Indomável (Romance Gay)

Capítulo 9 - (Não) tem como piorar

Se tem uma coisa que eu sempre admirei bastante em mim mesmo sem precisar me esforçar, é a mimha determinação quando tenho alguma meta. Isso justifica eu ter andado tanto sem saber se me perderia no meio do nada ou seria picado por algum tipo de serpente venenosa. Nessa parte da fazenda, a grama começa a ficar mais alta. E é claro que eu morro de medo de qualquer bicho que possa cruzar o meu caminho, mas o meu medo de ficar nesse lugar pra sempre é muito maior.
Ontem, quando voltei do bar Meia Noite, ainda era fim de tarde. Esperei ver o Colt, mas ele não apareceu. Ele meio que some quando a noite se aproxima. Mas estava tudo bem, eu já me dei muito mal por me precipitar nessa vida. Aproveitaria para pensar um pouco mais em como executaria o meu plano durante a noite. Depois de jantar e ser humilhado pelo vovô jogando damas, decidi que não resolveria nada me precipitando.

Hoje, durante o dia, também não dei de cara com o Colt, o que também não é estranho. Eu não tinha nenhuma "tarefa" pra cumprir na fazenda, então não precisaria dele. Porém , muito infelizmente, vou ser obrigado a acabar com a sua folga.
O tempo passou, e mesmo tendo decidido ir com calma, ainda precisaria agir.
Lembrei que a Judy me disse uma vez que ele morava por aqui. Apontou para os fundos da fazenda -na direção do celeiro- e não pensei duas vezes. Eu estava entediado, mesmo. Não tinha nada para fazer em casa além de ficar ouvindo o vovô dizer, de forma indireta, como gostaria que eu fosse. Então escapei.

A direção do celeiro foi só uma ilusão. Eu andei pra caralho para encontrar a porcaria da cabana que fica bem longe da casa da fazenda. Em um lugar relativamente mais isolado ainda, até meio camuflado com as árvores que tem ao redor. Se eu fosse um assassino em série, procuraria um desses para me esconder.
Bom, eu ainda não tenho certeza de que é aqui que ele mora. A única pista concreta é o cavalo marrom amarrado a uma árvore e aguardando pacientemente. Eu ainda não acredito que consegui chegar aqui, e espero não ter que voltar a noite.

Ouço o barulho semelhante à de água caindo vindo dos fundos. Ciente de que a minha curiosidade pode me matar, me aproximo devagar. Entre passos curtos, chego ao fundo da cabana. Na minha frente tem uma divisória de madeira lascada, do outro lado, através das frestas na madeira, vejo-o totalmente nu em baixo do "chuveiro". Felizmente está de costas e não me vê, se bem que não sei se conseguiria sem chegar bem perto das frestas.
Depois de alguns segundos boquiaberto, me afasto subitamente ao lembrar que é errado e estranho pra caralho ficar observando assim... por mais hipnotizante que pareça.
Me afasto um pouco mais da visão do cara mais gostoso que já vi na minha vida. Acho que posso voltar uma outra hora. Nem rola esperar aqui.

Dou um longo passo para trás, imediatamente ouvindo um galho quebrar.

-Porra...-Sussurro.

O barulho da água para no momento em que o galho quebra. A essa altura, posso fingir que acabei de chegar. Se ele estiver vestido eu posso me concentrar em parecer convincente. Olho ao redor. A impressão que tenho é que algum animal selvagem vai surgir por aqui a qualquer momento. Em baixo da maior e mais velha árvore, encontro um balanço de corda. Também me pergunto o motivo de ter um desses por aqui. Parece ter sido usado poucas vezes, ainda assim muito velho. Sento-me para esperar e depois de alguns poucos minutos posso vê-lo sair pelos fundos.

Como sempre, está vestindo jeans, porém, ainda fecha o seu cinto e tem a sua camiseta ainda não vestida nos ombros.

-O que deseja?-Questiona, após fechar o seu cinto de fivela enorme, agora veste a camiseta.

"Você" penso, ignorando o pensamento intrusivo logo em seguida.

-Primeiro eu gostaria de saber como você consegue viver aqui.

Me encara por um milésimo. Ele me irrita profundamente quando tem esse tipo de atitude. É como se não fizesse questão de olhar para minha cara, mas ainda assim, o fizesse só para me julgar.