Capítulo 5 - Longa Noite

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-Se você me disser que dorme aqui, eu serei obrigado a denunciar alguém.-Digo.

Primeiro, hesito bastante na porta do celeiro. Eu nunca me imaginei entrando em um lugar desses, e como se não bastasse a caminhada, que consequentemente acabou sendo mais longa do que eu imaginei, eu já era capaz de sentir o cheiro de cocô de cavalo há uma certa distância. Acho que vou ficar bem parado na porta. Não consigo nem imaginar o que aconteceria se um desses bichos saísse do controle por aqui. Porém, por sorte, só temos um aqui. Acredito que felizmente os outros estejam no estábulo.

-Não senhor.-Responde lá do fundo, com o mesmo tom de voz de sempre. Quase não ouço. Tento ver melhor. Ele levou o animal até lá. Não sinto que deveria explicar como é um celeiro por dentro, qualquer pessoa minimamente instruída deve saber. Mas é dividido em algumas partes, e tem muitas daquelas coisas que parecem palhas amarelas que acho que se chamam feno no chão, e uma decoração bem característica nas paredes compostas por ferraduras.

-Bom, agora eu já sei o caminho do celeiro. Acho que é o suficiente.-Comento, dando passos curtos pra trás.

De repente, começa a vim de lá dos fundos, puxando o animal pela rédea. Se ele estiver achando que eu vou...

-Você nunca montou, né?-Questiona, conferindo se a sela está segura.

Dou de ombros, como se fosse óbvio. Porque é.

-Em um cavalo, não.

-Vou te ajudar a subir.-Diz, seguindo para fora com o animal. Eu meio que pulo fora do seu caminho porque aparentemente ia me atropelar.

-Não, obrigado. Eu tô bem.-Cruzo os braços, a dois metros de distância de ambos.

Me encara por um instante como se eu tivesse dito um absurdo. Outra coisa que tenho notado é que ele raramente faz contato visual.

-Esse aqui é o mais tranquilo que a gente tem. Não precisa ter medo.

Ele não está errado, por incrível que pareça. Talvez eu esteja com um pouco de medo sim, afinal, nunca cheguei tão perto de um cavalo, nem nas vezes em que visitei o rancho quando era criança. Um outro ponto é que estamos no meio do nada e não tem nenhum cirurgião plástico por perto caso eu caia de cara no chão e quebre o meu nariz. Por outro lado, eu meio que não tô preparado pra lidar com a ira do meu avô tão cedo. Ele não vai ficar uma fera se souber que eu me recusei a montar em um cavalo, mas vai procurar um jeito de fazer com que eu me arrependa amargamente. E se tem uma coisa que eu acabei me dando conta ultimamente é que não posso de jeito nenhum subestimar aquele velhinho.
Pode ser que tenha uma guerra fria rolando aqui, pelo meu direito de voltar pra civilização, mas eu não tô em posição de atacar ainda.

Decido montar no maldito cavalo.

-Eu odeio esse lugar.-Digo, me aproximando enquanto guardo o meu vape no bolso. Coloco um pé no estribo e faço menção de subir, totalmente sem jeito.

De repente, sinto as mãos de Colt na minha cintura para me ajudar a subir. Tenho um segundo de tesão, porque o medo fala mais alto, devo estar até tremendo.
Me ergue e só solta quando se certifica de que estou seguro. Porém, eu sinto que vou cair a qualquer momento, eu sinceramente não sei como as pessoas podem gostar disso.

Seguro a rédea com toda a força do mundo. Tô tão tenso que mal consigo pensar.

-Você não vai cair.-Diz ele, provavelmente percebendo. Continua por perto.

-Eu espero que não!-Respondo. De repente, o animal começa a caminhar devagar. É aí que eu fico mais tenso ainda. Sinto um frio na barriga enquanto permaneço rígido.-O que você está esperando?! faz ele parar!

Indomável (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora