7. Remorso

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Por Jennie

Fiz a viagem de táxi para casa no piloto automático.

Casado...

Acho que dei uma gorjeta exagerada ao taxista.

Espero ter guardado todas as coisas frias na geladeira ou, no dia seguinte, metade das compras estaria estragada. O resto ficou no chão da cozinha nas sacolas.

Casado...

Abri a porta do quintal e joguei comida para o cachorro sem me incomodar com o medidor.

Devo ter esquecido de fechar a porta, porque ele me seguiu para dentro da sala.

O filho da puta é casado...

Respirei fundo.

Pensei em começar a guardar o resto das compras nos armários. Limpar mais alguma coisa antes de Manobal chegar.

Enfiei a mão em uma das sacolas e tirei o sutiã vagabundo de Roseanne. Manobal ia chegar tarde, ela tinha me avisado que tinha um encontro hoje.

Um encontro com uma mulher interessante. Uma que devia tratar as pessoas com educação e que não devia transar com homens casados.

Olhei para o sutiã de arco-íris e me senti incomodada.

Roseanne era uma garota boba e jovem que se preocupava com reciclagem e que estava atraída pelo vizinho.

Jisoo era uma jovem que tinha problemas de incontinência e tentava esconder isso. Ela tinha seus próprios problemas, mas ainda me defendeu quando Roseanne foi agressiva demais.

E Krystal... Krystal era um poço infinito de simpatia e altruísmo e eu tinha...

E eu...

Eu tinha...

Na minha memória, eu conseguia ouvir a voz grave e tranquila do meu pai. Fazendo o impossível para esconder a dor que sentia.

"Vamos ser só eu e você agora, Jennie."

Eu tinha virado a vagabunda da minha mãe.

A mulher que traía e destruía famílias. A mulher que não se importava com o compromisso de fidelidade firmado entre duas pessoas, e que se metia entre elas para sua própria conveniência.

Levou outro homem para a cama do meu pai.

Levou um homem casado para a cama do meu pai.

Seduziu. Conquistou. Destruiu. E depois juntou os cacos, pegou o que lhe agradava e jogou o resto fora. Fez o homem rico se divorciar da mulher e abandonar os filhos pequenos para se casar com ela. Deixou eu e meu pai para trás como se não fôssemos mais do que um incômodo constante em sua vida.

Larguei o sutiã no chão e subi para o banheiro. Comecei a tirar as roupas no meio do corredor e deixei tudo caído perto da cama antes de me jogar debaixo do chuveiro.

"Casamento são só umas palavras e umas alianças, Jennie", ela tinha torcido o nariz para mim. "Fiquei com um homem que eu quis quando não queria mais seu pai. Só isso."

Tive vontade de espancá-la. Cortar sua cabeça fora e assistir o sangue peçonhento escorrer de suas veias podres.

Ela era a pessoa mais horrível que eu já tive o desprazer de conhecer.

E eu tinha me transformado nela.

Exagerei no sabonete líquido e passei os próximos vinte minutos a esfregar metodicamente cada centímetro do meu corpo.

Lembrava dos meus seios espremidos contra o capô do carro. Eu tinha pensado em Lalisa e tinha adorado. Esfreguei a esponja contra os meus peitos com tanta força que doeu, mas eu não me incomodei. Continuei a exorcizar minha pele com tanto empenho que eu tive certeza de ter esfolado meu corpo pelo menos dois lugares.

4 Weeks of PleasureOnde histórias criam vida. Descubra agora