PROLOGUE PART ONE: what do you do when a chapter ends?

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𝔖𝔞𝔲𝔡𝔞𝔠̧𝔬̃𝔢𝔰, 𝔱𝔢𝔯𝔯𝔞́𝔮𝔲𝔢𝔬𝔰!

Boa leitura :)

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ℋ.𝒶.𝓇.𝓇.𝓎

𝓔u aprendi que nessa vida, nós temos apenas uma escolha. Viver ou apenas existir. E eu estava fadado a apenas existir.

Mas eu não quis isso. Eu escolhi ser livre.

Contudo, o sentimento que eu sentia era parecido com uma prisão. Era apenas metade de mim vivendo fora de um confinamento insócio, enquanto a segunda metade vivia acorrentada e presa num lugar escuro e sombrio dentro do meu ser. Sem a perspectiva de um futuro livre.

Mas eu tenho o direito de ser quem eu sou.

Quando eu era criança, eu fui ensinando - como 99% das outras crianças também foram - que nos contos de fadas a princesa e o príncipe se casavam. A princesa, uma bela moça, em sua maioria das vezes são salvas por um príncipe, que é um rapaz bonito e corajoso. Como uma criança ingênua, eu não tinha problemas com isso. Até fazia sentido, minha mãe uma princesa e meu padrasto um príncipe. Eles se casaram e viraram rei e rainha, então Gemma era a mais nova princesa e eu o mais novo príncipe, mesmo que eu gostasse de ser a princesa às vezes. Mas a adolescência chegou e tudo isso não fazia mais sentido.

É difícil você encontrar alguém que não tenha tido problemas na adolescência. Por mais que eles não sejam aqueles retratados nos besteiróis, eu acredito que ninguém tenha sido imune a isso. Gemma, por exemplo, tinha muitos hormônios. Isso fazia com que seus ciclos na menstruação fossem muito intensos, o que causava desconforto e constrangimento ao ir para a escola quando estava naqueles dias. Entretanto, os meus foram um pouco mais... Intensos e complexos.

Tudo começou oficialmente quando eu tinha treze anos. Eu costumo dizer oficialmente por que foi nessa idade que eu tinha mentalidade para pensar e raciocinar sobre o que eu sentia. Por algum motivo desconhecido por mim e por todos ao meu redor, às vezes as maquiagens, roupas, e tudo o que Gemma fazia era mais interessante do que estava destinado a mim. Todavia, depois de certo tempo, isso "passa" misteriosamente. Quero dizer, ainda me parecia legal, e isso era o mais confuso. Era um ciclo, uma mudança constante sobre quem eu queria parecer.

Os meses avançaram e eu percebi que, em alguns dias, eu me sentia diferente. Era algo dentro de mim, um sentimento instável, incompreendido por mim mesmo e por todos a quem eu pedia alguns conselhos. Era cruel como aquilo fazia eu me sentir. Errado, solto no quebra-cabeça. Eu me sentia estranho, porque ninguém consegue me entender. Que tipo de pessoa eu sou?

Lembro-me de odiar a chamada da escola, nesses dias em que eu me sentia diferente. Quando a professora dizia: Harry Edward Styles, eu queria me esconder. Eu não queria responder. Esse não era eu. Esse não podia ser meu nome. Eu não queria. Mas, relutantemente, quando eu escutava pela segunda vez meu nome sendo pronunciado por aquela voz, quando todos os olhares da sala estavam em mim, eu respondia "presente".

E aquilo me matava.

Tenho uma lembrança de pedir para Gemma me fazer uma maquiagem para eu ir a escola. Ela me fez um delineado verde bem sutil, e me passou um gloss. Eu me senti tão bonito, tão adorável, confiante... Era como se aquilo fosse um empurrão para a minha estima. Mas, estranhamente, eu não queria colocar o uniforme das meninas. Eu queria e usei o meu normalmente. A gravata em meu pescoço, paletó com o broche da escola, sapatos lustrosos e um sorriso confiante em meu rosto.

Mas a zeladora não me permitiu entrar na classe até que eu lavasse o rosto.

Eu fiquei arrasado. Lembro-me que chorei pela manhã inteira, e quando cheguei em casa, tive uma crise. Senti uma avalanche de sentimentos. Angústia, incerteza, medo, confusão, mas principalmente, tristeza. Eu queria saber o que fazer. Eu queria ser um garoto normal.

Flowing Through •l.s• / AUOnde histórias criam vida. Descubra agora