022.

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E no final, a gente sempre c' tromba.

Sexta-feira | Rio de Janeiro
Renato Cardoso. RW

Point of view.

Aryelly tava toda gostosa no macacão azul, mas nem na minha cara a filha da mãe olhou, me evitando a todo custo.

Fiquei uma semana sem mandar qualquer tipo de mensagem, ou de passar na frente da loja. Se ela queria paz, ela ia ter.

A Dona Vanessa passou na minha frente com uma panela na mão, deixei minha latinha em cima do muro e desencostei da parede andando até ela.

— Dona Vanessa. — chamei ela que me olhou por cima do ombro. Seu semblante era sério, ela se voltou pra frente, ajeitou umas coisas na mesa e se virou cruzando os braços.

— Sim?

— Vim pedir desculpas pelo ocorrido da semana passada. A senhora é moradora e assim como eu exijo respeito, tenho que respeitar cada um da comunidade. — ela parece ficar surpresa, mas assim como a filha, Vanessa sustentou o olhar em mim.

— Você deve desculpas á minha filha, Rw. Não á mim! — ela passa por mim e eu coço a nuca me virando, vendo a Arielly conversando animada com a Karine e o Teco.

Caminhei devagar até os três, assim que cheguei ela ficou séria.

— Boa noite, Karine. — comprimento a morena que somente sorri. — Arielly, será que nois pode trocar um dez rapidinho?

Ela me analisa por inteiro, da cabeça aos pés, me causando uma raiva absurda pelo silêncio dela. Arielly fez sinal com a cabeça e me deu as costas, me fazendo seguir ela com os olhos vidrados na bunda enorme que essa maluca tem.

Descemos as escadas e ela abre o portão, saímos e ela se escora no muro, cruzando os braços e me olhando.

— Pode dizer. — uma semana sem ouvir a voz dela, e foi como se eu tivesse ouvido pela primeira vez. Sensação estranha que percorria boa parte do meu corpo.

— Porra, Ariel. Sei nem o que dizer. —coço a nuca e ela solta uma risada irônica.

— Tô sem tempo pra tuas bipolaridade! — ela desencosta pronta pra entrar e eu puxo seu corpo pra ela voltar. — tira a mão de mim. — tiro e levanto as mãos.

— Quero só pedir desculpas. — digo. — fui um pau no cu contigo, Arielly.

— Tá bom. — ela dá de ombros e eu arqueio as sobrancelhas.

— Tá bom?

— É. — afirma suspirando. — posso entrar agora?

Achei que ela ia debochar da minha cara, fazer eu repetir a palavra desculpas pra ela diversas vezes ou então me xingar por tudo que fiz, mas ela simplesmente aceitou sem contrariar.

— Tá bem? — passo a mão no cavanhaque e ela da aquele sorriso de lado.

— Uhum. — ela murmura se aproximando de mim. — não vou debochar de você, Renato. — ela arruma a correntinha no meu pescoço. — sei que era isso que você esperava. — ela se afasta.

Fico calado e ela entra na casa, fazendo eu suspirar frustrado.

Subi logo atrás, e já fui pra perto da churrasqueira onde o Carlão estava. Seu semblante era sério, e ele olhava para um ponto fixo, me fazendo rolar meus olhos pela laje atrás do que ele estava olhando, e quando percebi o que era, quase não acreditei.

— Quem é? — ele leva a garrafa de cerveja na boca sem desviar os olhos da mulher, e eu sorri de lado.

— Tia do Gw. — respondo. — separada, mora na rua quatorze de frente á oficina e tem uma filha. — falo tudo que sei e ele me encara esperando mais, provavelmente o nome. — Dona Vanessa!

Ele concorda se virando e mechendo na carne, e na hora comecei a pensar numa pá de coisa. Várias brisas na mente, mas deixei tudo de lado quando o Gw encostou perto de mim com a boca vermelha.

— Andou passando batom? — pego a cerveja da mão dele que sorri negando com a cabeça e molhando os lábios em seguida.

— Apaixonei. — ele ri e eu solto uma gargalhada em seguida. Deu nem tempo, Matheus já encostou na curiosidade.

— Ja sei por quem... — Teco fala e eu tento raciocinar com o pouco de neurônio que eu ainda tenho e junto os ponto.

— Vai me dizer que foi com aquela Maria Julia? — Faço careta dando um gole.

A menina não me suporta, e tenho certeza que se ela tivesse a oportunidade, me mataria sem nem pensar duas vezes. E falar aqui, também não vou com a cara. A mãe é maravilhosa, me ajuda pra cacete, mas a filha é uma estranha.

— Ela mermo. — ele sorri e o Matheus começa a tirar com a cara dele.

— Tu sempre foi apaixonado nela. — argumento.

— Apaixonado não po, ces que gosta de aumentar. Era uma quedinha só! — ele dá de ombros. — e tu nunca gostou dela, deis da época da escola.

— E desde quando Rw gosta de alguém? — Teco nega com a cabeça e eu encaro ele. — acho que nem de nóis.

— Pare de achar e começa a ter certeza. — Pisco pra ele que me dá um murro fraco na barriga me fazendo fazer careta. — aí viado.

Ele faz cara de decepcionado e o Guilherme nega com a cabeça.

— Vou cortar o bolo logo, e depois deixar o fervo ferver. — ele pisca pra nois e sai no meio do povo indo pra mesa do bolo.

Boa parte do pessoal já tinha jantado, só não jantou quem não quis, porque comida aqui tava de sobra, carne então nem ce fala, tudo do bom e do melhor, Dona Carla é foda.

Me encostei mais pra perto, e decidiram cantar parabéns denovo, aí foi aquela bagunça toda, quando acabou, foi aquele negócio do primeiro pedaço de bolo e foi para a mãe dele, mais que certo.

Depois sairam entregando o bolo no pratinho, não perdi tempo e peguei o meu.

Mas por puro azar, quando me viro bato de frente com a Arielly, fazendo o bolo do meu pratinho ir parar todo na roupa azul dela.

— Ce tá de sacanagem. — ela faz bico se afastando e tentando limpar com a mão. — esse chantilly mancha, que merda. — ela murmura e eu faço careta, minha situação com ela já não tava boa.

— Foi mal aí, Ariel. Nem te vi! — tento justificar e ela me olha no puro ódio, suas mãos foi parar na minha camiseta preta, onde ela limpou as mãos que ela tinha passado na roupa, me afastei na hora. — osh, tá maluca sua doida?

— É pra descontar o whisky e agora o bolo. — ela diz brava e vejo uma pá de gente encarando.

Ela saiu pisando firme, quase cavando um buraco e eu ri negando com a cabeça.

Quando eu falo, que é maluca.

•••

Meus bebezinhos.

M.




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