019.

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Feliz daquele que tem alguém.

Domingo | Rio de Janeiro
Arielly Almeida.

point of view.

Após passar a manhã toda ouvindo reclamações da minha mãe por ter ajudado o Rw em algo, considerando traição da minha parte, eu decidir ir até á casa de Karine, ficar com ela e com a Maria Júlia.

Subi a rua sentindo minha pele se arrepiar por conta do vento, e foi só eu virar á esquina que encontrei o Vitor encostado na moto. Respirei fundo e entrei na rua, passei por ela olhando reto, fingindo não ver ele, mas foi quase impossível quando meu nome saiu da boca dele.

— Arielly. — engulo seco e olho pra ele por cima do ombro. Vitor descruzou os braços e caminhou devagar até mim, no outro lado da calçada. — tudo bem?

Viro meu corpo pra ele, forçando um sorriso simpático.

— Tudo, e você?

— Dboa, por enquanto. — ele passa a mão na barba me encarando. — Pedro comentou comigo, que tu foi lá ontem. — sinto minha respiração travar. — a troco de que?

— Assunto meu e dele. — respondo ríspida. — por que a curiosidade?

Ele sorri de lado. — Você é uma garota inteligente, Ary. — ele fala. — não faça bobagem por quem não move um músculo por ti.

Concordo ficando calada e ele me da as costas, espero ele subir na moto e sair. Pude finalmente sair do lugar e andar até a casa da minha amiga. Bati no portão impaciente e quando eu ia bater novamente ela abriu o portão.

— O que foi? — pergunta me olhando confusa e eu entro fechando o portão. — minha mãe não tá em casa, Maju tá aí dentro. Vem! — entro na sala vendo a Maju sentada no chão mexendo no celular. Ao me ver ela levanta e me abraça.

—Tá estranha. — Ela diz me soltando. — o que rolou?

Me sentei no sofá vendo as duas me encarar curiosas.

— Rw foi lá em casa ontem a noite. — conto. — pra saber como foi no Pedro, e hoje cedo ele me mandou uma penteadeira e um espelho, novo. — reparo perfeitamente no semblante de surpresa das duas e prossigo. — quando tava subindo pra cá, encontrei com o Vitor, e ele disse uma coisa estranha.

— Falou o que? — Karine pergunta.

— Primeiro me perguntou a troco de que, que fui no Pedro. Depois disse que sou inteligente e que não era pra mim fazer bobagem por quem não move um músculo por mim. — conto e quando percebo, já estou mexendo impaciente nos acessórios da minha mão.

— Culpa do Rw. — Maria Júlia se levanta novamente. — ele só sabe aparecer na sua vida pra causar isso, estrago. Se o V5 está te falando essas coisas Arielly, ele sabe de algo. — ela suspira e eu concordo. — não quero que aconteça nada com você. — ela diz preocupada e eu sorrio de lado.

— Não vai acontecer nada. — garanto.

— Não iremos deixar acontecer nada. — Karine me olha. — é só você não se envolver com mais nada, tá?

— Tá bom.

Ficamos conversando a tarde toda, e quando deu quatro e meia, desci pra casa novamente. Entrei em casa vendo a minha mãe pronta pra sair.

— Vai a onde? — pergunto parada na porta.

— Eduarda tá trabalhando lá na lanchonete da Vânia, vou lá comer um pastel. Bora? — me chama e eu sorrio.

— So se for agora. — dou meia volta já saindo e ela ri.

Descemos a rua conversando e assim que chegamos na grande lanchonete, uma cena já chamou atenção.

— Tá chorando porque menina? — Dona Vânia pergunta passando um pano no balcão e eu já olho estranho pra mim mãe que retribui o olhar.

— O neco foi preso. — Ela funga e eu seguro o riso me sentando em uma mesinha.

— Aquele traficante? — ela aumenta a voz e eu vejo a cena toda achando graça. Principalmente a hora que a minha mãe encostou no balcão. — Ah mais vai te catar, Eduarda. Um monte de copo pra lavar e você aí. — ela se estressa.

— Mas Dona Vânia...

— Tua cara nem arde, né? — minha mãe pergunta e vejo ela arregalar os olhos. — quem é esse, Neco?

— É o marido da Sheila, Vanessa. — Vânia fala arrumando a touca no cabelo.

— Bandido, Eduarda? Casado ainda? — minha mãe nega com a cabeça se afastando. — só Deus na causa mesmo em menina.

Ela fica quieta e limpa o rosto entregando o cardápio na mão da minha mãe que vem até mim suspirando.

— O pai dela vai ser solto daqui um mês, não quero estar na pele dela. — Minha mãe fala baixo assim que se senta e sinto um frio percorrer meu corpo.

— Coitada.

Fizemos o pedido e logo os pastéis e a coca de 1L chegou na mesa. Conversamos como nunca, era incrível a minha amizade e a dela, além de mãe e filha, sabíamos muito bem que somos uma pela outra, juntas para tudo.

Assim que saímos, fiquei sentada na varanda de casa e me assustei quando ouvi alguém assobiar, e quando percebi, Renato estava mais uma vez no meu portão.

Com aquele olhar que tanto me perseguia, que me dominava por inteira e fazia me sentir estranha.

— Precisa de algo? — coloco as mãos pra trás.

— V5 e Ph sumiu, Arielly. — arregalo os olhos sem saber o que dizer. — e você estava com ele, tem algo a me dizer ou quer que eu arranque de você?

Vejo que o Matheus, estava com ele. Teco me olhou e abaixou a cabeça novamente, engoli em seco sem saber o que dizer.

— Terei que arrancar. — ele abriu o portão e eu me assustei dando um passo pra trás. — anda, Arielly. O que ele te disse? — em menos de dez segundos, senti sua respiração quente contra a minha, eu sentia sua raiva e ódio diante de mim, então respirei fundo e ergui meu olhar no dele.

•••

Se beijem logo.

M

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