01 ══ capítulo único

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Calorento. Era assim que Yuta se sentia.

Não queria que seu amor ficasse em segredo, então chorava às vezes, mas vale ressaltar: com seu corpo quente. Era como uma febre, que navegava entre parênteses do amor incompreendido.

Ali, deitado em sua cama em um dia quente de Sol, podia ver seus dedos dançando sob reflexo da parede, com a luz amarelada daquela tarde de quinta-feira. Pensou em tomar um banho para aquele calor em seu corpo se expirar, mas sabia que não adiantaria. A única coisa que poderia fazer aquele calor ser bom era seu amor em segredo.

Fechou os olhos, recebendo um flashback em sua mente, com cenas bem claras e visíveis, como se estivesse vivendo aquilo ao vivo e a cores.

"Minhas mãos estavam na cintura daquela pessoa, e eu pude me sentir no paraíso. As minhas costas já estavam extremamente arranhadas a aqueles pontos, meus fios da nuca uma completa bagunça e minha sanidade já estava perdida. Beijá-lo de todas as formas era inesquecível e eu poderia fazer aquilo milhares de vezes. Até porque, se dependesse de mim, nosso amor não seria segredo."

Não conseguiu se segurar: alcançou o celular e seus dedos viajaram para aquele temido contato. Tocou uma, duas, três vezes. Três toques de espera para seu coração que era fraco. Assim que ouviu a respiração do outro lado da linha, sentiu seu peito apertar e suas mãos tremerem. Como podia estar tão à mercê?

— Antes que você diga alguma coisa, preciso que me escute. Por favor! — Yuta suplicou timidamente. — Não mantenha meu amor em segredo. Você pode me jogar como um ioiô, mas eu prometo que não vou me soltar. Se você não confia em mim, diga-me agora! O que eu devo fazer para manter você por perto.

— Você chapou, não foi? — a pessoa disse com uma voz baixa, como se estivesse sussurrando para destruir todos os sentidos de Yuta.

— Não. Bom, talvez sim. Mas isso não importa agora. Eu sinto mais coragem quando não estou sóbrio, então só me escuta de novo.

— Tudo bem. Pode continuar, Naka.

— Não me chame de Naka com essa voz... — não, ele não podia fazer isso.

— Por que não? — havia ousadia em sua voz baixa, provocando o japonês de uma forma em que ele não estava em um estado tranquilo para receber aquele tipo de iniciativa, ainda mais por ligação.

— Porque eu não quero ser apenas um cara que você usa quando precisa, entende? Eu não quero te tocar, eu não quero... Argh! — Yuta estava se perdendo nas palavras. Sempre ficava nervoso ao falar com ele e sabia que estava sofrendo com aquilo de forma disfarçada. — Eu não quero apenas um outro amor antigo que você não quer ver. Eu não quero sentir sua falta como outras pessoas sentem. Eu não quero te machucar, só queria estar... Sei lá, sabe.

— Bebendo em uma praia com você em cima de mim. — Ah! Ele não tinha aquele direito de fazer aquelas atrocidades com o coração e os hormônios de Yuta. — Eu sei o que todos dizem, mas eu não estou tentando te enganar. Eu quero ser a sua primeira opção.

— Você já é minha primeira opção.

— E você é minha jogada fina, calorento.

— Como sabe que estou calorento? — perguntou Yuta.

— Você só se chapa quando está assim.

— Bom, quando se está chapado, seu corpo não sente muita coisa.

Conversar com ele era relaxante em momentos como aquele, mesmo que eles estivessem a um quarto de dormitório de distância há poucos minutos atrás. O que eles tinham era segredo para todo mundo, menos para eles dois.

Eles se conheceram ainda muito jovens e quando se juntaram completamente quando já estavam mais velhos, se apaixonaram. Nakamoto carregava alguns problemas e fardos em seus ombros, mas ele tinha aquela pessoa, que o fazia muito bem, inclusive em momentos calorentos como aquele.

— Que horas você chega? — Nakamoto perguntou, ansiando para que fosse o mais rápido possível.

— Abre a porta pra mim.

Yuta se sentiu um louco quando viu aquele corpo tão belo em sua frente, não se aguentando e puxando-o pela cintura, ganhando-o com um beijo cheio de mordidas e suspiros. Fechou a porta do seu quarto, trancando-a e jogando ele na parede.

— Seu quarto continua tão bagunçado, Naka...

— É porque ele te espera.

— O que isso quer dizer?

— Que você sempre me deixa bagunçado, e dizem que o quarto é a reflexão de todo ser humano. — puxou o lábio inferior com o dente.

O corpo dele já estava tão quente quanto o de Yuta, e então, ele empurrou o japonês com o dedo indicador, afastando-se.

— Você passou seu calor para mim, e agora? — sussurrou com aquele tom de voz de sempre. Yuta não sabia o que fazia assim que aquela voz entrava em seus ouvidos e viajava.

Nakamoto era um idiota por ele. Um completo idiota. Mas sabia que era muito difícil ficar longe dele. E naquele quarto bagunçado, onde a luz do Sol refletia em um canto do quarto próximo a cama, existiam somente dois corpos quentes. Somente Nakamoto e Suh — e o calor de trinta e dois graus.


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fic por: yutacomuna
capa por: RM00N___
betagem por: ZelosNation_

Calorento ══ johnyuTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon