five

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Flashback ON

Eu estava deitado em minha cama ouvindo-as falar, tentava ignorar, mas a cada palavra isso me consumia mais.

Você merece morrer.

Assenti e continuei pensando em uma música qualquer.

Elas começaram a rir, sabendo que esse era meu ponto fraco. Suas risadas eram agudas e altas, eram como mil gritos estridentes dentro de minha cabeça.

Morra, Louis.

Alguns vultos apareceram e me rodeavam. Eu continuava deitado.

Logo eles me matariam.

Se mate.

Eu estava cansado. Estava cansado de ouvir elas dizerem que eu só pioro, que eu sou um monstro, que eu matei minha irmã.

Eu matei a minha irmã.

Eu estava cansado de ver minha própria família com medo de mim. Estava cansado de viver trancado em meu quarto por ser um perigo para as pessoas ao meu redor.

Você é inútil.

Levantei da cama e peguei a lâmina que estava escondida na gaveta. Ela estava com algumas marcas de sangue. Sangue seco. O meu sangue seco.

Eu merecia sofrer.

Passei a lâmina pelo meu braço, de baixo para cima, começando no pulso e indo até o cotovelo. Eu apertava cada vez mais e as lágrimas caíam com facilidade, assim como sangue que jorrava de mim.

Repeti o procedimento várias vezes e em várias partes do meu corpo. Minhas pernas estavam cortadas, meus braços, minha barriga.

Eu estava sentado em uma poça de sangue.

Elas riam cada vez mais alto e era mais doído a cada segundo.

Você está morrendo.

Tentei me levantar com dificuldade e quando não consegui, me arrastei até o grande espelho que ali havia.

Eu estava de joelhos e pude notar o quanto detestável era. Minha pele era amarela e pálida ao mesmo tempo, meus olhos já não eram mais azuis, eles ao menos tinham cor. Tudo era sem brilho, eu estava no caminho da morte.

Olhei meu corpo no reflexo. Eu estava tomado de sangue. Minha pele vibrava em um vermelho inconfundível.

Monstro.

- Eu sou um monstro!

Soquei o espelho com toda a força que ainda me restava e soltei um grito alto pela dor.

Haviam cacos de vidro grudados em meus dedos, alguns pequenos, outros nem tanto. Por cada lado que olhava havia sangue e vidro.

Todos te odeiam.

Haviam vultos pretos por todo o quarto, alguns me batiam e me empurravam. Eles riam cada vez mais alto e gritavam coisas que eu já não entendia.

- L-Lou. - NÃO!

Mate-a.

- Felicite, saia! - Eu dizia ainda de costas para a menina.

- O que aconteceu? Você disse que estava melhor. - A voz dela se tornou mais alta, ela estava se aproximando.

MATE-A!

- E-eu... Saia, Fizzy. Saia.

- Não, Louis. Você está bem.

Elas riam ainda mais alto.

- SAIA, FELICITE! - Eu gritei e a menina deu alguns passos para trás. - Saia.

Eu chorava e todas as partes de mim doíam.

Ela sente medo de você. Você é um monstro.

A menina se abaixou e colocou sua mão em meu ombro, eu me virei bruscamente, cravando o grande pedaço de vidro em seu peito.

Minha irmã gritou, um grito alto e agudo. Ela tossia sangue e eu estava encharcado do mesmo.

Já não sabia diferenciar o meu sangue do dela.

A menina estava caída no chão e ali havia se formado uma enorme poça. Meu quarto havia se tornado vermelho e brilhante. Havia sangue em todos os lugares, havia vidros.

Eu havia matado minha irmã.

Minha segunda irmã. Minha irmã favorita.

As vozes riam tão alto que me faziam estremecer encostado no apoio de minha cama.

Você é um monstro. Você a matou, Louis.

Eu chorava. Chorava pela dor que havia em todas as partes do meu corpo e ainda mais pela dor que havia em meu coração.

Elas estavam certas, eu era um monstro.

Flashback OFF

Acordei suando frio e não havia ninguém me balançando. Eu estava novamente na clínica.

Olhei pela janela e não havia sol, mas não me forcei a dormir de novo.

Sentei-me na cama, pensando em Harry. Era a única pessoa que me fazia esquecer os tão grandes problemas de minha vida.

Você está de volta.

Não.

Onde está Harry para te defender agora, querido?

Cobri os ouvidos com minhas mãos, Harry chegaria logo.

Acabe logo com isso, Louis.

Levantei da cama e comecei a caminhar de um lado para o outro, em busca de conforto.

Ao menos havia um jardim onde eu me sentisse em paz, como em minha casa.

A casa onde eu matei minha família.

Respirei fundo e deixei algumas lágrimas correrem pelas minhas bochechas.

Você não aguenta mais, querido.

- Não me chamem de querido! - Gritei e acertei um forte soco na parede à minha frente.

Soquei o bloco de cimento várias vezes, haviam grandes cortes em meus dedos e eu já não conseguia parar.

O sangue pingava no chão e em mim, minha calça que antes era branca tornou-se vermelha.

Onde está o seu amor agora?

Tapei meus ouvidos mais uma vez e me encolhi contra a parede, chorando alto.

Ninguém me ouvia ou ninguém importava-se. Harry não estava aqui.

Eu estava sozinho.

Ele foi embora.

Baixei o olhar para minhas mãos e me assustei com o estado em que estavam. Haviam enormes cortes, que iam do começo da unha ao final da mão. E alguns dedos estavam fora do lugar, talvez quebrados.

Soltei um grunhido e puxei dois dedos, deixando escapar um grito agonizante pela dor.

Alguém abriu a porta depressa.

Mas não era Harry.

Invés do menino de cachos havia uma mulher obesa. Ela me pegou pelo braço e jogou-me na cama.

Minhas costelas bateram com força na parede e eu soltei um grito ainda mais alto.

- Você não presta para nada. - Ela colocou vários comprimidos na minha boca e me fez os engolir a força.

No mesmo momento meus olhos começaram a escurecer e minha boca foi ficando seca. A visão estava cada vez mais turva.

- Eu sei. - Falei em meio a um choro, já não sentindo meu corpo reagir aos pensamentos.

N/A: Leiam minha nova fanfic Circus!

Xx, Shuli.

schizophrenia » larryOnde as histórias ganham vida. Descobre agora