2. Tudo estava no mais absoluto silêncio.

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"Talvez eu tenha uma fraqueza por causas realmente perdidas"
                       
                           Rhett – E o vento levou

Por Jennie

- Um dia vão te achar soterrada sob uma pilha de papéis, Jennie.

Levantei os olhos para a porta do meu escritório. Ao meu redor, a típica montanha de processos descansava: um eterno lembrete de que eu sempre tinha trabalho a fazer. Ela estava parada na porta, com alguma coisa escondida atrás do corpo. Seu vestido era bem cortado, delineando seu corpo cheio de curvas. Seus cabelos pretos eram médios e levemente ondulados nas pontas. Ela me encarou com seus olhos castanhos inquisitivos. Tinha ido até ali pra me provocar uma última vez. Isso era óbvio.

- Eu sempre mantenho meus prazos em dia, Lalisa. Não sou preguiçosa como você - disse sorrindo, e baixei os olhos de volta para meus documentos. - Os papéis nunca se acumulariam o suficiente para me soterrar.

Percebi que ela tinha dado alguns passos pra dentro do escritório e estava prestes a informá-la que eu, obviamente, estava ocupada demais para o que quer que fosse e a mandaria dar o fora.

- Ouvi que você não vai poder ir hoje à noite.

- Para onde? - Perguntei, sem levantar os olhos.

- Minha despedida. Hoje é meu último dia, lembra?

Eu lembrava.

- Aleluia! - murmurei sorrindo. - Não, não me lembrava, Lalisa. Sua agenda não é o tipo de coisa que ocupa espaço em minha memória.

- Por que não vem, Jennie? Não seria uma despedida apropriada sem você - ela respondeu. - Eu podia sentir seu sorriso e o seu sarcasmo. - Não acho que consigo ir embora sem ouvir seu último comentário azedo e invejoso sobre como eu não sou uma escolha adequada para meu novo emprego.

- Eles são uns idiotas sem colhões que fingem ter princípios para ganhar dinheiro - disse encarando-a. - Você vai se encaixar perfeitamente bem.

Ela riu alto, estourando uma garrafa de champanhe e servindo duas taças.

- O que está fazendo? - quis saber. - Você queria um último comentário azedo. Já teve. Sai.

- Se você não vem até mim hoje a noite, eu venho até você.

Irritante do jeito errado. Ela não ia perder a última oportunidade de regurgitar toda sua recém-encontrada alegria na minha cara antes de ir embora.

- Não vou hoje à noite porque tenho trabalho a fazer. A audiência do caso Monroe é amanhã.

- Amanhã? Achei que essa audiência só seria daqui a dois meses... Depois que você voltasse de férias.

Engoli a seco. A palavra férias me incomodava de um jeito estranho e inesperado.

- E desde quando você sabe o agendamento das audiências do meu cliente?

- Um caso de danos morais pela quebra de segredo de justiça é o tipo de coisa que não se esquece tão facilmente.

- É por isso que você perde tantas causas, Lalisa. É despreparada.

- Perco tantas causas? - Disse rindo. - E por que eu sou despreparada?

- Quebra de segredo de justiça é mais comum nessa cidade do que você imagina. - Torci o nariz para sua risada. - Saberia disso se dedicasse mais tempo aos próprios casos em vez de vigiar as colegas.

- O caso Monroe era meu caso. Antes de você roubá-lo, lembra?

- Somos uma equipe, Lili - Sorri. - Não há isso de meu cliente ou seu cliente.

4 Weeks of PleasureOnde histórias criam vida. Descubra agora