𝖮𝗇𝖾-𝗌𝗁𝗈𝗍 | 𝗖𝗼𝗻𝗰𝗹𝘂𝗶́𝗱𝗮
O Efeito Estufa é o fenômeno natural responsável por manter a Terra em uma temperatura adequada, garantindo o calor necessário.
E Jang Yeeun sentia sua alma esfriar aos poucos. Naquele estado totalmente congelad...
Os pensamentos de Jang Yeeun eram uma bagunça enquanto caminhava pelas ruas do bairro, agora iluminadas pela Lua, as estrelas e alguns vagalumes; claro, fora alguns postes defeituosos que lá se encontravam.
A menina se sentia inconsolável, pois ninguém parecia se importar com ela. Na faculdade, as pessoas a evitavam e inventavam motivos para não saírem ou conversarem com ela. E onde trabalhava, em uma editora de livros, a pequena Jang sofria pelo mesmo problema.
Ninguém nunca lhe pediu um conselho, então Yeeun se sentia inútil, o lado esquerdo de seu cérebro a fez pensar que nunca foi a razão do sorriso ou alívio de alguém…
Até que os vagalumes que a rodeavam foram para longe, para a direção de um garotinho de aparentemente quatorze anos, sentado em um balanço naquele parquinho. Seus olhos tristes e marejados e o seu respirar lento e profundo mostravam que ele também não estava em um bom dia.
Jang Yeeun, mesmo de longe, identificou-se extremamente. Portanto, já não queria fazer algo além de sentar-se no balanço ao lado do dele e começar conversar com o menino. Afinal: duas almas se sentindo do mesmo jeito se entendem.
─ Você está bem…? ─ ela indagou, observando o rosto triste do garoto, iluminado pelos vagalumes.
Ele balançou a cabeça negativamente.
─ Hum… eu também não estou ─ confessou e trocou seu olhar do garoto para o céu. ─ Quando ficamos tristes, o dia sempre parece chuvoso e escuro, não é mesmo?
Do contrário de antes, agora o menino fazia sim com a cabeça.
─ Quer me dizer o que houve? ─ ela perguntou.
─ Não vou confiar em você de repente… ─ ele disse e surpreendeu Yeeun, então ele sabia falar, e falava muito bem. Mas sua voz era angustiada.
─ Contarei eu primeiro, então: ninguém ao meu redor confia em mim para ter-me como amiga, sabe? E eu… Eu não fico bem com isso. As pessoas me vêem como apenas uma colega ou até menos, por mais que eu demonstre gentileza e afeto, e isso me chateia… ─ desabafou, segurando suas lágrimas ao lembrar-se de vários momentos em que as pessoas paravam de falar quando ela chegava e outras ocasiões do tipo.
Um silêncio dominou-os após o que a jovem disse. Agora o mais novo estava com pena dela, pois sofria por quase a mesma coisa. Pensou um pouco e tomou sua decisão sobre contar ou não.
─ Eu… não me sinto acolhido também. E a escola têm me deixado cansado, enquanto na minha casa é igualzinho! Meus pais nunca me defendem em alguma situação, também não deixam eu os defender nas discussões deles… Parece que eu estou sempre sozinho.
─ Olha, estamos juntos agora, e nós nos entendemos um com o outro. Portanto, não estamos mais sozinhos ─ contou e mostrou um sorriso sutil.
O menino encarou Yeeun, pensando que queria ser como ela quando crescesse, ela parecia ser alguém tão preciosa e admirável.
─ Você gosta de vagalumes? ─ ele perguntou.
Dali, iniciou-se uma conversa verdadeira e profunda, sem falsidade alguma. O jovem garotinho já não tinha mais uma expressão desanimada no rosto, mas sim a expressão de alguém que estava tendo um dos melhores dias de sua vida: o dia em que ele finalmente conheceu alguém que o entendia totalmente, já que ela sentia o mesmo que ele.
Ambos sentiam sua alma esfriando e perdiam a vontade de viver a cada dia, então eles acharam a solução de seus problemas quando encontraram alguém igual a si mesmo, com quem pudesse desabafar sem ser criticado ou questionando.
Além do mais, ver o menino mais animado deixou o coração da Jang quentinho e vice-versa. Os dois obtiveram o efeito estufa para suas almas naquela noite, iluminada pela Lua, pelas estrelas e por lindos e mágicos vagalumes.