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O canto suave dos pássaros enquanto os primeiros raios de sol iluminam meu rosto, é uma das poucas harmonias que aprecio.
Mais que isso, sinto uma serenidade excepcional.
Na maioria das vezes tenho sensibilidade a sons que outras pessoas consideram um volume aceitável, porém para mim é como uma cacofonia dolorosa.
Uma sensibilidade extrema que torna a minha convivência com o mundo externo desafiadora.
Não os suporto.
Entretanto, congelado neste momento, eu encontro paz. Aprecio o canto dos pássaros ao fundo de um silêncio que trás calmaria.
O calor do sol da manhã e a brisa fresca combinando com o som da chuva que se transformava em orvalho e caía sobre as poças d'água me trazem conforto.
A terra, molhada, exala um aroma fresco e convidativo após a passagem da chuva.
Sento sobre uma pedra maior na extremidade da montanha, que alcancei após trinta minutos de caminhada - um ritual que realizo diariamente - minha vista repousa sobre um espetáculo que me transporta para além da realidade: o Filmmuseum, um refúgio da realidade sombria que rodeia essas terras.
Com uma arquitetura majestosa, adornada com estátuas imponentes de cavalheiros e seus fiéis corcéis, cumprimentam-me na entrada do museu.
O campo verdejante que o circunda, ornado por esculturas que me hipnotizam a cada olhar, me distrai por breves momentos.
Eu me acomodo nesta pedra familiar, religiosamente, permitindo-me absorver a luz solar e a vista do museu que se estende diante de mim. Um momento de tranquilidade que antecede as obrigações do colégio.
Levantar cedo para testemunhar esse cenário é demasiadamente fácil; é um compromisso com a minha própria paz, uma fuga da realidade implacável que reside.
"Comedores inúteis"— Tais palavras ecoam em minha mente, um eco das expressões cruéis que são tão presentes hoje.
Respiro profundamente o ar úmido de Potsdam, como numa tentativa de absorver cada partícula de tranquilidade antes de partir.
O relógio sinaliza que logo deverei me preparar para a escola, mas este breve instante meu, um oásis de serenidade que me fortalece para enfrentar o que está por vir.
Em passos ritmados, como de costume, alcanço a porta de casa e confiro o relógio: mais uma vez, chego no exato minuto que tenho conseguido atingir com consistência.
Satisfeito, cumprimentei minha mãe na cozinha e colocando o uniforme rapidamente, apareço de novo no cômodo.
—Quantas colheres? — Pergunto.
—Três colheres de chá, como sempre, Klaus. — A resposta materna ecoa de forma familiar.
Acomodo-me à mesa, examinando o café da manhã já meticulosamente arranjado.