—Mas o nosso passeio... -eu choramingo junto ao seu peito já sem sinal algum de que estava no banho a não ser o cheirinho de sabonete em sua pele. —Foi por água abaixo.
—Bolas para esse passeio! -ele faz um muxoxo e me aperta ainda mais em seus braços. —Se esse flopou a gente cria outro. Quero dizer, um que seja em terra firme. Nada de barcos, ou mar ou...
E então, no meio da sua crescente empolgação ele para de falar e fica pensativo. Eu me desfaço do abraço e o encaro tentando entender o que houve com ele assim tão de repente.
—Oppa... -eu o chamo desconfiada.
—Aish... não é nada. -ele dá um suspiro. —Eu só estava aqui lembrando que tínhamos uns planos bem legais para essa viagem, né? Malditos caras-do-filme-de-terror-mal-feito!
Não tem como não rir da sua imitação barata da Jullya. Ela também riria, mas certamente ainda estava zangada com aqueles caras lá. Acho que todas as meninas estavam, do seu jeito, zangadas com tudo o que aconteceu.
—Ela estava vermelha de tão zangada, né? -ele brinca lembrando de como a ruivinha explodiu com o diretor do filme.
—Não mais do que a Marina. -eu completo.
—Ela é brava, né? -ele fala pensativo. —Quero dizer, eu sempre achei que a brava do grupo fosse a Daiana, sabe? Ela tem aquela pose de marrenta...
—Na verdade, a brava do grupo era eu. -eu rio tristemente ao constatar que falei de mim mesma no tempo passado.
—Que bom que não é mais. -ele faz um carinho nos meus cabelos. —Eu prefiro você sendo fofa e gentil. Acho que não conseguiria me sentir à vontade perto de uma mulher zangada. Eu meio que...
—Eu entendo. -eu assinto e volto a abraça-lo.
—Eu prefiro você assim. -ele me aperta e dá um beijo no topo da minha cabeça. —Quando se abre comigo, quando ri das minhas piadas, quando cozinha ao meu lado, quando confia em mim... e quando veste as minhas roupas.
Não dá para evitar sorrir quando ele fala isso, mas não é como se eu tivesse vestido todas as roupas dele. Na verdade, nem é um hábito meu. Foi só hoje, afinal uma camisa folgada é melhor de vestir do que as roupas que eu trouxe e que acabariam arrancando os meus curativos.
—Não precisa ter pressa para devolver, tá? -ele acrescenta.
—Na verdade, eu planejava não devolver em momento nenhum. -eu brinco e ele dá uma gargalhada.
—Para poder lembrar do meu lindo rosto? -ele brinca levando as mãos às bochechas.
—Por causa do seu cheirinho. -eu explico um pouco envergonhada e não era mais a mesma vergonha que eu sentira mais cedo.
—Ah... o meu cheiro nem é grande coisa! -ele argumenta. —Eu prefiro o seu. É como estar namorando um cupcake de morango com chocolate.
—Ai, fala sério!
—É verdade! Às vezes até dá vontade de morder pra ver se tem mesmo gosto de morango com chocolate. -ele fala com um sorriso no rosto e algo mais no olhar.
—Por isso você me mordeu hoje? -eu pergunto desviando o olhar.
Eu sei que no fundo ainda me sinto mal por tudo o que aconteceu, mas mudar o foco do assunto e lembrar de algo menos tenso faz eu me sentir um pouquinho melhor. Mesmo que esse algo menos tenso seja um momento delicado que tivemos no mar.
Eu podia ter lembrado de qualquer outro momento legal que tivemos, mas não sei porque fui lembrar logo desse. E pela cara que ele fez, é óbvio que também lembrava.
Wait for me
Mulai dari awal
