4. Você não recicla?

1.4K 145 33
                                    

"Você é como o ladrão que não sente nem um pouco mal por ter roubado, mas se sente horrivelmente mal por estar sendo preso."

Rhett - E o vento levou

Por Jennie

- Como foi o seu dia, querida?

Ela tinha um sorriso impossível, estampado do meio do rosto. Olhei para ela sem emoção, deixando claro que não tinha achado graça nenhuma da brincadeira estúpida.

- Qual o seu problema?

- Problema? Nenhum. Tenho um emprego maravilhoso, ganho muito bem, tenho bons amigos e uma secretária pessoal espetacular.

Ela se aproximou e me deu um beijo estalado na bochecha. Eu virei com a mão aberta para lhe dar um tapa com toda a minha força, mas ela já estava preparada para essa possibilidade e se afastou ainda mais rápido.

O hall estava sem caixas. As com rótulos compreensíveis já tinham sido desempacotadas e seus objetos tinham ido para seus devidos lugares. A sala de estar e de jantar ainda estavam abarrotadas.

- Sabe, Jennie - ela começou, jogando três pastas de processos no meu sofá. - Para quem disse que só precisava de uma semana para arrumar tudo, você parece bem atrasada.

- Tive que desinfetar e esterilizar o lugar onde eu vou dormir. Gastei a maior parte do tempo com isso, não que seja da sua conta.

- "Não que seja da minha conta?" - ela sentou no sofá e serviu de um pedaço de pizza que eu tinha pedido quando a fome maior que meu desejo de acabar tudo o mais rápido possível. - Pelo que eu me lembro dos termos do nosso acordo, tudo que você faz é da minha conta - ela riu, mordendo uma fatia fria.

- O acordo é: eu arrumo sua casa e você me deixa em paz - lembrei, tirando a fatia da boca dela. - E isso - disse apontando pra pizza - é meu. - joguei a fatia de volta na caixa.

- Ah... Vai ser assim, é? Então, já que a casa é minha, eu posso simplesmente entrar no banheiro quando você estiver tomando banho, não é? A porta é minha, quero dizer. Eu posso abri-la quando quiser.

- É esse o tipo de argumento que você usa no tribunal? É por isso que sua taxa de ganhos de causas é tão baixa.

- Minha porcentagem é 93%! - ela respondeu, rindo. Ok. Era uma porcentagem impressionante. A minha era um pouco melhor, obviamente. Mas muito pouco. - E eu não sei por que você se incomodaria - continuou, soltando o nó da calça de lado e pegando a fatia de volta. - Não é como se eu nunca a tivesse visto nua.

Sabe quando você está quase no seu limite? Sabe aquele momento em que seu copo está quase cheio e só uma gota pode destruir tudo? O momento em que você quase foi há várias caixas atrás. E, de repente, com aquelas poucas palavras, Lalisa Manobal fez meu copo d'água transbordar.

Fechei meus punhos e me joguei contra ela com força. Ela tinha um vídeo perigoso, poder sobre meu futuro e sobre minha reputação e uma taxa de sucesso invejável, mas, por Deus, ela não teria a minha pizza.

- Isso é meu!

Puxei Lalisa pela gola da blusa e ela me segurou pelo braço com a mão livre. Ela era claramente mais forte do que eu, e conseguiria me afastar com facilidade. Sem pensar, montei em cima dela, mantendo-a presa no sofá.

- Devolva minha pizza - ordenei.

- Você não vai mais comer isso. Deixa de ser egoísta.

Tentei alcançar a mão que mantinha a pizza longe de mim, mas ora ela segurava um de meus braços, ora o outro, e sempre conseguia me impedir de atingir meu objetivo. Eu queria esmurrá-la e mordê-la.

4 Weeks of PleasureOnde histórias criam vida. Descubra agora