3. Eu estou aqui e você vai ficar falando?

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Por Lalisa

Apertei um pouco o cinto da minha calça e encarei meu reflexo no espelho. Passei o spray fixador nos cabelos ajeitando em uma tentativa de manter o controle.

Segunda-feira.

Será que ela viria?

Era um pensamento delicado e arriscado. Eu estava brincando com fogo. Jennie era fogo do pior tipo.

A mulher merecia uma lição: isso era inquestionável. Ela era uma pessoa horrível na maior parte do tempo. E quando não era horrível, era...

Quase sorri sozinha. Se alguém tivesse tido a oportunidade de ver o lado gentil de Jennie era uma dúvida que eu sempre tive. Eu mesma, nunca a teria visto se não fosse por acidente. Ela parecia ser boa sem querer, e ruim de propósito. De qualquer maneira, boa ou ruim, ela era teimosa e inteligente, meu pequeno plano sem dúvida jogaria toda sua fúria na minha direção.

Mas eu precisava tentar.

- Se ela vier, vai fazer você se arrepender de sua brincadeirinha - avisei ao meu reflexo antes de enxugar as mãos e sair do banheiro.

Eu não podia pensar muito tempo naquele assunto. Só de lembrar da cena... Aquele corpo escultural, despido e contorcido, gemendo...

Ai, merda, eu tinha que ir trabalhar.

Ela tirou o robe na minha casa e se ofereceu. Esfreguei as mãos no rosto. Eu tive que me controlar para não puxá-la pela cintura e dizer "Sim, por favor".

Tive que me controlar durante muitos anos.

Sempre tive tesão por aquela maldita mulher. Isso era um fato.

E parte de mim achou que todas as nossas intermináveis discussões tinham um bocado de tensão sexual sufocada. Mas Jennie brigava e rosnava com qualquer um que se aproximasse e, ao perceber que seu estado constante de birra não era reservado exclusivamente a mim, deixei essa ideia de atração velada de lado. Era mais fácil só odiá-la, falar mal dela pelas costas e reprimir o pensamento de como ela ficava linda sempre que espremia os lábios quando estava me xingando de uma coisa ou outra.

Ela não vai vir.

Jennie me conhece... Ela sabe que eu não vou colocar o vídeo na internet. Merda... Eu não tive nem coragem de assistir àquela porcaria. Passei os dedos pelo meu celular, no bolso. O backup do vídeo estava em outra pasta. Uma que Jennie sequer imaginava existir. Podia sentar na minha sala de estar e assistir à mulher que mais me torturou na vida enfiando um vibrador no meio das pernas.

Senti meu sangue fluindo para o lugar errado e soltei o celular. Não era uma boa ideia pensar em Jennie se masturbando. Mas era impossível não pensar. Parte de mim queria muito que ela viesse. Queria conviver com ela e tentar descobrir por que escondia o seu lado gentil e só mostrava aquela casca, teimosa e revoltante. Talvez eu conseguisse fazê-la mudar. Faria dela minha pequena missão de redenção pelos meus erros do passado. Não importava quanta merda eu tivesse feito na vida, não é? Quero dizer... Se eu conseguisse fazer o demônio Jennie Kim ser uma pessoa melhor, meu karma teria que se equilibrar mais uma vez.

Tranquei a porta de casa e brinquei com a chave em meus dedos. Eu havia dito a Jennie que deixaria a chave embaixo do capacho.

Seria divertido se ela viesse.

Ela não vem, Lalisa. Você tem sorte dela não te processar.

Era ruim manter expectativas.

Jennie era passado. E, se algum dia eu tive a chance de me aproximar daquela mulher confusa e misteriosa... A chance estava perdida.

4 Weeks of PleasureOnde histórias criam vida. Descubra agora