Capítulo 10

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- Tomas, Tomas. Acorda, querido.
- Mãe? O que foi?
- Eu ouvi um barulho vindo da cozinha ontem, você está bem?
- Sim, mãe. Era a Mimi, ela tinha se assustado com uma barata.
- Isso explica o porquê da cozinha estar daquele jeito.
- Aham.
Ela olhou para a gata, que estava em meu colo, acariciou sua pelagem macia e disse:
- Tadinha da minha Mimi.
Silêncio.
- Mãe, posso ir no parque hoje? - perguntei.
- Não sei se é uma boa ideia.
- Mas, por quê?
- Vou ter que sair para trabalhar, você vai ficar sozinho.
- Eu posso cuidar de mim, mãe.
- Tem certeza?
- Sim. E, aliás, o parque é aqui do lado, vai ficar tudo bem.
- Acho que não tem problema, qualquer coisa me liga.
- Pode deixar.
Após minha mãe sair para trabalhar, peguei um blusão qualquer, um jeans escuro e uns tênis pretos.
Tive uma luta para colocar o blusão, o gesso do braço deixava tudo muito mais difícil. Ja o da perna, nem tanto.
Subi na cadeira de rodas, peguei a coleira da Mimi que estava em cima da mesa da cozinha, chamei-a e coloquei nela.
Assim que abri a porta, senti um frio de ranger os dentes. Deveria estar uns 9° aproximadamente.
Coloquei a Mimi no chão e fomos indo para o parque.
Tinha algo naquele parque que me fazia me sentir bem.
Vai ver eram as boas lembranças de quando eu e minha irmã brincávamos nos balanços, subíamos em cima das árvores e corríamos atrás dos pássaros.
É... bons tempos. Mas uma hora, tudo acaba, não tem como fugir disso.
Chegando lá, fui em direção a Betty, a maior árvore do parque. Eu e minha irmã demos esse nome a ela porque adorávamos aquela árvore, e queríamos que ela fosse diferente, que se destacasse das outras.
Coloquei a cadeira de rodas encostada em seu tronco e me sentei na grama recentemente aparada.
Deixei Mimi em meu colo, fiquei acariciando-a e pensando em todas aquelas lembranças.
Estava tudo tão quieto, tão tranquilo.
Minha irmã dizia que quando um lugar está tranquilo assim, deveríamos fechar nossos olhos e ficar imaginando coisas boas, porquê assim, sem barulho e sem distrações, seus pensamentos se tornam muito mais reais.
Então, fechei meus olhos.

A vida e morte de TomasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora