3º Capitulo

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Sebastian

— Bom trabalho Jodi, a garota deve aprovar. — Falo passando a mão sobre os brinquedos que se encontravam arrumados em uma prateleira.

— Só fiz o meu serviço, senhor. — Falou a governanta com brilhos nos olhos.

Depois de olhar todo trabalho de Jodi, me encaminhei para sala de estar, tinha que esperar pela chegada de minha pupila.

Logo sinto um temor paralisar-me, mas embora tivesse com os nervos aflorados, algo aquecia minha alma, era uma sensação estranha. Talvez tivesse a ver com responsabilidade, nunca tinha sentido antes. Meus fortes dedos me apertavam os lábios, imobilizando-os de gritar por clemências.

A luz do sol da tarde brincava com seu céu alaranjado, demonstrando que em breve de Aron chegaria com minha pupila. Mostrando meu aborrecimento bem às claras, começo andar de um lado para outro na grande sala, perguntando-me como seria a menina que nunca tinha visto.

Fiquei dando passos e mais passos. Entretanto, não consegui ficar só caminhando de um lado para o outro, logo abriria um buraco no solo de minha sala. Teria que servi-me de um copo de vinho para tentar acalmar os ânimos.

***

Um barulho me alertou, parando de imediato quando uma jovem menina, seguida de uma bela senhorita invadiram a minha sala. Logo faço uma careta de contrariedade ao ver as duas correrem assim, provocando uma bagunça, podendo se machucar. Quanta falta de educação!

Instantes depois, contive um sobressalto quando lembro que só podia ser minha pupila que vinha acompanhada de uma mulher muito bonita, por sinal. Ainda correndo, aquela bela acidentalmente choca-se contra mim, embora eu não tivesse sentido qualquer incômodo físico, tinha dúvida se ela não havia se machucado ao bater seu frágil corpo contra o meu. Foi preciso segurá-la pelos braços para que não fosse de encontro ao chão e neste momento uma sensação estranha e física me acomete, não sei precisar exatamente o que é. Subo meu olhar para lhe aplicar uma boa advertência, mas sou perturbado com sua aparência. Ela tinha a pele mais pálida que já tinha visto. Usava seu cabelo negro penteado com um coque no alto da cabeça, alguns fios enrolados caíam na altura do ombro, moldando seu rosto perfeito, sorridente e arquejante da corrida, um rubor ressaltava suas maçãs do rosto deixando-as avermelhadas. Suas sobrancelhas retas cor ébano estavam levantadas, olhava-me espantada, franzindo seus olhos azuis.

***

Olívia

O movimento do coche tornou-se mais lento à medida que nos aproximávamos de uma grande mansão, mais parecida com um castelo foi aproximando-se. Imaginando que meu tutor seja um homem da alta sociedade, ajeito os cabelos, enrolando as mechas que estavam na altura dos meus ombros, arrumando o penteado. Também aliso o vestido com a intenção de desamassá-lo. Em seguida olho para Cecile, não sabendo se meu tutor aprovaria tamanha petulância. Começo ajeitar minha menina me preocupava com a aparência da garota na presença de um estranho. E estava certa! Cecile estava com vestido amassado, um botão aberto. Viro-me e a arrumo, melhorando a imagem e corrigindo a postura da garota de sete anos. Parando totalmente o movimento chacoalhante, saímos. Sem esperar, Cecile sai em disparada para dentro do imóvel... com os olhos arregalados, sigo minha pequena.

De repente bato contra algo bastante robusto, meu corpo imediatamente sofre o baque, escuto uma suave aspiração como resposta ao choque desastroso, quando viro para desculpar-me. Alguém muito alto, cabelos longos ondeados de cor escuros brilhantes, olhos de uma cor azul brilhante, barba contornando todo rosto e vestido com calças compridas brancas, camisa amarela e casaco azul. Seu visual era arrematado com um lenço em volta do pescoço. Quase vou ao chão, salvo pelo seu aperto em meus pulsos. Contato muito bem sentido pela minha pele.

