Corrida para um coração

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10 de Fevereiro de 2018.

Lucca estava em uma corrida junto com Alonso, os dois sempre se metendo em encrenca e arriscando seus pescoços na pista. Anneliese estava na arquibancada vendo os melhores amigos dando voltas no autódromo, sempre se perguntou o por quê de seu pai não colocar Alonso na equipe, por mais que a garota não simpatizasse com ele não significaria que ela não vê potencial no rapaz. Durante esses anos o sentimento de Anneliese por Alonso não havia mudado, ela odiava ele e ele a odiava. Ok, talvez ódio não seja a palavra certa, mas eles nutriam uma raiva um do outro desde que brigaram quando ela tinha seis anos.

E faltavam poucos meses para o aniversário de dezoito anos de Anne, que não estava nem um pouco animada em ter que receber várias pessoas que não conhecia e em fingir que estava realmente feliz. Ao longo desses anos a garota descobriu os motivos da mãe não ser tão presente como ela gostaria, automaticamente tendo nojo de seu pai por ter feito o que fez. A relação deles nunca foi das melhores, contando o fato de que Anneliese nunca foi verdadeiramente amada por ele, e sim usada como objeto de vingança para atingir sua mãe onde mais doía. Alessandro nunca deixou que faltasse nada para ela em questões financeiras.

Mas dinheiro definitivamente não compra o amor de pai que ela tanto queria.

A garota pega o celular nas mãos para checar que horas o relógio marcava para poder avisar os meninos de saírem da pista. Eram exatas 17:47, treze minutos para eles voltarem para casa e guardarem os carros de Lucca. Não se pode negar que o primogênito da família Lucchiari tinha pegado gosto pelo ramo do pai, já estava correndo nas equipes menores, só esperando para correr na liga principal ao lado de Charles Leclerc e Carlos Sainz. Ele corria em uma Ferrari Portofino, enquanto Alonso acelerava em uma Ferrari 488 GTB.

Anne se levantou do assento e começou a descer pela arquibancada em direção a pista. Quando chegou, se aproximou da grade que dividia os lados e levantou a bandeira vermelha que carregava consigo. Em alguns poucos segundos os meninos estavam dando a última volta e desacelerando os carros para pararem em frente a garota.

— Oi, maninha! - Lucca falou descendo do carro - Gostou da corrida de hoje?

— Claro que gostei, eu adoro te ver correr, mas pelo amor de Deus você quase me matou de susto quando acelerou e quase bateu em Alonso - a garota disse depositando um beijo na bochecha do irmão.

— Ele sempre faz isso, Anneliese. Achei que já tinha se acostumado - Alonso disse se recostando ao carro.

— Você sempre se intrometendo onde não é chamado, não é mesmo? - falou com deboche.

— Desculpa aí, princesinha. - disse abrindo um sorriso cínico.

Ele sempre a chama assim quando quer irritá-la.

— Já falei que odeio quando me chama assim!

— Chega! Vocês dois parecem duas crianças, desse jeito vou pensar que você quer comer a minha irmã - Lucca falou dando um tapa na cabeça de Alonso.

— Prefiro morrer a encostar nessa garota. Já viu como ela é insuportável?! - o mesmo disse, apontando para Anneliese com o polegar.

— Convivo com ela diariamente, e, cara... Ela consegue ser ainda pior em casa - o mais velho falou, se recostando na Ferrari junto a Alonso.

— Eu adoraria ficar ouvindo o quando vocês me acham chata, mas nós temos hora para voltar para casa, não é mesmo, senhor Lucca Marino Lucchiari?! -  Anneliese respondeu, dando ênfase no nome do irmão.

— Parece que alguém está encrencado - Alonso falou rindo.

— Por mais que eu ache engraçado quando me chama pelo meu nome completo - Lucca disse se desencostando do veículo vermelho e indo em direção a irmã - Você está certa, temos que ir antes que o nosso querido pai chegue.