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Desculpe pelos meus erros, vivo com eles.

Domingo | Rio de Janeiro
Renato Cardoso. RW

Point of view.

A forma como a Arielly era, me intrigava de alguma forma, e estranhamente eu queria estar perto dela e ao mesmo tempo longe, e quando eu soube que ela falou com o V5 mais cedo e nem se quer me disse nada, e logo depois ele e o Ph fugiu, me senti traído pra caralho.

— So disse que eu não deveria fazer bobagens por pessoas que não moveriam um músculo por mim. — ela fala no mesmo tom que o meu, sustentando o olhar. — agora, não se ache no direito de entrar na minha casa e fazer isso novamente! — diz auditoria e eu seguro seu braço, puxando seu corpo pra perto novamente, sentindo sua respiração gostosa contra a minha.

Com a outra mão, puxei seu pescoço e afastei seu cabelo, indo até a orelha dela.

— Seja auditoria comigo mais uma vez, que te mostro o porque muitos me chamam de monstro por aqui, Ariel. — sussurro me afastando dela e soltando seu braço, vendo perfeitamente a marca dos meus dedos.

— Vamos embora, Rw. — ouvi a voz do Teco, e em seguida a Dona Vanessa aparecer na porta com uma vassoura na mão.

— Some da vida da minha filha, agora! — ela manda e sorrio de lado, dando as costas e batendo fortemente o portão de grade que fez barulho.

Olho para o Matheus que só nega com a cabeça, subindo na moto. Subo na garupa e ele sai a mil, descendo pra boca, Teco parou a moto e eu desci vendo ele descer pistola.

— Te mandar o papo, Rw. — ele cruza os braços. — sacanagem o que você tá fazendo com ela. A vida da Arielly já tava toda revirada, tu entrou só pra baguncar mais ainda. — ouço um pigarro e me viro sem responder o Matheus, vendo o Gw do lado do Carlão.

— Satisfação meu pivete. — ele diz sério e eu engulo seco. Não esperava ver ele, até porque tinha me falado que só viria na semana que vem. — Teco. — ele balança a cabeça.

— Satisfação imensa meu patrão. — respondo.

Gw me olhou sério, olhou para o Matheus e chamou com a cabeça e os dois saíram. Cruzei meus braços e entrei na sala sendo acompanhado dele.

— Achei que chegava semana que vem só. — coço a nuca, só de lembrar do que eu tinha que contar pra ele.

— Resolvi vir antes. Minha favela anda muito solta! — ele se sentou na cadeira, cruzando as mãos tatuadas em cima da mesa e fazendo sinal pra mim sentar na frente. — falei com o Lc ontem a noite, e ele disse que arrancou duas cabeças lá.

— Ele disse que faria isso mesmo. — só afirmo. — os dois daqui, Ph e V5 meterem o pé. Mas não foram longe! — conto e ele passa a mão no cavanhaque.

— Quando a gente tem suspeita de rato, Rw. Nois arma a ratoeira antes dele ir embora! — ele diz sério. — porra meu pivete, os cara de baixo do teu nariz. Que facilidade foi essa?

— Erro meu, assumo e tô ligado. — sustento. — mas tô no comando disso tudo aqui sozinho á três semanas, sem ninguém pra ajudar e com rato!

— Eu estive no comando sozinho, vinte anos! E não era só rato que tinha na minha cola não, Rw. — ele ergue o corpo pra frente. — Tua justificativa não consentiu com teu erro. Mas não vou jogar pedra em tu não, minha favela tá inteira e isso já basta! Mas abre teu olho e aprende a fazer as coisas no certo.

— Certo, patrão. — respondo sério. — comemorativa?

— Coisa fechada, só pros nossos, da toque de recolher para os moradores as dez hoje! — manda e eu concordo, fazendo um toque com ele e me levantando.

Assim que eu sai da sala senti uma dor no canto da boca e eu bambear pra trás ficando tonto, e quando percebo, Gw acertou um belo murro em mim.

— Tá maluco? — passo a mão no local sentindo a ardência.

— Fica longe da minha família, Rw. Nóis é irmão á anos, mas família é família, então faz favor de não mexer com a minha novamente. — ele diz bravo e vejo o sorriso estampado na cara do Matheus e assim que Gw deu as costas e saiu, arrumei a postura e o Teco caiu na risada.

— Te mato filho da puta! — empurro o ombro dele. — fofoqueiro.

Ele se vira, abrindo o freezer e pegando um gelo, enrolou numa sacola e me entregou.

— Vou ficar sem beijar essa boquinha sua um belo tempo. — ele brinca e eu reviro os olhos colocando o gelo na boca.

Tô ligado, fiz besteira e perdi total a minha razão. Não minto e tenho consciência, Guilherme é parceiro meu e eu mexi com a única família que ele tem.

Mas a partir de hoje, deixo a Arielly totalmente em paz e livre pra viver a vida dela.

Só tava atrás porque queria favor.

•••

M.

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