004.

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Eu nunca perco, é tudo troca.
Eu sempre deixo, o que é meu, volta.

Sexta-feira| Rio de Janeiro.
Arielly Almeida.

Point of view.

Solto a fumaça pra cima, e coloco o copo de Gin na boca.

— Uma hora dessa? — olho pra trás por cima do ombro vendo o Guilherme encostar.

— Tô de cabeça quente, Gw. — Falo suspirando. — Ph tá me dando um perdido fudido denovo. — Jogo a ponta do baseado no chão. — se eu ver ele na minha frente, eu mato.

Pedro Henrique é o meu namorado, namoro com ele deis dos meus quinze, mas de uns dois anos pra cá, entrou pro crime, aí ja viu né. Tá subindo pra mente.

— Eu mesmo mato. — ele nega se sentando na calçada comigo. — cola no baile comigo hoje. — chama e eu rio.

— Tô de boa. — nego.

— Precisa madrugar não, maluca. — ele ri. — Ás três te trago, faz quanto tempo que tu não sai?

— Nem sei mais. — entrego o copo pra ele. — Vou ver, qualquer coisa te mando mensagem.

— Chama a Karine e a Maria Júlia.

— Se eu for, eu chamo. — ele dá um gole me devolvendo. — se tu ver o Ph por aí, manda ele dar uma passada aqui. — digo vendo ele levantar.

— Para de ser otária, Arielly. — nega com a cabeça subindo na moto. — corre atrás de homem que não te dá valor não, parceira.

— Eu sei. — suspiro.

Dito isso, meu primo saiu feito doido e eu só encostei minha cabeça na parede olhando a aliança no meu dedo. Tirei vendo que minha mão ficou até mais bonita.

Entro dentro de casa, fechando a porta e indo para o meu quarto.

Não deu cinco minutos, Pedro tava no meu portão faltando arrebentar as grades.

— Ou você sai logo ou a grade do portão vai com Deus. — ouço minha mãe falar e saio do quarto novamente saindo no quintal.

— Quer quebrar mesmo? — ele me olha sério.

— Abre aqui, bora trocar uma ideia. — suspiro abrindo o portão, mas ao invés de deixar ele entrar, eu sai, fechando novamente. — qual foi, Arielly? Vai ficar metendo o louco mermo?

— Tô te falando o que? — pergunto e ele fica calado. Tiro a aliança do bolso do shorts e coloco no bolso dele. — Tô terminando contigo. — falo seria. E ele começa a rir da minha cara, como se eu fosse alguma palhaça.

— Brincadeira uma hora dessa, amor? — ele passa a mão no meu rosto.

— Brincadeira nenhuma não, Pedro Henrique. — me afasto dele. — era isso que você queria, tô só te adiantando.

Ele negou com a cabeça. — Você é a mulher da minha vida. Nois tá a uns 4 anos juntos, acha mesmo que vou querer terminar com tu assim? — ele cruza os braços. — Não aceito.

— Puta que pariu. — me estresso. — Tô pedindo pra você aceitar nada não. — abro o portão. — tô te avisando só, que apartir de hoje nois não tem vinclo nenhum mais não. — ele faz questão, de me olhar de cima a baixo no deboche e eu sustento meu olhar nele, tá querendo me deixar insegura, mas não vou abaixar a cabeça pra ele. — faz favor de sumir daqui. — mando.

Fecho o portão e entro dentro de casa dando de cara com a minha mãe de braços cruzados.

— Tomou vergonha na cara de terminar com ele?

A questão era o seguinte; Pedro no começo, era um moloque top comigo, fechamento 10/10. Mas foi como eu falei, entrou pro crime, deixou subir pra cabeça. Umas meninas daqui do bairro, fez uns fakes a uns tempos atrás, avisando que ele tava me traindo, mas eu me fingia de cega, surda e muda. Na minha cabeça ele não era doido de fazer um negócio desses comigo não, mas ele era, e foi nesses perdidos dele que fui me desgastando, amor foi sumindo e a raiva aparecendo.

— Fala assim não, mãe. — digo passando por ela.

— E eu menti? — nem respondo, se não, já era motivo de discussão. E eu nem tava afim.

Tranco a porta do quarto, abro meu Instagram, tirando as coisas tudo, arroba da bio, fotos e destaque, deixei só coisas minhas mesmo, aproveitei para mudar minha senha e desativar o Instagram dele como uma forma de vingança. No WhatsApp, mudei a foto de perfil, que era nossa e coloquei uma minha.

Não deu uma, Karine já me ligava.

— Fala tu, preta. — digo assim que atendo.

— Terminou foi? Ou só brigou? — me pergunta rindo.

— Tá rápida.

— Ele passou aqui de frente, num pau da porra, peguei o celular pra te avisar, vi a boniteza, aí assimiliei uma coisa na outra.

— Terminei, Kah! Tô até me sentindo melhor. — me jogo na cama.

— Depois de quatro anos, tá se sentindo bicho solto, é normal. — sorrio de lado. — Bora colar comigo e a Maju no baile hoje?

— Gw me chamou. — comento com ela. — se vocês forem, eu vou.

— Então nois vai.

— Vamos com ele? — pergunto e ela concorda. — vem se arrumar aqui em casa então.

— Beleza. Vou ir fazer minha unha ali, quando chegar só tomo um banho e desço com a Maju. — avisa. — beijos, amor.

— Beijos minha vida.

Desligo deixando o celular de lado.

•••

M.

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