A Grumpy Jungkook

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Ele também me trouxe um pacote de doces alegando que a minha cara estava tão azeda quanto a minha vida e assim eu iria me alegrar. Que bonzinho é o meu hyung! Só o mais velho, porque os demais são umas pestes que antes que eu conseguisse reagir já haviam tomado o meu pacote e enfiado suas mãos grudentas nos meus doces.

—Não vai chorar, maknae! –Yoongi brincou.

Mas, foi só chegar em casa para eles se lembrarem que agora não tínhamos o andar inteiro do prédio só para nós. Eu sabia e pela cara dos meus hyungs, eles também sabiam. Eu não conseguia pensar direito e nem me acalmar. A vizinha poderia ser muito bem uma sociopata! O Jimin-shi me disse que ela era Army, mas não disse de que tipo. E esse barulho que... porcaria de música que só me deixa mais nervoso e... onde esses doidos estão indo?

Ótimo! Agora estão todos com os ouvidos na porta. Não sei quem é mais doido. Espera! Meus pés instintivamente se movem na direção do apartamento da frente e à medida que me aproximo consigo ouvir que a "porcaria da música" na verdade Blood, Sweat and Tears, é a minha voz e... a dela! Pode até ser uma stalker, mas canta bem, devo admitir.

Mesmo eu não tendo provas de que ela seja uma stalker e mesmo cantando bem... ainda é uma stalker.

Foi o Jimin-shi quem achou o pedaço de papel florido dobrado debaixo da porta quando enfim o Jin hyung conseguiu desvencilhar-se do encanto daquela voz e chamou a todos para casa. Eu tive certeza imediata de que ela estivera aqui. Nem esperou dar vinte e quatro horas de contratada para já vir infiltrar-se. Isso é amedrontador! E a prova cabal de que eu tenho razão estava ali nas mãos do meu hyung.

—Olha só, fomos convidados para o jantar! –ele falou após ler o conteúdo do papel.

—Vamos! —Hobi gritou todo animado já esquecendo-se da troca de olhares com o Namjoon.

—Suado desse jeito? Quer que a moça pense mal de nós? –Jin reclamou. —Todo mundo para o chuveiro agora!

Enquanto eu trocava de roupa, ouvia os comentários:

—Eu nunca pensei que nossa música ficaria tão bonita cantada por uma mulher. –Taehyung começou.

E quando estava no chuveiro também ouvi:

—Devíamos levar alguma coisa além do açúcar para ela.

Também quando eu me arrumava com toda a lentidão do mundo e a menor vontade de sair da segurança do meu quarto.

—E se ela não gostar da gente?

—Então porque ela seria Army?

Eu não sei exatamente quando os mais velhos combinaram de entrar cantando no apartamento dela, mas eu não ia participar daquilo nem morto. Na verdade, eles combinaram, mas apenas o Jin-hyung cumpriu a sua parte. Típico do Yoongi: "vamos combinar uma coisa e não vamos avisar ao Jin". Pelo menos só ele pagou o mico, já que os outros estavam duplamente envergonhados.

Enquanto o casalzinho ficava se encarando feito dois malucos eu corri os olhos pelo cômodo até meus olhos se cruzarem com a criaturinha mais adorável que eu já tinha visto na vida. E de criaturas adoráveis eu entendo já que sou uma. Devia ser o filhinho da moça que a tudo olhava e parecia... encantado!

Ninguém que tinha um bebê tão fofinho e ficava com as bochechas vermelhas vendo o Jin pagar mico pode ser ruim, eu acho.

Ela, na verdade, pareceu bem mais assustada conosco do que nós com ela. Até pegou o neném no colo de tão nervosa que ficou. Esses meus hyungs e suas ideias sem pé nem cabeça!

O Hoseok pegou o neném no colo e já foi levando ele para brincar como se fossem velhos amigos e como não houve nenhuma objeção eu me esforcei para relaxar um pouco. Quando dei por mim já estava segurando o Relâmpago McQueen nas mãos e apostando dez wons de como ele chegaria primeiro até o neném.

Felizmente a mãe dele não estava por perto para ver a cena ridícula. O Yoongi costuma ser muito competitivo até quando estamos brincando.

—Qual é o seu problema! –ele reclamou. —Você é rico! Anda logo e dobra essa aposta senão não brinco mais.

Não que ele saiba brincar.

Aí eu olhei para trás e a vi com uma garrafa nas mãos olhando para nós. Não era o olhar psicótico da garota que se escondeu certo dia debaixo da minha cama. Era como se eu visse a minha mãe olhando para mim quando eu era pequeno e brincava com o meu hyung.

Era algo singelo e puro, como se ela não quisesse que aquela brincadeira acabasse. Algo que ao mesmo tempo me atraía e me dava paz. Nossos olhares se cruzaram e eu antes que pudesse me impedir, já estava abrindo um sorriso para ela que sorriu de volta.

E depois da usual troca de farpas entre os meus hyungs, lá estávamos nós sentados no chão tomando suco com uma coisa que ela pôs dentro e jurava que era mate. No Brasil eles tomam isso? O que mais as pessoas fazem no Brasil? Era uma pergunta atrás da outra que era carinhosamente respondida pela moça que olhava para cada um de nós com uma admiração quase maternal. Não era algo cobiçoso como eu estava acostumado a presenciar em certas pessoas. Aquela moça, eu observei, nos tratava do mesmo jeito que tratava o Marquinhos. Talvez nem todos nós já que eu observei também que ela não parava de olhar para o Jin-hyung. Mas talvez fosse só a minha paranoica e traumatizada impressão.

O clima parecia tão agradável até alguém, não lembro quem, perguntar sobre a família dela. Será que apenas eu notei o quanto essa pergunta a deixou desconfortável? E o pai do bebezinho? Alguém por favor faça o Tae-shi calar a boca? Inconveniente esse rapaz!

Por causa dele todos nós levamos bronca do Jin que depois levantou-se e seguiu aquela noona até a cozinha alegando que ajudá-la a trazer uma tal de sasanha... salanha... sardinha... sei lá, era o mínimo que podia fazer para redimir a todos nós por nossa grosseria.

E não voltou mais.          

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