Guardiões Elementares

XXXIII- Halley

-As vezes os nossos planejamentos acabam dando errado.
Mas calma, respire e veja que estou logo aqui para te ajudar.
A voz de Ahron se tornava grave a cada palavra pronunciada por ele.
Depois de horas de viagem, aterrizamos e montamos acampamento em uma área menos obscura da floresta. Foi aí que meus pesadelos se tornaram mais fortes.
A cada passo que davam-mos nos aproximando dos bosques, mais sonhos perversos tomavam as minhas horas de sono. Essa noite o sonho foi ainda pior.
* * *
- O que acha dessas fita vermelha?
Minha mãe falava aproximando a fita do meu cabelo.
- O seu cabelo é negro, tem um ótimo contraste com a cor.
Falava ela.
A imagem era um pouco borrada, mas estávamos em meu quarto, dava para perceber isso.
Um quarto luxuoso com uma cama enorme e prateleiras grandes de bonecas de todos os modelos.
- Eu preciso estar linda para hoje mamãe. Também quero que a senhora procure uma fita tão linda quanto a minha para Aura.
- Claro meu amor, com essa dourada ela ficará linda como você. Serão as meninas mais bonitas da festa.
Ela falou sorrindo e olhando para mim com seus grandes e claros olhos azuis como os meus.
- Está na hora minha pequena princesa, vamos receber todos aqueles convidados chatos e depois poderemos comer chocolate com frutas com o papai e o Lucca o que acha?
- Eu adoraria mamãe.
- Então vamos meu amor. Você sempre será a minha princesinha.
Ela estendeu a sua mão e me tirou do banco fofinho e saímos pela porta do quarto.
Todo o castelo, a cada sala que vejo, se torna ainda mais luxuoso. O salão onde estávamos recebendo os convidados também não era diferente.
- Papai!
Corri até meu pai e o abracei, mesmo que ele estivesse um pouco incapacitado por estar segurando Lucca nos braços.
- Minha pequena! Olha como você está elegante hoje. Digna de uma coroa.
Ele falou me girando e todos nós rimos.
- Preciso receber os convidados minha querida. Poderia segurar Lucca por favor?
Perguntou o meu pai.
- Vem meu bebê, vamos deixar o papai se divertir um pouco.
Mamãe falou rindo do meu pai, ele revirou os olhos e saiu cumprimentando os convidados.
- Meu amor você quer brincar com a Aura? Vá encontrá-la e entregue à sua fita. Só tome cuidado por favor.
- Okay mamãe, tomarei.
Ela virou-se e começou a conversar com uma fada alta e bonita, que emitia brilho de suas grandes asas e eu me perguntando como ela passou pela porta com essas duas coisas de cada lado.
Procurei pela Aura por todo lugar, mas estava realmente difícil achar a minha amiga.
- Hay!
Aura chegou por trás me dando um susto.
- Nossa, você quer me matar!?
Nós duas rimos e eu entreguei a sua fita dourada.
- Ficará linda!
A Aura sorriu e me abraçou, me puxando até próximo a sua mãe que era uma das empregadas do castelo e estava servindo aperitivos aos convidados.
- Mãe, olha o que a Halley me deu. Coloque em mim mamãe.
Ela pediu manhosa e a mãe riu virando-a e colocando a sua fita entre o seu cabelo chocolate ondulado.
- A garota mais linda que já vi.
Ela falou para Aura sorrindo entre suas marcas de expressão pelo cansaço do trabalho no castelo.
Enquanto terminávamos de conversar com a Dona Lufa, mãe da Aura, uma corneta foi soada e um arrepio tomou conta de mim.
- Hay, você precisa me acompanhar.
Dona Lufa me puxou procurando o guarda mais próximo.
- Não, eu preciso achar a minha mãe.
Corri na outra direção entrando no salão principal encontrando Tereza terminava de enfiar um punhal na barriga do meu pai.
Lágrima começaram a cair e antes mesmo que eu pudesse me aproximar da minha mãe, ela atirou na mesma, que estava de costas a Tereza tentando correr para salvar o meu irmão que estava em seus braços.
Ela caiu desacordada no chão com a criança em seus braços. O seu corpo cobria o meu irmão e eu não consegui vê-lo no chão.
Antes mesmo que eu conseguisse chegar próximo a eles entre a multidão que olhava atônico a tudo isso, uma pessoa me agarrou e tapou a minha boca.
- Precisamos sair daqui.
Eu tentei me soltar e tentar controlar a minha raiva e dor, mas não funcionava, mamãe, papai e meu irmãozinho tinha partido. Eles me deixaram.
- Fique em silêncio, senão ela verá você.
Olhei para cima e vi que a mão que segurava a minha boca era o de Grenger.
