Olívia
— Como suas intenções são as melhores. — Respondeu ele, cheio de ironia — Acho que a celebração será maior ainda. — E eu própria sabia que lhe fornecera a condição mais simples para continuar com ele aqui, nesse natal. Por algum motivo, sentia que estava fazendo o certo.
— Sentiria muito a falta dela, Sr. Damman. Não a deixaria lá sozinha, nunca deixei, sou sua única família que ela possui. Ela também sentiria muito a minha falta. — Sebastian voltou à atenção para a pequena.
— Olívia, você é uma jovem linda, muito inteligente e bondosa, e tem um grande coração. — Disse parecendo entender e saber pelo que nós duas havíamos passado.
A afirmação era de encrespar, eu nunca havia sido chamada de linda, fiquei em puro choque por um breve momento. Sem a menor antecipação, senti novamente algo diferente em meu ser... Algo que me pareceu inadequado para o momento, pulos e batidas fortes em meu coração.
— Eu lhe garanto Sr. Damman, que seu natal será especial esse ano e extraordinário. Sua bondade por deixar Cecile comigo será recompensada. — Disse sorrindo para o meu tutor.
E agora estava ali, dentro de uma mansão com um homem que acabara de conhecer, e já admirava pelo pouco contato. Sua anuência de permitir meu pedido mostrava o quão bondoso ele parecia ser. A garantia de que eu lhe dei havia certas possibilidades de transformar não só meu natal, mas sim de Cecile e com certeza o de Sebastian.
— Está cansada? Gostaria de lhe mostrar o quarto que preparei para você. — Perguntou ele, sorrindo à frente. A pergunta serviu para enfraquecer aquele momento de devaneio. Fiquei momentaneamente agradecida.
— Claro.
— Que bom.
O Sr. Sebastian subiu uma escada mostrando o caminho. Depois de termos percorrido uma pequena distância em silêncio ele ficou de lado e indicou com a mão um aposento, oferecendo-me a oportunidade de ficar em frente a uma porta talhada da mais nobre madeira. Era evidente que sua casa era enorme e bem cuidada. Sem a menor sombra de dúvida, ele acenou para que eu abrisse e assim o fiz. E não pude deixar de notar que ele estava desassossegado.
— Sinto em informar que não esperava sua idade, mas já mandarei consertar. — Disse Sebastian. Sua voz soava abafada. — Mas como a menina também vai ficar, servirá para ela. Depois virá alguém com seu leito. — Os lábios dele se comprimiram diante das palavras que dizia. E aquela linda visão de seus lábios se movendo me deixou pensativa bem mais do que gostaria.
— Está tudo muito lindo e aconchegante. — Conseguir pronunciar, ainda, bastante embaraçada, nunca tinha visto tantos brinquedos e luxo.
— Jodi que montou, apenas supervisionei. Aprovei o resultado e gostei também. Espero que seja o suficiente para abrigar a Srta. E Cecile.
— Claro. — Respondi — É bem mais do que já tivemos. Obrigada por tudo.
— Eu não faria menos e não precisa agradecer. — Confessou ele. — E como sou o seu tutor senhorita, sinto-me na obrigação de lhe proporcionar tudo. — Falou olhando para mim. E de novo senti-me presa nesse olhar.
Ao ouvir as palavras de meu tutor, só conseguia me prender no "proporcionar tudo" e me alarmei. Já era bastante ruim estar com aquele sentimento de desejar sempre o olhar desse cavalheiro contundente sobre mim, mas não podia e nem pretendia levar esse sentimento e sensação desconhecida por ele muito mais adiante. Tinha que retroceder esses pensamentos, e manter-me cautelosa sobre eles.
— Isso está muito melhor. — Ouvi Cecile sussurrar satisfeita, enquanto eu tentava ocultar, ainda, mais para as sombras profundas do meu coração meus recentes sentimentos, não estava certa se já tinha sentido isso antes.
— Assim, eu pretendia agradar, meu anjinho. — Sussurrou para pequena, pela primeira vez desde a nossa chegada, em sinal de carinho. Ela estava toda derretida ao ser chamada de "anjinho". — Agora vou deixar vocês duas se adaptarem e se preparem para o jantar.
— Obrigada, Sr. Sebastian. — Vergonhosamente respondo, e assim ele deixou o quarto e senti um vazio nunca sentido antes, uma sensação de perda que me inquietava a alma.
— Está gostando, Cecile? — Perguntei à menina que olhava encantada para uma boneca.
— Olívia, eu posso pegar? —Perguntou com toda inocência.
Alcancei a bela boneca e lhe entreguei, elasorriu e fiquei imensamente realizada por ela estar feliz. Estávamos vivendo umarealidade linda nunca vivida.

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O TUTOR - DEGUSTAÇÃO
RomanceTutor : s.m. Aquele que exerce a tutela de alguém; indivíduo que é responsável legalmente, por testamento ou determinação judicial, por alguém que não atingiu a maioridade. Protetor; aquele que defende; quem protege alguém. Veja o que te...