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A minha cabeça descaiu ligeiramente da cama fazendo-me acordar abruptamente.

Sentia-me como se fosse um pedaço de gelatina, completamente sem forças e ao mesmo tempo completamente energética. Conseguia sentir um pedaço de baba seca cristalizada no cimo da minha boca. Classe, sempre cheia de classe, Violet.

Levantei-me, estalando cada osso do meu corpo, o barulho criado tornando-se quase prazeroso, melodioso aos meus ouvidos. Depois de um curto duche, vesti umas jeans e t-shirt pretas, cobertas por um casaco demasiado grande para mim cinzento escuro. Combinava muito bem com a porcaria do céu de hoje. Nem um pequeno raio de sol conseguia ultrapassar a espessa barreira de nuvens e nevoeiro formados no ar.

Antes de sair de casa, peguei na minha mochila, atirando para a mesma alguns livros, e calcei rapidamente as minhas botas pretas, as únicas que tinha.

Dirigi-me a um parque infantil que ficava a uns cem metros de minha casa. Salpicado das mais variadas e intensas cores, era um sítio para onde ia frequentemente.

Não sou muito de crianças pequenas, porém. Não sei como agir com elas, são-me estranhas e, mesmo assim, têm uma aura, uma energia muito melhor que a de qualquer adulto.

Mas eu só ficava a vê-las de longe, sentando-me sempre encostada a uma das árvores que existiam nessa gota de verde, no meio do alcatrão e cimento de Chicago.

Abri o livro que estava a ler de momento. Era ligeiramente irónico, pois era baseado numa história de fantasia e aventura. Mas a minha vida era tudo menos uma história. Para quem tinha potencial para tantas coisas, eu fazia um fantástico papel de desconhecida, permanecendo no anonimato de um desastre, de alguém normal.

Encolhi-me. Normal. O eco na minha cabeça enojava-me. Já planeei muitos destinos, caminhos secundários, estradas, ruas, viagens até ao que iria ser no futuro. O tempo em que isso era algo longínquo e mutável passou há anos atrás. Mas não quero ser normal. Invisível. Eu não quero ser um ninguém.

O livro rapidamente passou a aborrecer-me, as minhas costas já me doiam de estarem encostadas ao tronco irregular da árvore majestosa e então cruzei as pernas, pegando no meu caderno de manifestações e no meu livro de magia. Folheei o caderno, passando por todas as páginas preenchidas de tinta preta intensa que continham diferentes feitiços ou manifestações, de forma calma, tentando escolher um deles para fazer.

A levitação sempre foi o meu forte mais notável. Algo em que era realmente boa.

Respirei fundo, os meus olhos a procurar incessantemente por um pequeno objeto que não levantasse grandes suspeitas se começasse a flutuar do nada. Pedras. Madeira. Crianças. Folhas.

Folhas! Estavam todas à minha volta, pintadas de tons avermelhados ou acastanhados a acompanhar a estação do ano em que nos encontrávamos e caiam das árvores aos montes, oferecendo-me o mais perfeito álibi.

Limpa a mente. Foca-te na folha, uma única folha.

Um movimento de mão certo e fluído, assim como me tinha sido ensinado. Emoções de lado. Distrações esquecidas. E lá estava a folha, lentamente a elevar-se com o vento leve. Pousei-a de novo com a maior calma que consegui.

Dei uma estrela dourada a mim mesma por esta manifestação sem nenhum percalço, embora fosse patético que eu ainda tivesse dificuldades em fazer as mais básicas magias.

Aconcheguei-me mais para dentro do algodão do meu casaco. Sentia a brisa na minha cara, alguns fios de cabelo a perturbar-me a visão, parte por causa do vento, parte por causa da energia estática com que o meu cabelo fica depois de fazer levitações ou outras manifestações que envolvam a energia cinético-potencial dos objetos envolvidos. De seguida, fiz uma pedra pequena flutuar calmamente, com confiança.

