunca nem vi o indivíduo.

— Quem é Rian? — Guilherme pergunta e só aí me lembro que na mesa tinha mais pessoas. Volto a minha postura na cadeira, olhando pro meu primo.

— Um amigo meu. — dou de ombros abrindo uma latinha e vejo a cara de confusa das meninas.

Desvio o olhar levando a latinha na boca e dando um gole, que quase não desceu quando vi minha mãe do outro lado da quadra conversando com o Carlão.

Me levantei discretamente enquanto todo mundo estava conversando e saí em direção á ela. Caminhei e quando cheguei ele já não estava.

— O que ele queria com você? — é a primeira coisa que pergunto e vejo ela se asustar com a minha presença.

— Arielly! Ce tá maluca? — ela fala baixo. — ele tava tirando uma dúvida comigo, garota.

— Bora lá em casa pegar meu registro e conferir se eu nasci ontem. — digo séria.

— Aproveitamos pra ver a filiação no seu Rg e conferir quem é a mãe de quem. — ela diz no mesmo tom e eu olho indignada pra ela. — Filha, fica tranquila. Tenho quarenta e seis anos de experiência nessa vida, não precisa se preocupar comigo.

Concordo calada e saio de lá indo para o fundo da quadra respirar fundo para não deixar a raiva dominar a maior parte do meu corpo.

Mas não era só raiva do Carlão conversando com a minha mãe, algo a mais estava me deixando extremamente incomodada, algo que eu não queria.

— Você poderia pelo menos disfarçar. — ouço uma voz e olho pro lado vendo a Maju chegando perto de mim junto com a Karine. Me sento no banquinho e cada uma se senta de um lado.

— Não tava gostando de ficar lá também, amiga. — Karine diz dando um gole na ice. — única que tava curtindo era a Maria.

— Eu não. — ela nega rindo. — Tá gostando dele? — ela me pergunta e eu olho pra ela indignada. — o que foi? Falei algum absurdo?

— Falou. — afirmo. — Oh se falou!

— Não falou não. — Kah diz e eu olho pra ela. — Ary, você fechou a cara assim que viu os dois juntos.

— Eu fechei a cara pra ele. — sou sincera. — Não tem nada haver com ele estar acompanhado.

— Tudo bem! — Karine se levanta. — agora vamos aproveitar e fazer você procurar algum Rian pra te levar em casa. — solto uma risada me lembrando da mentira.

— Que droga! — me recupero. — foi um menino que respondeu meus storys, Renato chegou por trás e deve ter visto, aí eu menti. Mas nem conheço!

— Deixa eu ver. — Maju pede e eu coloco a mão do lado procurando a bolsa e não acho.

Faço um bico percebendo que esqueci na mesa. — Esqueci minha bolsa lá na mesa. — me levanto. — vou ir buscar. — fico de frente pra elas e dou dois passos pra trás. — quando eu voltar, iremos beber, muito. — me viro pra frente fazendo meu corpo se chocar com outro.

Merda.

•••

M.

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