Depois da curta viagem gelada chegamos ao ap "da temporada", como Jake e eu costumávamos dizer.
O prédio era antigo, com vários outros apartamentos colados uns aos outros. Subimos vários degraus antes de chegarmos à porta dele. Jake abriu a fechadura e, em seguida, uma segunda. Depois disso, girou a maçaneta em um ângulo muito específico. "Talvez algo estivesse preso na fechadura? "Pensei. Depois concluí que essa era mais uma maneira discreta de adicionar um nível extra de segurança à porta. Ouvi um clique suave e a porta se abriu. Um pequeno corredor se revelou. Deixamos nossos sapatos e casacos ali.
Para além do corredor, dei uma olhada no apartamento quase vazio. Claramente Jake não fez nenhum esforço para fazer aquele lugar se parecer com um "lar". Até porque não haviam motivos pra isso. Menos coisas para levar, caso ele precisasse desaparecer sem deixar rastro.
Me perguntei porque ele decidira ficar em um lugar assim, ao invés de um hotel. Minha esperança de que ele planejasse ficar por mais algum tempo crescia.
Jake ficou parado ao meu lado por um instante. Tentando disfarçar os meus pensamentos eu disse:
- Você exagerou, duvido que seja tão barato. Na real, é um bom ap.
- Você moraria em um lugar assim? - Ele perguntou casualmente.
Aquilo me pegou totalmente de surpresa. Respondi sem pensar:
- Já morei em lugares piores.
- Hm. - Jake assentiu.
- Mas eu definitivamente precisaria de mais móveis, eu ri de leve e completei: - Porquê a pergunta? Você não gostou daqui?
À esquerda, havia a parede onde "deveria" estar uma TV, mas em vez disso havia uma mesa de centro, pequena e retangular, com um par de almofadas. Ele colocou a mochila no chão, tirou o notebook pesado e o colocou sobre a mesa.
- Não sei dizer. Já estive em tantos lugares... Tanto piores tanto melhores. Geralmente escolho onde é mais prático. - Jake disse, já distraído pelo notebook.
"Prático para fugir," Pensei.
Olhando para a minha direita, a cozinha parecia muito mais "habitada" do que a sala de estar. Haviam alguns pratos na pia, uma panela pequena sobre o fogão, alguns armários brancos acima, segurando o microondas. No canto estava a geladeira. Perto da cozinha, havia uma porta fechada que eu presumia ser o quarto dele.
"O quarto dele." Senti minhas bochechas esquentarem, pensando na cama dele. "Calma, se segura um pouco, não tem nada demais nisso'". Segurei minhas bochechas e olhei ao redor, esperando que Jake não estivesse olhando pra mim.
Para a minha surpresa ele já estava sentado em uma almofada, digitando em seu notebook.
- Está tudo bem? Vai amanhecer já, já...
- Eu precisava checar um coisa", ele disse, sem tirar os olhos da tela. Depois, olhando para mim, ele pareceu hesitar. - Está vendo esse número? - ele perguntou, tocando na tela.
- 12%? O quê é que tem?
- É o resultado de um algoritmo. O Nymos, entre outras coisas, me informa sobre a probabilidade do Bloomgate me encontrar aqui, com base no programa espião que plantei no sistema do DP. O algoritmo lê as informações que ele obteve sobre nós, até a explosão da mina. Então, calcula os próximos passos que ele provavelmente dará. Além disso, eu alimentei o Nymos com alguns dados falsos misturados com verdadeiros, para que ele possa prever algumas situações. Resumindo, quando a porcentagem ultrapassa os 20, eu me mudo. Abaixo disso, eu fico por mais um tempo. Então, parece que estamos bem por enquanto.
YOU ARE READING
Noite com Ele - Duskwood
FanfictionEla só queria uma noite. Depois de tudo, a MC finalmente encontra Jake cara-a-cara - e o plano era simples: uma noite tranquila no Aurora. Mas as coisas não ficam simples por muito tempo. Entre conversas atravessadas, silêncios pesados e uma química...
