O Despertar Do Ômega - JIKOOK [Reescrevendo]

- 1 - Depois do pesadelo

Mas naqueles últimos meses tudo parecia estar os levando para o fim do poço. A demissão de Taehyung veio em uma hora totalmente inapropriada e, mesmo saindo todos os dias para procurar trabalho, o ômega voltava sempre de mãos vazias. Era triste ver o tamanho preconceito que as pessoas tinham com seu amigo e aquilo deixava Jimin ainda mais chateado, mas o maior de todos o culpados era daquele alfa e o ômega não via a hora de um dia poder se vingar do que aquele homem havia feito na vida dos dois.

O ômega fechou as mãos em punhos amassando os boletos em suas mãos e despertando do seu transe ao perceber o que estava fazendo. Jimin foi até sua mochila e de lá tirou um envelope com o dinheiro destinado ao aluguel. Ele sentou na mesa fazendo as contas e percebeu que com aquele dinheiro ele conseguiria pagar a conta de luz e gás, mas ficaria sem para o aluguel e o mercado.

Jimin olhou para o envelope em suas mãos, sentindo o peso da responsabilidade pesar sobre seus ombros. Ele sabia que precisava fazer escolhas difíceis para garantir que Ji-Sung não sofresse com a falta de recursos. Olhando ao redor do pequeno apartamento, Jimin viu os sinais das dificuldades que estavam enfrentando. As contas se acumulavam sobre a mesa, os mantimentos estavam escassos e mesmo com uma carga grande de trabalho, ainda não conseguia manter a casa.

Ele suspirou, sentindo-se esgotado pela pressão da situação, mas ele precisava reagir. Terminou de arrumar o café e tirou seu velho avental. Calçou seus sapatos e andou até a porta ao fim do corredor. Ele sabia que ela estaria acordada naquele horário, mas ainda sim ele ouviria ela resmungar brava pela visita às seis da manhã.

Ele deu dois toques na porta e era como se ela já estivesse esperando, pois dois segundos depois ela estava resmungando dentro do apartamento, enquanto os passos arrastados denunciavam que a cada novo segundo ela chegava mais próximo.

Quando ela abriu a porta, Jimin engoliu em seco, detestando ter que fazer aquilo. A senhora Kim vestia uma camisola de algodão com desenhos de margaridas. Seus cabelos brancos estavam presos em um coque e ela calçava meias brancas e pantufas. O cheiro de colônia de alfazema estava forte, denunciando que ela tinha acabado de tomar banho. Seu olhar era frio e seu semblante era sério.

― O que quer de madrugada na minha porta, Park? ― a voz aveludada contrastava com a carranca que ela tinha no rosto. Jimin sorriu simpático, engolindo em seco e tomando coragem para falar com a senhora, dona do conjunto de apartamentos em que eles viviam.

― Senhora Kim, bom dia. ― Jimin se curvou respeitosamente e a mulher revirou os olhos entediada.

― Bom apenas para você, não é? Eu te fiz uma pergunta e quero que me responda o que quer e vá embora.

Jimin sorriu sem graça. A mulher lhe analisa meticulosamente como um scanner capaz de ver dentro de sua alma.

― Senhora Kim, eu tive um problema com o dinheiro do aluguel e...

― Você não tem para me pagar? ― ela perguntou raivosa, estreitando seus olhos e colocando as mãos na cintura. ― Eu te dou teto e a única coisa que você precisa fazer é pagar no fim do mês, Park. Qual o motivo dessa vez?

― Na verdade eu tenho o dinheiro, senhora Kim, mas aí ficarei sem gás e energia. ― Jimin disse vendo a postura de acusação da mulher se desfazer. ― Senhora, eu sei que você é muito boa e que me cobra bem menos do que o normal, mas acontece que o Tae perdeu o emprego e ...

― Diga para aquele moleque tomar jeito então... Você concorda que ele tenha o cabelo no tom azul gritante? Quem contrata alguém assim para trabalhar?

A mulher reclamou rabugenta, elevando sua voz mais do que deveria.

― Senhora Kim, você sabe que o mundo não é mais como em sua época e tudo está mudado agora. Estamos em 2055 e... ― a cada palavra dita por Jimin a mulher apertava mais seus olhos e franziu a testa, colocando a mão, novamente, na cintura e batucando seus pés de maneira nervosa. Percebendo a burrada em que se meteu ele se calou, sorrindo amarelo.