Capítulo XII || Only Love Can Hurt Like This

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— Me solta, Ryan!

— Não. Você vai continuar aqui, quietinha, e vai assistir a última apresentação de Pierce. Quando terminar, iremos para a minha casa. Não vou te deixar no meio dessa confusão e, além do mais, quero que fique comigo a partir de agora, meu amor. Alugarei um apartamento maior para nós dois, onde você tenha bastante espaço para as suas coisas. Vamos acertando tudo aos poucos. Poderemos comprar uma casa no futuro, se você quiser ter um quintal ou um jardim.

— Do que você está falando? Eu não vou para a sua casa, quero ficar com meu Mestre! — Afirmo, exasperada.

— Olha só a lavagem cerebral que ele fez em você, Cecilia. O filho da puta é mesmo muito bom nisso. Será que não percebe o que esse homem, que você diz que ama tanto, faz? O que ele é? Como pode amar uma aberração dessas assim? Não consegue enxergar além da aparência? Ou já esqueceu tudo o que ele fez com você?

Começo a chorar de medo, de raiva, de impotência, e Ryan me abraça. Quero afastá-lo porque estou assustada e com ódio dele, mas, ao mesmo tempo, sinto um pequeno alívio. Eu não destruí sua vida nem do seu filho, ele não se transformou num policial corrupto e não será preso por minha causa. Mas Ezra será. Porque estou impedida de avisá-lo.

O desespero toma meu peito. Ryan continua me prendendo junto à poltrona, com um braço firme em volta dos meus ombros e ainda segurando meu pulso com a outra mão. Até tentei me desvencilhar, mas desisti, vendo que era inútil; ele é muito forte e está determinado a me manter no lugar; acho que seria mais fácil mover uma parede.

A nostalgia me atinge ao assistir o show começar como há dezesseis anos, mais bem produzido e elaborado dessa vez, mas o mesmo em essência. Ezra, bonito como nunca, manipula os bonecos de madeira com maestria e sinto que meu coração está preso numa daquelas caixas de mágico, onde se espetam várias espadas atravessando de um lado a outro, mas aqui não há truque; todas elas o acertam de novo e de novo, fazendo-o sangrar de pavor. A primeira vez em que o vi, ainda era um rapaz de vinte e poucos anos, eu não sabia seu nome, não conhecia o som de sua voz, era apenas mistério e o início de um desejo. Hoje ele é o meu tudo. Esse era para ser um momento de felicidade plena, de me dar conta que realizei meu maior sonho: tê-lo ao meu lado e, no entanto, vejo minha alegria ruir a cada segundo que passa.

Só sei que preciso fazer alguma coisa, não posso deixar que o levem de mim. Penso em assumir todos os seus crimes em seu lugar — como se fosse possível — mas isso ainda nos manteria longe um do outro. É uma ideia sem cabimento. Nada de útil passa pelo meu cérebro numa hora dessas.

Olho para a minha aliança. Ele está usando a dele. Meu marido, meu amor, minha vida. Meu dono. Meu tudo. Tento focar o pensamento, fazer com que me ouça de alguma forma através de nossa comunicação sem palavras, porém ele está muito concentrado na apresentação para que possa ouvir.

Lágrimas silenciosas percorrem meu rosto, respingam em meu colo e correm para dentro do decote. Meu corpo dá pulinhos, porque estou segurando os soluços para não incomodar os outros espectadores. Não quero estragar a última apresentação de Ezra. Céus, não quero nem pensar nisso.

Tenho vontade de matar Ryan, por ter feito o que fez, por ter nos enganado, mas de que ia adiantar? Se não fosse ele, seria outro, Ezra estava sendo investigado de qualquer forma, e eu teria que ir para a cama com esse outro para ajudar meu Amo, uma coisa que certamente não suportaria. E, mesmo que eu não precisasse passar por isso, cedo ou tarde ele seria pego, não seria? Não foi assim que Jackson falou, que não existe crime perfeito? Por que, por que ele faz isso? Só por dinheiro? Ou seus crimes satisfazem a maldade que se esconde em seu coração? Tínhamos tudo para ser felizes juntos, desfrutando de um amor como o nosso, que não existe nem mesmo nos livros. Se não fossem esses malditos negócios, Ryan não teria voltado para mim da forma como voltou, eu não teria me apaixonado. Toda a loucura estaria restrita ao nosso quarto. Seria perfeito, mas pensar assim é uma bobagem que só me faz sofrer mais, agora que estou prestes a ficar longe dele pelo resto da vida.

O MESTRE de marionetes Where stories live. Discover now