007.

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Eu disfarço tudo com cigarro, cerveja e sorriso.

Sábado | Rio de Janeiro
Renato Cardoso. RW

point of view.

Chego na quadra vendo as coisas animadas e já me animo logo. Churrasco e pagode é tudo de bom, na moral mesmo, tem coisa melhor não.

— Fala meu mano. — faço um toque com o Teco que vem até mim assim que encosto. — tá cheirosão em parceiro.

— Gostou? — brinco com ele. — Leva pra tu. — caímos os dois na risada. — tu não sabe.

— Aprontou o que? — começamos a andar, e ficamos pique vereadores, cada pessoa que passava por nois, tinha que comprimentar.

— Derrubei meu whisky caro em uma doida ontem no baile, depois vi ela descendo em sentindo á boca principal, decidi ir atrás né, aí desabafou comigo sobre o relacionamento dela, fiquei de ouvinte. — conto me lembrando da noite anterior e dou risada negando com a cabeça.

— Era bonita pelo menos?

— Te falar aqui, acho que era aquelas gótica, tá ligado? Olho todo preto, esses bagulhos assim. — dou de ombros. — não que eu tenha nada contra, estilo é estilo.

— Coitada, o trauma dela. — ele ri negando. — não tem uma porra de mesa vazia nesse caralho. — ele para de andar. — Bora colar ali com o Gw!

Andamos até uma mesa com seis lugares, já chego sentando e comendo uma carne do pratinho descartável, larica da porra.

— Educação tá em dia em, que isso, mané. — Guilherme nega rindo e eu faço um toque com ele vendo o Teco sentar na minha frente, olho pro lado vendo uma bolsa na cadeira.

— Vish, tá acompanhado?

— Prima minha e as amigas dela, dboa. — fala abrindo uma cerveja. — assalto de amanhã tá em dia né?

— Lógico. — Teco responde com a boca cheia de carne e suja de farinha.

Sinto a presença de uma pessoa atrás de mim e me viro vendo duas meninas encostarem na mesa. A morena de tranças, reconheço ser a Karine, já a branca do cabelo liso, não consigo reparar muito por ainda não ter visto seu rosto.

— Eai, teco. — Ela fala fazendo um toque com ele, e assim que ela se vira pra mim, reconheço na hora e percebo sua respiração desregulada, mas ela sabe disfarçar bem, e apenas estica a mão me comprimentando. — Oi!

— Eai. — aperto vendo ela engolir seco e se sentar ao meu lado, colocando a bolsa no colo. — Fala tu, Karine. — faço um toque com ela assim que ela terminar de comprimentar o Matheus.

— Acho que só quem não se conhece aqui é ces dois. — meu amigo fala na inocência me fazendo sorrir de lado.

— Sou a Arielly, prima do Gw. — concordo dando um gole na cerveja, e vejo ela me olhar procurando uma apresentação formal.

— Rw. — digo e ela se vira pra frente colocando uma carne na boca e batucando os dedos na mesa.

— Cadê a Maria Júlia? — Gw pergunta sério, e a branquinha do meu lado olhou pra ele com um sorriso nos lábios.

— Relaxa que ela tá vindo. — Deu nem um minuto, a tal Maria Júlia chegou e se sentou na mesa.

E por incrível que pareça, foi engatando uma conversa manerinha entre nós seis, redendo altas risadas.

Vejo por canto de olho, ela do meu lado pegar o celular e vejo diversas chamadas perdidas.

Sou curioso mesmo. Da em nada!

— Sua mãe? — pergunto baixo sem olhar para ela.

— Não. — responde se levantando. — To indo comprar uma água, já volto já! — as meninas só concordam voltando a conversar com os outros dois em uma conversa que eu nem tava mais prestando atenção em nada.

Contei um minuto de relógio assim que ela saiu e fui atrás. E vi ela de longe fumando um cigarro sentada na arquibancada da quadra.

— Ótima água. — cruzo os braços, ela sorri de lado me oferecendo, pego da sua mão, dando uma tragada e devolvendo.

— Olha, Rw quero te pedir desculpas por ontem e por ter feito você me escutar. — ela pega o cigarro já falando. — e pelo esbarrão também. Não estava no meu perfeito estado.

— Que isso, po. — me sento ao lado dela. — tava achando que tu era uma gótica depressiva. — dou de ombros e ela solta uma risada boa de ouvir me fazendo rir também.

— Gótica? Me senti extremamente ofendida agora. — ela coloca a mão no peito rindo, seu olhar desce para a mão e joga o baseado fora. — Você deve achar que sou uma viciada né?

Nego com a cabeça e ela suspira aliviada.

— Por que eu acharia? — questiono sério e ela fica séria.

— Por nada. — ela se levanta me olhando. — vou voltar pra lá. — concordo vendo ela entrar para a quadra e suspiro passando a mão no rosto e voltando também.

Entro cantarolando a música que tocava no som, ao encostar na mesa as três estavam sambando animadas junto com o Teco.

— Lembro da gente se amando em baixo do chuveiro vendo o banheiro imundar, deixa alagar, deixa alargar. — Arielly sambava perfeitamente bem, chamando atenção de diversos caras, me fazendo sorrir de lado com a cena.

Olho para o lado, vendo a Eduarda se juntar e me olhar sorrindo e acenando com a mão, retribuio pra não ser o pau no cu que esse povo pensa que sou e desvio o olhar dela.

— Tudo bem? — quase dou um pulo de susto, a menina tava lá do outro lado e agora já tá aqui, bagulho surreal, sério mermo, eu em.

— Dboa. — Concordo abrindo uma cerveja.

Ela continua do meu lado, e me estresso. Gosto disso não, tava na cara que a menina tava fazendo isso pra se amostrar para as amiguinhas dela. Mas posso fazer o que? Nada não. Irmão tá do lado, quem tem que dar jeito é ele.

— Pega teu rumo pra casa, Eduarda. — foi como se ele tivesse ouvindo minha mente, porque na hora chamou atenção dela que olhou brava pra ele. — agora!

Arielly se vira parando de dançar assim que a música parou, olhou os dois e se aproximou do Gw.

— Achei que não vinha. — Eduarda cruzou os braços olhando para a prima, e eu só observando enquanto bebo a minha cerveja.

— É, eu decidir vir. — ela sorri sem graça arrumando a sandália. — Tô subindo daqui a pouquinho, Gw. Ela vai comigo.

Eduarda se vira pra ele jogando o cabelo de lado, de forma vitoriosa e se sentou no lugar da Arielly que ficou sem graça e continuou em pé pra não se sentar no lugar de ninguém.

Palhaçada mermo.

•••

Que comecem os mimos 🤌🏻

M.

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