A verdade dói, mas foi o melhor.
Sexta-feira | Rio de Janeiro.
Arielly Almeida.
Point of view.— Mototáxi eu quero que tu me leva, pro Baile de favela. — Karine canta assim que entramos no baile. Respiro fundo, sentindo o cheiro bom de bebida e maconha. — Você tá dboa mesmo né? — olho pra ela concordando com a cabeça.
— Querem subir? — Guilherme pergunta referente ao camarote e eu neguei, lá ninguém nem aproveita nada. Só fica os grandão por lá. — cuidado por aí então, qualquer coisa, tô lá.
— Beleza. — cruzo meus dois braços no braço de cada uma começando a andar.— tô doida pra fumar. Ces tá limpa?
Maju revira os olhos tirando dois baseados do bolso e um isqueiro.
— Últimos. — sorrio de lado colocando na boca e ascendendo. — Maria fumaça do caralho. — ela nega ascendendo o dela.
Karine era á única que não fumava. O exemplo.
Andamos até a Adega e pedimos uma dose de vodka, assim que chegou, bebemos. Saímos de lá indo para o meio e a Karine já nos arrastou pra dançar.
— Se eu engravidar a culpa é sua não é minha, foi você que jogou na pepeka... — Canto dançando até o chão, fazia muito tempo que eu não me sentia livre e feliz assim.
Tempo depois eu olhei pro lado e a Karine fazia sinal de que estava indo beijar na boca, só dei risada e ela saiu com um moreno tatuado.
— Vou pegar mais bebida. — Maju aponta com a cabeça para o bar que tinha perto. — vai?
— Vou no banheiro, depois nois se encontra aqui denovo. — marco e ela concorda já saindo.
Jogo o copo de 500ml que eu havia comprado com Gin e Energético no chão e sinto a minha urina arder de vontade de fazer xixi. Caminho até o banheiro e assim que abro a porta, sinto uma vontade enorme de vomitar. E nem era por conta do fedor de mijo e sim pela cena ridícula que eu estava presenciando.
— Merda. — murmuro baixo assim que a porta bate com força por conta do vento, fazendo meu ex parar o movimento anal na loira e me olhar sorrindo. Que nojo.
— Ary, quer participar? — sua voz bêbada me causou enjoo e dor física.
Mesmo eu pagando de indiferente, não é fácil superar uma pessoa que você se relacionou por quase cinco anos. E eu só quis vir pra cá, pra não realizar meus planos de passar a noite inteira chorando com um pote de sorvete de flocos do lado.
— Gato, eu não gosto de menage. — foi só a loira siliconada dizer isso e eu me virar e vomitar no chão do banheiro. — que isso garota.
Por canto de olho, vejo ele saindo dela e levantando a calça, me recupero sentindo as lágrimas molharem o meu rosto me fazendo passar a mão nos olhos, abro a porta rápido ouvindo ele gritar meu nome e saio praticamente correndo entre as pessoas sentindo nojo de toda a situação.
Sinto meu corpo se chocar contra um forte, e a bebida que presumo ser whisky ser derramada no meu corpo inteiro e até cabelo, mas eu estava tão desesperada e chapada, que eu nem liguei.
— Desculpa. — tento passar mas a pessoa segura meus braços me impedindo. Se eu não estivesse assim, eu claramente xingaria muito esse filho da puta. — cara, me solta. — aperto meus olhos que estavam embaçados por conta das lágrimas.
— C' ta chorando? — me solto dos braços dele, passando a mão no rosto, vendo minha mão preta, droga de rimel barato.
Não respondo absolutamente nada e saio pra fora, soltando o ar dos meus pulmões.
— Ary, me escuta... — ouço a voz do Pedro e nem falo nada, continuo travada olhando para frente vendo um poste com três lâmpadas. — eu tô bêbado, não queria ter falado aquilo.
— Mano, Cala a boca. — nego com a cabeça. — Você me enjoa.
— Olha pra mim. — me viro vendo ele arregalando os olhos. — que merda aconteceu com seu olho?
Me lembrem, de marcar uma extensão de cílios urgente.
Dou as costas pra ele e desço, só desço, sem nem saber pra onde ir. Ph não fez questão de vir atrás de mim, de cuidar da forma como ele cuidava.
— Você terminou com ele, otaria. — respondo meus próprios pensamentos enquanto ando. Paro em uma boca de fumo, vendo uns moloques novo. — um cigarro de maconha, por favor. — peço tirando o dinheiro do bolso. Um me entrega e eu pago. — vocês tem isqueiro? — um mais novo só concorda tirando um do bolso e me emprestando.
Ascendo e coloco na boca dando uma tragada e sentindo meu corpo se aliviar, caminho até a praça do bairro, e me sento em um dos banquinhos. Consigo escrever para as meninas no grupo que eu estava bem, e que estava em casa já.
— Além de doida é fumante. — ouço uma voz e levanto a cabeça vendo o homem que eu tinha esbarrado na saída do baile.
— Olha, se for me matar porque esbarrei em você, faz isso de forma rápida. — peço soltando a fumaça, e ele apenas ri de mim se sentando do meu lado. — Não vai me matar?
— Não. — concordo quieta. — qual foi? — suspiro sentindo vontade de conversar com alguém. Falar tudo que estou sentindo sem medo.
— Você já amou muito alguém? — pergunto dando outro trago.
— Graças á Deus, não.
— Bom pra você. — olho pra ele. — É péssimo.
— Você ama alguém? — volto meu olhar pra frente.
— Não como antes. — sinto meus olhos arderem. — mas fui uma burra. — rio sem humor. — amei sem ser amada. — acabo apoiando minha cabeça no ombro dele. — eu achava, que era amada. Mas infelizmente, eu vivo a frase de ser desejada e nunca amada verdadeiramente por alguém. — limpo uma lágrima idiota que desce. — eu até tento pagar de indiferente quando me perguntam dele, mas cara. Quatro anos não são quatro dias. Entende?
— Não. — ele dá de ombros e eu desencosto do ombro dele. — mas tô ligado.
— Desculpa. — peço me levantando. — eu tô desabafando com você sem nem te conhecer, te enchendo de problemas que nem se quer são seus. — ele não responde nada, e eu dou as costas começando a andar em direção a minha casa. Começando a me achar uma completa retardada.
— Você merece mais do que esse rapaz. Você merece ser amada, ter um amor que te consuma e te leve ás alturas. — paro engolindo em seco, e olho pra ele por cima do ombro. — boa noite, moça.
Ele se levanta e sai, indo para a outra direção. Abaixo a cabeça e olho o cigarro na minha mão, e parecia que, aquilo já não me satisfazia mais, então eu joguei no chão, e fui embora confusa.
•••
Sim, eu fiz eles se conhecerem da forma mais clichê que poderia existir, o famoso esbarram sem querer.
Obrigada pelos 1K de leitura! 🤍
M.
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Dentro de você.
RandomUh uh yeah Fui deixando acontecer Sempre me amei primeiro Não queria me envolver Uh uh yeah Acho que foi o seu jeito Foi assim que me entreguei Acordei no seu travesseiro