É por isso que decidiu suportar algumas coisas e adentrar aquele vestiário de um estádio que fora inteiramente decorado para a primeira entrevista do novo Capitão América para o mundo. Encontrou-o sentado em um dos bancos de madeira, pensativo com os cotovelos sobre os joelhos e a cabeça baixa.

— Muito nervoso? — Perguntou, anunciando a sua chegada.

O loiro sorriu assim que a viu.

— Quem? Eu? — Ela assentiu. — Nunca — disse com firmeza.

— Não mente 'pra mim — escorou-se em um dos armários, cruzando os braços.

— 'Tá bem — deu de ombros. — Um pouco — confessou num suspiro pesado. — Tem muita gente lá fora, e eu sei que o mundo inteiro estará me assistindo.

— É uma grande responsabilidade — enfatizou mordendo os lábios, pensativa.

— E eu sei que todo mundo que estiver me vendo vai esperar que eu seja... especial — deixou os ombros caírem, se permitindo mostrar a ela o seu lado mais frágil, o qual sempre esconde de todo mundo. Mas não havia razão para esconder ele mesmo de Daiana. — E eu não quero decepcionar ninguém — abaixou os olhos, visivelmente tenso e ansioso. — Não quero decepcionar você — completou mais baixo, como se a mera possibilidade o ferisse e aquilo agitou algo dentro de Daiana, que a fez se aproximar em passos lentos, até que estivesse em sua frente.

Abaixou-se na altura de seu rosto e o tomou com delicadeza entre as mãos, fazendo aquele par de olhos azuis preocupados encontrarem os seus.

— Você nunca me decepciona — tentou tranquilizá-lo. — Me deixa com raiva, furiosa, confusa, triste as vezes, ansiosa... — começou a citar num tom brincalhão para aliviar o clima pesado que se formou, e funcionou quando o viu rir balançando fracamente a cabeça para os lados. — Mas nunca me decepcionou — dessa vez disse séria, com sinceridade. — Nunca.

E John, com emoção, sentiu isso. Pôs a mão por cima da dela e lhe beijou a palma com os olhos fechados, demorando-se com um pouco com o gesto carinhoso.

— Eu não quero ser o Steve. Sabe disso, não sabe? — Precisava ouvir a sua confirmação, pois ela o ter acusado daquilo uma vez ainda martelava dolorosamente em sua cabeça.

— Eu sei agora — murmurou, tocando sua testa com a dela. — Você vai se sair bem. O Steve gostava de você.

O homem sorriu com aquela afirmação e ergueu o queixo para beijar-lhe a testa.

— Eu também sinto falta dele — confessou. — Era um bom parceiro para assistir aos jogos — eles riram. Então ele desmanchou o sorriso e afastou-se minimamente, o suficiente para que pudesse encarar aquela profundidade castanha dos olhos da amada. — Eu poderia suportar a rejeição do mundo inteiro, menos a sua — sussurrou de maneira tão sofrida, que Daiana sentiu uma pontada no peito, ressentida pela discussão que tivera naquela madrugada.

— Eu sei. Me perdoa — pediu em mesmo tom.

— Como eu não poderia? — O canto de seus lábios subiu um pouco num sorriso ladino.

Então, sem um aviso prévio, John aproximou o seu rosto do dela e selou seus lábios em um beijo lento em que apenas apreciavam o momento e transmitiam seus sentimentos um para o outro, ou deveria ter sido apenas isso antes de enterrar seus dedos nos cabelos soltos da esposa e puxá-la para mais perto, aprofundando o gesto. Sem se lembrarem de onde estavam, Daiana estava prestes e sentar-se no colo do marido e levar aquilo adiante se não fosse por um limpar de garganta bem atrás deles, que os fez sobressaltar com o susto e constrangimento, mas pouco se afastaram.

— Espero não estar interrompendo nada — sarcástico, Lemar subiu os olhos para o teto, admirando-o como se fosse a coisa mais fascinante do mundo.

O casal riu um pouco envergonhados por terem sido pegos em flagrante em um ambiente público em que qualquer pessoa poderia entrar, como acontecera, e assistir aquele show. Por sorte, era o velho amigo deles que chegara antes que qualquer coisa a mais tivesse acontecido.

𝐃𝐞𝐬𝐞𝐧𝐜𝐨𝐧𝐭𝐫𝐨𝐬 | 𝙱𝚞𝚌𝚔𝚢 𝙱𝚊𝚛𝚗𝚎𝚜Where stories live. Discover now