22. É isso mesmo. Te chamei de "minha namorada"

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Por Jennie

– Que bicho te mordeu?

– Quê? Nada.

Ela estava estranha.

Tirei os ovos da geladeira e os coloquei sobre o balcão.

– A gente precisa ir ao supermercado comprar algumas coisas para hoje à noite. Já falei com o pessoal da vizinhança. E você precisa contar quantas pessoas do escritório vêm.

– Acho que umas quatro ou cinco. Fora a minha avó.

Eu nunca tinha imaginado como seria a sensação de uma estaca de madeira atravessando meu pescoço. Mas o que senti naquele momento deve ter sido muito próximo disso.

– Sua avó vem?

– Vem. E vai trazer alguém com ela. Pode somar mais duas pessoas. – Sua voz era fria e distante e eu me peguei repassando os acontecimentos da noite anterior. O que é que eu tinha feito para merecer essa mudança de comportamento?

– Achei que você não se dava bem com ela.

– Também não entendi. Mas ela apareceu no escritório ontem à tarde e eu acabei convidando-a sem querer.

– Se você não quer que ela venha, então desconvide.

– Só porque você não gosta de uma pessoa, não significa que pode desconvidá-la para uma festa na minha casa, Jennie.

– Não estou desconvidando ninguém, e sei muito bem que a casa é sua! Manobal, o que diabos você tem? E por que está dizendo que eu não gosto da sua avó?

– Você não ia me contar que ela esteve aqui ontem?

– Ia. Em algum momento. Mas se você já sabe, por que a charada?

– Talvez ela tenha te dito algumas verdades que você não tenha gostado de ouvir, e aí resolveu não me dizer que ela esteve aqui – chiou para si mesma e a minha visão ficou vermelha de raiva.

– É O QUÊ? – Levantei a faca para ela.

– Ei, ei! Calma!

– Calma é o caramba! A mulher veio até aqui e me acusou de me aproximar de você por dinheiro e você está dizendo que foram verdades? Quer dizer que você diz que não quer me machucar, que vai fazer amor comigo todos os dias e depois resolve que mudou de ideia e que pode me tratar como lixo?

– O que o cartão do médico estava fazendo em cima da mesa?

– Que cartão? Que médico?

– O Smith. Ou seja lá qual for o nome dele.

Puta que pariu. Esse drama todo era por isso?

– Eu estou com você, Manobal. – Baixei a faca e me surpreendi com o meu tom estava calmo. Mais que calmo… Estava sentido. – Eu disse que estava apaixonada por você e que queria ver onde isso ia dar. – Eu estava ressentida. – Aí você escuta umas três palavras azedas da sua avó, vê um cartão em cima da mesa e resolve que eu sou uma vadia que não merece consideração de novo. É isso?

– Eu sei que você ligou para ele ontem. Quando você disse para mim que estaria com a Rosé. Por que você não me explica, Jennie? – Ela parecia irritada. – Eu quero entender. – Ela não tinha o direito de ficar irritada.

– Você quer entender, sua imbecil? Pois então vem escutar de outra pessoa, já que a minha palavra não vale nada para você.

Puxei ela pelo pulso com violência e marchei através da sala e do jardim. Meti a mão na porta de Rosé como se o modesto pedaço de madeira fosse o responsável por todos os meus problemas.

4 Weeks of PleasureOnde histórias criam vida. Descubra agora