Dentro de você.

024.

Eu deixo você ir só pra te ver voltando.

Sábado | Rio de Janeiro
Renato Cardoso. RW

Point of view.

Terminamos o jogo e eu tava todo suado, maior nojo.
Sai do campo limpando a testa com a camiseta do uniforme que eu tinha tirado do corpo. Bebi quase um litro de água, e quando me recuperei fui até as meninas.

— Tão indo já? — pergunto vendo elas se levantando. Karine concordou enquanto a Maria Julia virou o rosto e a Arielly vidrou os olhos no meu belinho corpitcho. — avisa tua mãe, Maria Júlia... — chamo a atenção dela que me olha. — que ela não precisa ir amanhã, só depois.

— Avisarei, sim. — ela concordou desviando o olhar. — Guilherme tá me chamando, já volto. — ela fala com as duas que concordam e sai.

Olhei para a Arielly que olhava para os meus olhos, e de alguma forma, vi algo diferente ali, mas ela desviou sem graça, me impedindo de apressiar.

— Vou no banheiro ali... — Karine fala e sai praticamente correndo.

— Merda. — ela resmunga e volta a se sentar. Me encosto no muro ficando ao seu lado, porém em pé.

— Vem. — chamo e ela me olha confusa.

— Onde?

— Almoçar ué. — dou de ombros. — só vou lavar o corpo ali rápido.

— Tô sem fome. — ela nega como eu desconfiei que ela faria. Suspirei e dei a volta, me sentando do lado dela, cruzando as mãos e olhando para frente, vendo outro time jogando.

— Para de câo, po. Só um almoço! — olho pra ela.

— Por que tá sendo legal comigo, Renato? — ela suspira.

— Nunca quis ser ruim com você, Ariel. — sou sincero.

— Tudo isso é culpa? — ela se levanta me fazendo á acompanhar com o olhar. — redenção?

— É um convite de amigos. Apenas! — dou de ombros e ela ri irônica.

— Não somos amigos.

Calo completamente a minha boca. Vendo o quão otario eu sou, apenas concordei e me levantei, passei por ela e fui para o banheiro masculino tomar um banho rápido. Assim que terminei, coloquei uma roupa limpa e sai com a mochila nas costas.

Vi o Matheus e encostei perto dele que mexia no celular. — Cadê o Gw? — perguntei passando a mão no cabelo molhado.

— Foi embora já, ligaram da penitenciária, liberaram o Jacaré. — Se refere ao Rafael, pai do Guilherme.

— Vish, achei que ele só saia mês que vem. — coço a nuca. — Carlão ta sabendo já?

— Nem sei, notícia chegou agora. — concordei e nem demorei, peguei o beco indo direto para a casa 7, onde o Carlão ficava boa parte do tempo dele. Entrei vendo ele sentado num banquinho de madeira fumando um baseado.

Deixei minha mochila de lado e andei até ele, fizemos um toque e ele apontou com a cabeça para a mesinha com drogas, onde eu neguei e fiquei longe. To ao máximo evitando usar essas porqueiras, mesmo que seja difícil manter o controle, tô ligado que é o certo.

— Jacaré foi solto. — digo e ele nega com a cabeça.

— Espero que aquele cuzão tenha tomado de aprendizado. — ele suspira e eu fico quieto.

Rafael era amigo do Carlão, mas os dois se afastaram pra caralho por coisas da vida, e nesse meio tempo, Jacaré começou a andar pra pista atrás de trabalho, mas esqueceu que a ficha dele era suja, por ter cometido estelionado por uns meses. Um cuzão mesmo.

— Vai acolher? — cruzo os braços e ele me olha.

— Sempre. — afirma. Concordei e dei as costas, vim só dar a notícia mesmo, tava doido pra ir embora pra casa. — Rw. — ele me chamou e eu virei. — Anuncia pagode amanhã na quadra apartir das onze, com churrasco. Quero a presença de todos os moradores! — ele pede e eu estranho. Mas nem discordei ou quis argumentar.

— Pode deixar!

Sai de lá, e subi pra casa.

Foi só eu chegar, que mandei fazerem o cartaz e em seguida a divulgação no Instagram começou. Anunciei no grupo da comunidade para os mais velhos que não tinham outras redes sociais para poder ficarem por dentro, e em menos de duas horas o que rolava solto era sobre esse pagode de amanhã.

Coloquei nos status e só deu nega perguntando se amanhã tinha moral pra ficar comigo. Fiquei me achando pique modelo, mas tava ligado que a maioria queria sugar o dinheiro e a fama de estar comigo, então não fiz a mínima questão de responder nenhuma, a não ser uma específica que eu enrolava a mo cota.

"Finalmente um pagodinho pa' nóis 😩" BIANCA 24 respondeu seus status.

"Patrão fez a boa, preta 👀" Renato mensagem.

"Amanhã vai desenrolar?" BIANCA 24 mensagem.

"Tu vai comigo, as uma eu passo aí." Renato mensagem.

Sei nem pra que eu inventei de levar essa maluca comigo.

Mas falar aqui, papo de sair sozinho é ruim demais. E a Bianca é mó presença, não tinha emoção igual as outras não, não fica no pé e tá ligada que é tudo casual.

Antes de desligar a tela do celular, o aparelho começou a tocar, e eu atendi na hora vendo o número do Guilherme na tela.

— Fala tu. — Digo assim que atendo.

— Tá muito ocupado aí? — ele pergunta.

— Tô nada, jogado aqui. Po' falar!

— Bora comigo buscar o Vei na dezessete? — pede. — ele tá vindo de uber e tá sem dinheiro, e tá ligado que esses carros não sobe.

— Vou com tu sim, marca dez que chego aí.

— Tamo junto. — fala e eu desligo.

Subi pro quarto e troquei de roupa, calcei um tênis da nike e desci, peguei a chave do carro e sai de casa indo encontrar com o Gw, foi só chegar de frente á casa dele que eu desci entregando a chave em suas mãos.

— Pode ir dirigindo viado, carro é teu. — ele fala e eu nego dando a volta e entrando no lado do carona.

— Tá ansioso pra ver teu coroa? — pergunto assim que ele liga o carro e sai em direção á dezessete.

— Tô é com medo, papo reto. — ele riu. — Eduarda tá pique bicho solto, já tô vendo a surra que ela vai levar quando ele souber de tudo. — dou risada imaginando.

— Ou nem vai, po. Relaxa! — tranquilizo abaixando o vidro.

— Oque que tu quer com a Arielly? — ele questiona e eu nem me surpreendo, tava esperando já.

— Querendo fazer amizade só, po. — coloco o braço na janela. — mas tô ligado que nem isso.

Ele ficou calado e eu fiz o mesmo.

•••

Divas e Divos, tô com uma conta no tiktok, tentando ser blogueira (literalmente, tentando) quem puder me ajudar lá, ficarem eternamente grata!!
Macedomanuu

M.