Andei em silêncio até o portão principal do castelo, correndo logo atrás de Grenger que me puxava com determinação.
- Se ela nos alcançar você continua a correr e eu vou interceptá-la ouviu?
Acenei em concordância e continuei a correr um pouco desengonçada por causa do pânico.
Essa área dos corredores do castelo estava mal iluminada até que uma coisa atrás de mim iluminou-a.
- Halley por favor corre, ela vai nos pegar.
Então ela me pegou nos seus braços e eu a agarrei o pescoço e assim conseguimos chegar até a entrada do lugar.
Andamos até onde um cavalo estava amarrado e subimos cavalgando o mais rápido que pudéssemos.
Me virei e vi vários guardas ao redor de Tereza, a rainha do mundo da Terra.
Uma luz vermelha fora emitida pelo ponto mais alto das torres do castelo.
Aquilo era o aviso que a família real estava morta.
- Não olhe para trás meu amor.
Grenger me avisava. Nessa época eu nem a conhecia direito, mas nesse sonho eu a reconhecia bem. Com um aspecto mais jovem e com as mesmas roupas de quando me salvou na boate.
* * *
- Shiiu, chore baixinho, assim você vai acordar o Ahron.
Quando acordei, encontrei o Jack ao meu lado na cama da barraca. Ele estava segurando a minha mão deitado ao meu lado. Parecia que estava lá a muito tempo e ele não me olhou de um jeito preocupado, mas um senho compreensivo, como se soubesse tudo o que eu estava passando.
- Eu sei que é muito para assemelhar, mas você vai conseguir.
Mas como ele conseguia saber dos meus sonhos?
Eu o olhei curiosa como se tivesse crescido uma outra cabeça no seu corpo.
- Eu consigo ver os sonhos de todos ao meu redor.
Ele falou se virando para que ficasse com os olhos no teto da barraca.
- Eu sou herdeiro do mundo dos sonhos Hay.
Mais coisas para se assemelhar em tão pouco tempo.
- Como?... Por que não me falou antes?
Ele deu uma risadinha.
- Imagina? Eu ando com um garoto que sabe tudo o que eu sonho no raio de 10km e que não consegue dormir a noite pois tem que aceitar de bom grado o sonho de todos, menos o dele.
Jack deu um riso frustado.
- Eu odeio a minha vida.
Deitei colocando a minha cabeça no seu ombro.
- Eu acabei de ver meus pais morrerem, novamente.
- É eu sei. Eu vi também.
- Deve ser péssimo ter que ver o sonho de todos.
- É sim. Inclusive nesse momento o Ahron está sonhando que irá matar o seu irmão.
Me levantei.
- Meu irmão está morto, então aquele garoto está mentindo.
- Não, ele não está mentindo. A Tereza achou que seu irmão estava morto quando o corpo da sua mãe ficou por cima dele. Mas ele sobreviveu e foi criado sob a proteção real e hoje comentando tudo.
Abri minha boca em surpresa.
Todo esse tempo eu me perguntava se eu tinha família e hoje descubro que tenho. Mas ele não é nada bonzinho comigo.
- Olha, sinceramente, você não me considera sua família? Essa eu não vou deixar de contar para a Grenger.
O meu espírito fluiu da minha marca e se sentou em uma cadeira vazia no canto da barraca.
Corri até ela e a abracei.
- Hay! Por que você sumiu?
Ela me empurrou e apontou para Jack que me olhava como se eu tivesse problemas já que só eu conseguia vê-lá.
- O seu amigo, que inclusive é muito bonito está achando que você é louca.
Agora vai lá porque não estou a fim de conversar com você, só passei pra dar oi e falar que se você me fizer virar outra vez um dragão irá apanhar ouviu?
Eu enxuguei as minhas lágrimas e sorri. Andei até Jack e me aconcheguei ao seu lado, conversando coisas bobas até eu conseguir pegar no sono e esquecer a minha vida marcada de muita destruição.
* * *
Naquela noite ainda eu percebi que a única culpada pela perda da minha família era Tereza.
Tudo o que almejava a minha vida inteira enquanto crescia me foi retirado por ela e isso... Bem, ela me pagaria muito caro.
- Chegamos.
Ahron me falou pousando o cavalo no solo de frente para altos portões brilhantes envoltos de uma muralha alta que parecia uma barreira transparente que emanava uma luz amarela.
- Enfim nos Bosques dos Espíritos.
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Olá ^^ espero que tenham gostando. Preciso muito que comentem o que acharam especialmente neste capítulo já que ele está um pouco surpreendente não acham ?!
Obrigada por acompanharem o livro e por esperar tanto tempo pelos capítulos.
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Um grande beijo aos meu leitores.
- G