30.

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Chegamos na base de Minho e, para minha surpresa, estava bem movimentada. Era a segunda vez que me encontrava ali mas a primeira que eu conseguia ver algo.

Os longos corredores estavam sendo preenchidos com pessoas correndo de um lado para o outro. Uns segurando vários papéis, outros atarefados com telefonemas, outros transportando armas brancas...

Eu estava seguindo o Minho e uma pequena multidão formada por seis pessoas que se havia juntado a ele assim que chegamos no local.

— Não se preocupem com esse garoto, ele está do nosso lado — Essas foram as palavras do maior quando viu as caras desconfiadas dos seguranças na entrada.

Sim. Eu aceitei a proposta.

O que eu tenho a perder?

Também não tenho nada a ganhar. Ou talvez tenha. Mas eu sei lá. Meu pai nunca foi mais presente na minha vida do que ausente.

A curiosidade despertou em mim. Preciso de descobrir se o que o Lee me contou é verdade ou não passa de mais uma mentira contada por ele.

Se for verdade, nunca mais volto a olhar na cara do meu pai da mesma forma. Saber que ele faz aquelas coisas horríveis e depois volta pra casa com um sorriso no rosto como se nada fosse e faz o seu papel de pai perfeito, me dá vontade de vomitar.

Ele pode estar matando dezenas de pessoas com seus capangas e uma hora depois está abraçando minha mãe e falando que a ama.

Se for mentira. Bem, se for mentira eu me encontro completamente fudido.

Estou numa base cheia de criminosos com o maior e mais perigoso mafioso de toda a Coreia do Sul pois ou sou valente demais ou sou estúpido demais.

Uma mão rodeou meu pulso, me acordando dos meus pensamentos e, quando dei por mim, estava em um escritório com uma pequena secretária atabalhoada com papéis, várias plantas espalhadas, quadros com fotografias de diferentes gatos pendurados na parede e uma janela que deixava entrar claridade vinda da rua.

A porta foi trancada atrás de mim e vi o Lee se sentar na cadeira atrás da mesa coberta de folhas e fazendo um pequeno gesto com a mão sugerindo que eu também me sentasse, mas do outro lado.

— Eu podia muito bem não fazer isso. Eu não tenho motivos para te dar explicações. Nem devia me importar. Mas meu plano não funcionou bem como eu queria..

Ele esboçou um sorriso meio bagunçado. Procurou durantes alguns segundos alguma coisa no meio daquela confusão enquanto iniciava a sessão no computador que se encontrava do lado dele.

Já sentando, eu observava todos os movimentos da pessoa à minha frente.

— Achei — Ele puxou uns papeis juntos por um clip. Eram várias folhas com algumas fotos juntas — Seu pai é muito cuidadoso mas não confia nos seus homens. Ele prefere fazer grandes entregas sozinho do que ser alguém fazer isso por ele. Se levar alguém é só como proteção.

Ele atirou os ficheiros pra cima de mim e eu pude observar a primeira página com várias informações sobre diversos aspetos de meu pai. Desde seu nome completo ao trajeto que ele fazia do edifício do seu trabalho até casa.

Passei a página. Várias imagens dele segurando pacotes bem suspeitos e recebendo dinheiro de volta foram aparecendo e meu cérebro não conseguia processar.

— Anda aqui.

Desviei meus olhos dos papeis e fui até ao garoto de cabelos escuros. Me apoiei na mesa e olhei por cima do ombro dele para o computador. Ele carregou play no vídeo presente no ecrã e eu vi meu pai abrindo as portas traseiras de uma van branca. Haviam várias caixas de madeira empilhadas e o homem abriu uma delas.

— Não.. isso não é verdade. Como ele pôde fazer isso? Não é justo. Vou matar ele.

Dentro das caixas existiam alguns rins e fígados dentro de sacos e rodeados de gelo. O outro homem de casaco grosso se aproximou mais da van e esfregou as mãos enquanto um sorriso brotava em seus lábios. Senti minha cabeça ficar zonza pela atrocidade daqueles atos feitos por uma pessoa que me é próxima.

O vídeo parou e eu olhei para Minho.

— Porque você está fazendo isso?

— Como assim?

— Está me mostrando os ficheiros e vídeos. Imagina que eu trabalho junto com meu pai e me infiltrei pra sacar essas informações?

— Você não é assim.

— Como você sabe? Não me conhece.

— Não preciso de te conhecer. Eu tenho pessoas te seguindo pra todo o lado a toda a hora.

Minha cara ficou branca como cal. Não esperava aquela resposta. Como assim eu tenho sido observado e perseguido e nem dou conta? No final acabo sorrindo nervoso.

— Han, eu gosto de você. Gosto mesmo. Não é suposto eu me apegar a ninguém emocionalmente porque vou acabar me magoando mas com você é diferente.

Agradeço seriamente a já estar ficando tarde e a luz do sol que passava pelos vidros da janela ser a mínima para podermos enxergar pois aposto que eu estou ficando da cor de um tomate neste exato momento.

— Percebo que me odeie por te ter ocultado todas essas informações e não precisa de sentir o mesmo que eu. Só quero que fique aqui enquanto seu pai não é preso. Nós já armamos um plano e está decorrendo nesse preciso momento.

— Minha irmã e minha mãe? Elas estão sozinhas? E se alguém tenta fazer algo com elas?

— Não vai haver nada com elas. O Hyunjin falou com o Felix e ele foi buscar sua mãe no trabalho e deve estar com ela em casa agora. Sua casa está protegida. Sua irmã está a ser vigiada. Tenho tudo sobre controle.

Alguém bateu na porta e ela foi aberta depois da confirmação do maior.

Um homem de alta estatura e bem constituído logo apareceu espreitando para dentro da sala.

— Chefe, está tudo pronto. Podemos avançar para a última fase.

Minho assentiu, deu umas ordens que eu não entendi nada de nada e o homem saiu apressado.

O Lee se levantou, pegou no seu casaco negro e estava preste a sair do escritório quando eu o chamei.

— Minho — Ele me encarou — Volta vivo, por favor.

— Pode deixar — Disse com um sorriso nos lábios saindo da sala mal acabou a frase.

Possessive || MinsungWhere stories live. Discover now