Mas depois vieram umas fortes dores de cabeça, que me obrigaram a atirar a pedra para um sítio qualquer e agarrar o meu cabelo com força tentando fazê-las parar. Pareciam espasmos no meu cérebro, obrigando-me a fazer força com o meu maxilar para tentar negligenciar as dores.

"Pára." Supliquei-lhe.

Demorou uns segundos até a dor cessar. Neste momento, o Zayn já estava ao meu lado. Rindo. Ele era bonito. O seu riso era doce e sarcástico. Eu adorava isso. E, mesmo assim, não conseguia importar-me com nada disso, por baixo de todo o ódio e repulsa que sentia por ele neste momento.

Se o olhar queimasse, o Zayn já estava em chamas, a sofrer como ele merecia. Insultei-o tantas vezes nas minha cabeça e estava tão perdida nesses meus pensamentos que nem dei conta de me ter levantado até já estar na cara dele a forçar a minha mão contra o seu peito.

"Mas tu estás parvo?" Ele tropeçou para trás, um nojento sorriso rasgado no seu rosto.

"Tem calma, Swan."

"Eu estou bastante calma." Constatei, apesar dos meus músculos tensos me contrariarem.

"Vê-se." Com um pequeno movimento de cabeça, ele apontou para a minha mão.

Eu bufei em direção à chama vibrante e crepitante que se tinha formado na palma da minha mão, acendendo uma folha que caía nesse instante, numa luz escarlate instantânea. Como se estivesse regada por um tipo qualquer de catalisador metafórico, a folha que antes tivera vida, desapareceu num abrir e piscar de olhos, pulverizada em cinzas escuras que navegaram o ar antes de cair no chão.

"Como eu disse, estou calma... Malik." O seu apelido escorregou da minha boca em completo asco.

"Deixa de ficar tão amuada, por amor de Deus, não fiz nada de extraordinário." Ele revirou os seus olhos escuros.

"Bom eu não estou aqui para ouvir os teus disparates, adeus." Eu despedi-me, em completo aborrecimento.

Para quem envergava o título do primeiro dotado da luz, aliás dotado de qualquer coisa, que eu conhecia, este gajo realmente não estava a tentar fazer uma grande primeira impressão.

Levantei a minha mochila, guardando o que dela tinha tirado. Tentei desviar-me do Zayn, mas a sua mão agarrou o meu pulso. "Não acabei." Ele proferiu. E de novo o choque, o fervilhar da minha pele, o  sentimento de culpa e formigueiro inquietante em todo o meu corpo. Tudo devido àquele toque.

Foi muito rápido o que se passou a seguir, o punho do Louis acertou exatamente no espaço entre o maxilar do Zayn e a sua maçã do rosto. Ele curvou-se para o lado, soltando um gemido de dor.

"Eu acho que acabaste, meu. Aliás eu acho que vais dar meia volta e desaparecer daqui assim como o teu querido Sol fez." Agarrei-me ao Louis. Eu estava com medo, não vou mentir.

"Podes voltar para a tua vida de narcisista que tanto veneras, claro." O meu melhor amigo continuou. O corpo de Zayn mexeu desconfortavelmente, enquanto ele cuspia sangue.

Um riso ligeiramente aterrorizante saiu do fundo da sua garganta. Viramo-nos para ir embora, mas o meu pulso foi puxado por ele outra vez, com uma quantidade muito maior de força do que da última vez. Pensei que ele me fosse partir o braço, ali mesmo.

Entre os meus gemidos de dor e súplicas, só consegui ouvir palavras amassadas e baixas, antes de ele se ir embora como se nada tivesse acontecido.

"Vais desejar que este tivesse sido o fim, pequena Swan."

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TANANANAAAAAAAA

eu nem tenho desculpa por não ter updatado ultimamente a não ser a escola e estar em writers block para dizer a verdade

desculpem meus amores, eu JURO que agora nas férias vou updatar (?) com mais frequência

aHHHHHHHH O MEU PRIMEIRO CAPITULO DE RUFAR DE TAMBORES! YEY

adoro que estejam a gostar, a sério, ly

bye,
mythologicx

swan || z.m.Onde histórias criam vida. Descubra agora