— Olhe por onde corre senhorita! — Disse bravo. — Espero que esse não seja seu habitual comportamento. — Completou franzindo o rosto. Espero que não o tenha machucado. Olho alarmado para seu fino rosto, no intuito de desculpar-me. Abro a boca e expiro forte, não consigo achar as palavras. Foi só quando os lábios dele se curvaram em um sorriso, o sorriso chegava aos olhos o tornando mais azuis. No mesmo instante uma emoção diferente surgiu em meu sangue, que foi pulsando mais acelerado por todo meu corpo. Algo que nunca tinha sentido antes. Até hoje. Até agora. Meu coração começou há bater um pouco mais depressa.

— Acho que posso sobreviver ao seu pequeno ataque. — Pausou por um momento, examinando seu corpo com suas longas mãos. — Entretanto, vou marcar uma consulta com o médico da família, somente para evitar qualquer tipo de surpresas. — Falou sorrindo.

— Creio que um simples choque com um corpo menor ao seu não causará danos irreversíveis. Mesmo assim, peço desculpas por minha entrada nada formal em sua casa. — Digo com um misto de coragem e desaforo. Um comportamento que nada demonstrava minha educação nos longos anos de estudo. Enquanto tentava entender o mal que me acometeu por ser tão incauta nas palavras, os olhos deixaram meu rosto e se fixaram ainda sorridentes, em Cecile. A pequena o olhava com os olhos arregalados e boquiaberta.

— Olá. — Cumprimentou ele.

— Oi. — Murmurou Cecile.

— Olívia, eu estou nervoso com a situação. — Falou o elegante o homem, abaixando-se na altura da menina — mas já tenho o testamento e o acordo judiciário que comprovam minha posição legal como seu tutor. — Falou olhando para pequena que só piscava. Eu não disse nada, continuando com a mesma expressão de espanto.

O silêncio prevaleceu por alguns segundos, mas logo Cecile tirou os olhos do homem para me encarar.

— Não sou eu. — Falou ela e apontou o dedo indicador em minha direção. — Ela é Olívia Sallie.

Os olhos chocados acompanharam o gesto, eles encontraram os meus, observo que estavam arregalados. Estavam tão abertos que saltariam para fora a qualquer momento, mas mesmo assim continuavam atraentes. O homem quase deu um salto ao levanta-se e ficar ereto.

— Você é Olívia Sallie? — Ele estava evidentemente enternecido.

Procuro minha identificação na bolsa de mão.

— Sim. — Disse, entregando-lhe meu registro. Não entendia como essa confusão formou-se.

— Filha de Liam Sallie?

— Como o senhor pode constatar no registro que lhe entreguei. — Digo espantada. Pela primeira vez ele olha o papel e balança a cabeça negando repetidas vezes.

Mais uma vez o silêncio.

— Eu sou sobrinho distante de seu pai, senhorita. Desculpe-me pelo ocorrido, aproveito para oferecer-lhe meus sentimentos pela a perda de seu pai. — Disse em tom comovido. Ninguém ainda tinha me consolado em relação à morte de meu pai. E apesar de continuar confusa, finalmente começava a compreender a situação. Talvez aquele homem fosse mesmo meu tutor. Acho que meu pai deve ter escolhido um parente distante para cuidar da filha caso algo lhe acontecesse. E agora estava aqui sendo recebida pelo Sr. Damman.

— Obrigada. — Agradeci sensibilizada.

A notícia da morte do meu pai tinha me abalado por um momento, afinal era sangue do meu sangue, mas como não o tinha visto durante os últimos quatros anos, e antes disso apenas algumas vezes, me recuperei depressa quando tomei conhecimento do fato dois meses atrás.

— Meu nome é Sebastian Damman, e em testamento seu pai me nomeou seu tutor. — Falou sério. Parecia estar em confusão com seus próprios sentimentos.

— Como assim? — Minha voz sai tremida.

Afinal não tinha entendimento das leis.    

O TUTOR - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora