Capítulo 20 - Você decide, senhor Wikessen

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CAPÍTULO XX

VOCÊ DECIDE, SENHOR WIKESSEN

Era início da tarde de segunda-feira, quando Brian foi chamado à sala de reuniões da emissora. Lá, já sentados à mesa, estavam o chefe de produção Josué Manath – que assumiu a responsabilidade pelo caso, – um dos advogados da "Paradyse", o advogado do ator, Luiz e Luanda, a "vítima" que se controlava ao máximo para segurar as lágrimas.

Luanda aparentava ser uma moça humilde. Vestia um vestidinho azul claro bem simples de mangas curtas e usava um casaco marrom.

— Boa tarde, senhor Wikessen! Queira sentar-se, por favor. – pediu Vinícius Horta, seu advogado.

— Boa tarde senhores... – Brian os cumprimentou e direcionou seu olhar para Luanda. — E senhorita.

Ela estava tão sem graça que nem retribuiu o olhar.

— Hoje saiu o resultado do exame de corpo de delito e resolvi fazer essa pequena reunião somente entre nós, pois já chega de estardalhaços. – explicou Josué.

Brian não demonstrava nem um pingo de tensão e estava com a consciência tranquila.

— E então? – perguntou o ator. — Com certeza ficou comprovada minha inocência no caso.

— Essa senhorita... – o chefe de produção apontou para ela, tentando manter a calma. — Caiu da escada. Não sofreu nenhum tipo de agressão física.

Luanda tomou a palavra, chorando descontroladamente.

— Por favor, me perdoem, eu...

— Calada! – ordenou Luiz num tom brusco, batendo com força na mesa. — Você não tem direito nem de abrir a boca.

Brian a olhou desacreditado. Queria entender, ou pelo menos tentar descobrir o que a levou a fazer tal coisa.

— Aqui foi cometido um crime de calúnia, ou seja, essa senhorita deu falso testemunho contra o senhor. – esclareceu o advogado da emissora, prosseguindo com a explicação. — Segundo o artigo 138 do código penal brasileiro, a pena para esse crime é de seis meses á dois anos de detenção e multa.

Luanda intensificou o choro e pediu desesperada:

— Por favor, Brian, me perdoa. Eu não queria te prejudicar.

— Ah não? – Brian franziu a testa, tentando conter a raiva. — O que pretendia então? Acabar com a minha carreira?

— Eu... Eu sou impulsiva, fiz as coisas sem pensar...

— Poupe suas desculpas medíocres e suas lágrimas, senhorita! – Josué ordenou. — Você terá muito o que chorar atrás das grades.

— Então você é impulsiva? – ironizou o rapaz arfando e tentando compreender sua desculpa.

— Brian, não dê ouvidos para essa louca. – pediu o senhor Manath. — Ela terá o que merece. – disse, sem conseguir esconder a ira que estava sentindo.

— Para que a justiça seja feita, só depende de você, senhor Wikessen. – o advogado do ator se pronunciou.

— O que devo fazer?

— O senhor foi a vítima disso tudo, portanto somente o senhor poderá registrar queixa contra a caluniadora.

— Brian, por favor... – Luanda tentou falar novamente, choramingando entre soluços.

— Já mandei calar a boca! – Luiz perdeu a paciência, voltando seu olhar para o ator. — Brian, você sabe o que deve ser feito.

Realmente comovido pelo estado da moça que chorava sem parar e sentindo-se pressionado, Brian pediu:

— Podem me dar alguns minutos? Preciso pensar, prometo não demorar.

— Tudo bem. – concordou o chefe de produção com ar de preocupação.

No fundo, Josué sabia que Brian poderia ceder ao choro de Luanda e naquele momento tudo o que ele mais queria era que ela pagasse pelo dano que causou, não só ao artista, mas também à emissora.

Brian saiu da sala de reuniões e foi direto para o extenso jardim gramado. Precisava respirar e digerir tudo o que acabara de escutar há alguns minutos atrás.

Mia estava ali por perto o espreitando. Ela viu quando Brian saiu da sala e foi até ele, que caminhava com as mãos dentro do bolso da calça e olhava para o céu, como se pedisse uma luz divina para tomar a decisão correta.

— Brian! – Mia o chamou, aproximando-se.

— Mia, se não se importa, eu quero ficar sozinho.

— Quando o Jhonny me despachou, você esteve comigo me dando total apoio. – ela parou na frente dele. — Agora sinto que é a minha vez de estar ao seu lado. – disse, se fazendo de boazinha. — Me conte o que aconteceu.

O ator arfou e passou a mão pela cabeça como se pensasse: "Ela não vai ir embora mesmo e já que eu não tenho coragem de expulsá-la, talvez seja melhor desabafar".

— Saiu o laudo do exame de corpo de delito.

— E aí? – perguntou interessada no desfecho do caso que ela mesma armou.

— E aí que ficou comprovada a minha inocência. Sabe o que me deixa mais chateado? – Brian olhou para o chão entristecido.

— O quê?

— Toda exposição negativa que sofri. Quase todos por aqui me olharam como se eu fosse um criminoso. – desabafou magoado.

— Nunca duvidei da sua inocência.

Ele balançou a cabeça positivamente.

— Mas e a moça que te acusou? O que vai acontecer com ela? – Mia perguntou, controlando a preocupação.

Brian respirou fundo, pois tinha uma grande responsabilidade nas mãos.

— Tudo agora depende de mim. Posso registrar queixa contra ela, ou não.

— E o que você vai fazer?

— Ainda não sei, Mia. – respondeu indeciso. — Não posso deixar o momento de raiva me dominar, não sou um cara impulsivo. Mas também, sinto que não posso deixar isso impune. Quero agir o mais racional possível.

— Se você registrar queixa, esse caso irá rolar por aí por dias e dias, a imprensa virá atrás de você, você terá que ir depor... Isso só irá expor ainda mais sua imagem. Pense em si mesmo. Está em suas mãos acabar logo com isso.

— Se eu simplesmente ignorar os fatos, tudo sairá barato demais.

A loira continuou tentando encontrar pretextos para convencê-lo a esquecer essa história de uma vez por todas.

— Se ficar prolongando esse caso, será você quem ficará mal. Já viu como é a imprensa, né? Eles distorcem tudo e podem até dizer que foi uma jogada de marketing para te promover.

O rapaz riu do que ouviu.

— Me promover? Denegrindo minha imagem desse jeito?

— Eu mais do que você, sei como eles são. Podem dizer que foi um teatrinho armado. – ela segurou no rosto dele e olhando em seus olhos, o persuadiu: — Vai por mim, Brian. Só quero te ajudar. Acabe com isso e tente esquecer.

— Acho que você tem razão.

Brian voltou para a sala de reunião, e Mia respirou aliviada.

Se o ator colocasse Luanda na prisão, com certeza ela abriria o bico e a atriz não podia de forma alguma correr esse risco.


Vida de estrela 1 - Os Encantos da Estrela Esquecida - COMPLETOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora