Sexo Predatório

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Cícero chegou ao prostíbulo no início da noite, horário de pouco movimento. Homem robusto e rude, logo chamou a atenção dos presentes: dois seguranças, cinco prostitutas e o barman. Ele não gostava de ser percebido nos lugares aonde ia. Preferia viver no anonimato, como uma sombra.

Algumas vezes, porém, seus instintos falavam mais alto e ele precisava sair para caçar. Esta noite pretendia achar seu objeto de prazer no local de quinta categoria no centro da capital da Guatemala, um buraco de rato com letreiro de neon. Sweet Little Sixteen era o nome. Escolheu uma mesa do canto, onde poderia se acomodar com as costas contra a parede, tendo uma visão completa do lugar.

O salão de quarenta metros quadrados, banhado de luz vermelha e música alta, agredia seus sentidos, mas ele não se importava. Pediu uma cerveja barata e analisou as fêmeas que por ali desfilavam. 

Uma garota de no máximo dezenove anos, com um vestido muito curto e apertado, veio conversar com ele. Ficou enjoado com o cheiro do perfume vagabundo e com seu hálito desagradável, um misto de cigarro, chiclete velho e fluidos masculinos. Dispensou-a rapidamente, dizendo não ser o seu tipo, magra demais para o seu gosto.

Mais um gole na cerveja, mais uma sequência de músicas ruins. Uma veterana veio tentar fisgá-lo, com seu top denunciando a presença de uma barriga protuberante e flácida, aliado a um short tão apertado que parecia prestes a explodir. Pernas repletas de varizes moviam-se em passos compassados, uma tentativa de sensualidade que somente conseguiu agredir mais ainda a visão de Cícero, expondo quilos a mais a escapar por entre roupas demasiadamente curtas para aquela forma física.

– E aí, grandão, vamo dá uma brincadinha hoje? – disse ela, puxando uma cadeira para perto do homem.

– Por enquanto eu tô só tomando uma cerveja – ele tentou não deixar transparecer o desgosto na sua voz.

– Ah, que é isso. Deixa eu te mostrar do que sou capaz – ela começou a alisar a coxa do cliente.

"Você é que não vai gostar de saber do que eu sou capaz", pensou ele, tentando afastar a perna. "Além disso, não vou de carne de segunda hoje". Ela agarrou repentinamente seu pênis por cima da calça jeans e Cícero pulou como um boneco de mola.

– Preciso mijar – foi apressado ao banheiro.

O cheiro era terrível. Tinha como opção um vaso sanitário imundo e entupido ou um mictório envolto por uma lagoa de urina com bitucas de cigarro boiando. Decidiu despejar a bexiga na pia mesmo, achando engraçada a cena no espelho trincado. Fechou a calça e ajustou o cinto. Tirou um dos sapatos e retirou um papelote de cocaína de dentro dele. Consumiu a droga meio sem jeito, com o pó na palma da mão, por não ter uma única superfície plana e seca disponível. Sentindo-se um pouco melhor, voltou para a mesa.

A velha meretriz que o atacou já lançava seus tentáculos hediondos sobre um moleque, integrante de um grupinho com outros três da mesma idade. Eles dançavam com as prostitutas do lugar em uma área com luzes piscantes próxima ao bar, que os donos tentaram conceber como uma pista de dança.

Cícero pensou consigo se aguentaria mais um pouco com a dose de "incentivo extra" consumida. Tinha esperança de ver outras funcionárias chegarem para o trabalho mais tarde. Precisava muito de uma fêmea grande e forte para com ela cometer algumas maldades. Depois disso, poderia seguir seu caminho.

Após duas cervejas, o grandalhão amaldiçoava sua falta de sorte. As mulheres eram horríveis, a bebida estava quente, novos clientes chegavam a todo o momento. Ambiente pouco propício para sua ação. Decidiu caçar em outro lugar, lamentando a má escolha do lugar.

Pagou a conta e saiu para a rua, sentindo o cheiro do gás expelido pelos escapamentos dos carros. A cacofonia de conversas, buzinas e motores o incomodava. Saiu da avenida e pegou uma ruela lateral, instintivamente buscando um lugar para achar a mulher que desejava.

Fúria Lupina - América CentralOnde as histórias ganham vida. Descobre agora