Capítulo 1

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Duas semanas depois...

Me olhava no espelho da penteadeira, esperando encontrar algum pingo de ânimo nos olhos. Eu estava impecável, é verdade, mas como não ficaria após passar a tarde toda rodeada de maquiadores, cabeleireiros, manicures e estilistas? Meu cabelo estava preso em coque, com um broche muito lindo em formato de flor, meu rosto carregava uma maquiagem leve, usei um colar de pérolas simples para complementar com vestido modelo Vivienne Westwood.

- Você está linda! - Seline suspirou, usava um vestido rose de tule - Parece uma princesa!

Soltei uma leve risada que soou com um ar melancólico, Seline foi minha única companhia durante todo o dia de preparação para o casamento, mesmo sendo pequena demais para entender, apenas a presença dela já me dava suporte emocional para lidar com toda a situação, desde que recebi a notícia.

Seline se aproximou para me ajudar a colocar o véu, suspirei enquanto olhava meu reflexo no espelho, "Pelo bem de Seline, pelo meu bem, para evitar uma guerra". Eu repetia essa frase mentalmente.

- São muitos convidados? - murmurei.
- Acho que tem umas cem pessoas lá, vai ser uma festa tão linda!
- Tirando você, papai e alguns dos velhotes do conselho, eu não conheço nenhuma daquelas pessoas - nem meu noivo.
- Será que seu noivo é um príncipe? Papai disse que os príncipes tem que se casar com princesas, e você é uma princesa.

Sorri contemplando sua pureza e ingenuidade.
Seline, com seus olhos brilhantes e um sorriso sincero, irradiava uma inocência que parecia quase mágica. Ela era um raio de sol em meio à tempestade de preocupações e incertezas que pairavam sobre nós. Sempre que ela falava, era com uma pureza que só as crianças possuem, livre de qualquer malícia ou entendimento das complexidades sombrias do nosso mundo.

Ela acreditava em contos de fadas e em finais felizes, e seu entusiasmo ao falar sobre o casamento era quase contagiante. Seline realmente achava que eu era uma princesa e que meu casamento seria digno de um conto de fadas. Em seu mundo, os príncipes eram nobres e corajosos, as princesas eram sempre belas e gentis, e os casamentos eram celebrações de amor eterno. Mas eu não era uma princesa, meu noivo era um mafioso, e não havia nenhum pingo de amor nessa união.

- Vai ter bolo, Yara? - Seline perguntou, os olhos arregalados de expectativa.
- Sim, vai ter um grande bolo de casamento. - Eu sorri para ela, tentando absorver um pouco de sua alegria. - E você poderá comer uma fatia bem grande.

Ela bateu palmas, animada.

- Eu adoro bolo! E depois da festa, vamos dançar?
- Vamos, Seline. Vamos dançar muito. - Aproximei-me dela e ajustei seu vestido cor-de-rosa. - Você será a dama de honra mais linda de todas.

Ela me abraçou apertado, e eu senti um nó se formar na garganta. Seline era meu ponto de luz, a razão pela qual eu estava disposta a sacrificar minha liberdade e felicidade. A inocência dela era algo que eu queria proteger a qualquer custo. Ela não tinha a menor ideia dos horrores e das responsabilidades que eu estava prestes a enfrentar, e eu queria mantê-la assim, alheia e feliz, pelo maior tempo possível.

- Quando eu crescer, quero ser igual a você, Yara. - os olhos dela brilhavam de admiração.
- Você já é perfeita do jeito que é, Seline. - Respondi, tentando segurar as lágrimas. - Nunca mude.

Ela sorriu e voltou a falar sobre a festa, as flores e os convidados, sua mente infantil saltando de um assunto alegre para outro.

Alguém bateu na porta.

- Está na hora. - Joseph estava parado à porta, me observou por alguns instantes. - Está muito bonita, filha.

Joseph observou por um momento, um olhar indecifrável em seu rosto. Ele estava claramente orgulhoso da minha aparência, mas havia uma dureza em seus olhos que não me permitia esquecer a realidade do que estava prestes a acontecer.

Mafioso MascaradoOnde histórias criam vida. Descubra agora