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Não confuda minha vontade de paz com ausência de guerra.

Quinta-feira | Rio de Janeiro
Arielly Almeida.

Point of view.

Queria entender essa facilidade de atrair gente tóxica para a minha vida de forma tão fácil. Em um piscar de olhos, pum. Eu estou passando pela mesma situação, com pessoas diferentes.

Eu sentia medo do Rw, depois de hoje então, esse medo só se juntou com o nojo que eu criei dele.

— Arielly, abre teu olho, amiga. De verdade mesmo, se ele quer que você volte com o Pedro para ter informações dele, ele não vai parar até conseguir.  — Maju fala enquanto caminhávamos juntas pra casa.

— Eu sei, eu sei. — suspiro. — vou tentar ao máximo ficar longe desse cara! — digo e ela concorda.

Se despedimos assim que cheguei na minha casa e ela subiu a rua, quando abri a porta, quase cai pra trás vendo a situação que estava a minha casa, tudo revirado, sofá de cabeça pra baixo, mesa da mesma forma, os quadros no chão com os vidros quebrados. Corri para a cozinha, vendo que estava tudo inteiro, minha mãe apareceu na sala com os olhos vermelhos e uma vassoura na mão.

— Mãe... — joguei minha mochila no chão e corri até ela abraçando seu corpo. — o que aconteceu aqui?

— Entrou dois rapazes encapuzados, reviraram a sala e o seu quarto. — me afasto dela sentindo um aperto. — disseram que vieram á mando do Rw. — travo na mesma hora, sentindo minha pele se arrepiar e meus ombros vacilarem pra trás. — Filha, o que tá havendo?

— Não sei. — engulo seco e saio da sala correndo para o meu quarto, vendo minha cama da mesma forma que os sofás, minhas maquiagens jogadas pelo quarto, meu espelho espatifado no chão e a minha penteadeira sem as gavetas e o vidro trincado, as roupas do guarda roupa estavam reviradas, me fazendo entrar em choque. — Filho da puta! — grito dando um murro forte na parede, fazendo meu punho doer na mesma hora.

Ouço passos e me viro vendo a Karine. — Sua mãe me ligou. — ele entrou no quarto com dificuldade e veio até mim me abraçando. — calma. — sinto o nó se formar na minha garganta mas seguro fortemente a vontade de desabar nos braços da minha amiga. — o que tá acontecendo? — me afasto dela, passando a mão no rosto e tentando raciocinar tudo.

— Rw. — Sinto nojo só de falar o nome dele. — ele mandou fazerem isso, tudo pra me assustar e eu aceitar a merda da proposta ridícula dele. — me escoro na parede.

— Que idiota. — ela se abaixa, começando a pegar minhas maquiagens no chão.

— Pode deixar, Ka. Eu arrumo...

— Não não. — ela se levanta com as coisas na mão colocando em cima da penteadeira e me olhando seria. — eu vou te ajudar, depois pensamos juntas o que você vai fazer em relação à esse imbecil.

Sorrio de lado e saio do quarto, pegando a vassoura e a pá.

(...)

Antes mesmo de terminar de arrumar o quarto, Karine fez questão de me levar para fazer o cílios que eu havia marcado, mesmo eu falando que depois do que aconteceu eu não iria fazer por não estar animada.

Quando cheguei em casa, já estava tudo arrumado. A minha mãe terminou de ajeitar as coisas, e eu pedi desculpas por ter feito ela ter passado por isso, e mesmo sem entender, ela compreendeu.

Não dormi a noite, não consegui. Minha mente me levava á o que fazer quando amanhece-se, e amanheceu, e eu ainda não sei.

Ao chegar no serviço, contei tudo para a Maria Júlia, que me ouvia atentamente.

— Pra descobrir informações, não precisa voltar a ter um relacionamento. — ela da ideia e eu suspiro. — o que quero dizer, Ary. É que se você ter que fazer isso, faça. Não sabemos o que esse sociopata é capaz de fazer.

— Ou sabemos. — falo devagar.

O trabalho foi calmo, porém com um atendimento ótimo. Sexta-feira era dia de baile, e normalmente as mulheres costumam vir comprar as roupas aqui, aí chega na festa, tá todas idênticas.

— Tenho que passar na farmácia, e depois no mercado. Quer ir comigo pra não subir sozinha? — Maju pergunta trancando o cadeado e eu nego.

— Vou indo, cabeça tá pesada pra caralho. — ela concorda se levantando. — beijos. — abraço ela que me aperta me fazendo sorrir. — priminha.

— Beijos, Arielly. — ela ri se afastando e eu dou risada me virando e indo para casa.

No caminho pra casa, encontrei o Pedro, perto da tabacaria, e já senti que era daí em diante que eu colocaria tudo em ação, da minha forma.

Fiz questão de atravessar a rua, e passar pela mesma calçada que ele estava. Não olhei para o lado, mas foi só passar um metro depois da tabacaria, que eu ouvi a voz dele me chamando, me fazendo olhar para ele por cima do ombro com a maior cara de sonsa.

— Tudo bem? — viro meu corpo por completo para ele, cruzando os braços e concordando com a cabeça. — Achei que não pararia.

— Queria falar contigo mesmo. — dito isso, ele dá uns passos pra frente, ficando cara a cara comigo.

— Sou todo ouvidos, amor. — ele sorri e sinto uma raiva absurda de mim mesma por estar me submetendo a isso.

— Quero pegar umas coisas que deixei na sua casa. — não era totalmente mentira, eu queria minhas coisas de volta sim, mas nunca que passou pela minha cabeça pedir ele ou ir na casa buscar, preferia ficar sem. — ou você me entrega, tanto faz. — dou de ombros, disfarcando a minha simpatia repentina pra ver até onde ele cai, se ele me chamaria pra ir, ou me entregaria.

— Vai lá amanhã cedo po, minha mãe tá sentindo tua falta. — só balanço a cabeça, me virando pra frente, solto um sorriso mas reprimo, ficando séria e seguindo meu caminho pra casa.

•••

M.

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